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Reencontro com a sua estrela

Reencontro com a sua estrela
- Ok, ok, não vale a pena contra argumentar…
Virou-lhe as costas, deixando-o concentrado na conversa animada que iniciara com alguém. Nem sequer sentiu curiosidade em saber quem poderia ser ou que assunto o animava tanto.
Na cozinha finalizou as tarefas que entretanto deixara, para que no dia seguinte o seu almoço fosse decente, em conformidade com as recomendações da sua médica.
Pensativa,dolorosamente pensativa, acusava uma insatisfação que a assustava.. Sempre fora uma pessoa bem disposta, provavelmente passiva em relação a atitudes que a desgostavam, mas relevava. Afinal a vida era tão curta! Que raio, também a sua!!! E daí o susto. Para que reflectia agora mais do que antes?
Como em breves flashes de máquina fotográfica que fixa um momento, um rosto, uma paisagem, assim os impulsos mentais chegavam tão nítidos! O álbum da sua vida abria-se e não conseguia desviar os olhos.
Não conseguia perceber bem o que a incomodava. Desejou ser cirurgiã para delimitar o local que queria intervencionar, limpando-se de incómodos que a tomavam revelando-se numa tristeza vaga.
Estava uma noite estrelada, apercebeu-se. O seu canapé de eleição, chamava-a. Desta vez, não seria para ler. Ele que não pensasse que iria partilhar com ele as palavras que lia em voz alta. Hoje seria uma leitura para dentro dela. Fechou os olhos. O luar deixava perceber uma mulher de traços finos, uma altivez que só olhos especiais perceberiam. Nunca os procurou…
O ar sarcástico do marido sempre a incomodara. Devolvia-lhe um ar brincalhão, brindava-o com um humor ao qual ele não resistia. E passava ao capítulo seguinte. Capitulava, sabia, mas sentia-se bem. Parecia sair vencedora destes conflitos de personalidades. Chegara a sorrir interiormente com estas vitórias! Ele acharia que teria ganho, pois o seu ar de menino ganhador era por demais evidente.
Seguia-se quase sempre um silêncio. Pesado, mas encoberto com os episódios das séries que seguia religiosamente.
Nesse dia, porém, o céu estrelado atraiu-a. Distraidamente fixou uma estrela.Reviu-se nela. Estrela de um palco que um dia fora o seu sonho. Maquinalmente levantou-se, vestiu o vestido que realçava o seu porte, retocou a leve maquilhagem e saiu.
A peça, onde lhe chegaram a augurar um futuro promissor, estava em reposição. Ia reencontrar-se com a sua estrela. Mesmo mortiça, hoje, no seu olhar, estava brilhante e ofuscava o luar…
Odete Ferreira - 10-07-2011

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domingo, julho 17, 2011 - 23:47

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