Rejeição

Quando me tocas, sinto-te completo na minha pele, olho-te directamente nos olhos e vejo restos de uma rejeição crua e nua que aos poucos tende em me afastar. Será possível esse teu olhar congelar um coração? Por momentos deixo de o sentir, sinto-o falhar com o medo crescente que teima em invadir a minha alma. Sinto fascínio por ti com pitadas de um quê, ainda desconhecido que cresce, e como cresce. Sim! Talvez sinto algo mais, embora eu não queira dizer um sim a esse sentimento, admiti-lo ao mundo porque me rejeitas mais e mais, a cada dia que passa.
Podes pensar que me enganas ao tentar humilhar-me desta forma desaforada e estúpida, o que consegues é marcar-me, fazer-me sangrar, abrir uma ferida que parece não querer sarar jamais.
A culpa deve ser minha, ou talvez não, desde o primeiro momento que te vi, estabeleci uma ponte invisível entre os nossos corpos, almas, pensando que quiçá, futuramente pudesses sentir o que, naquele instante senti por ti. O meu coração iniciou uma corrida louca e intemporal, que sei, hoje sim sei, não querer acabar. Quero poder escrever nas estrelas o quanto te amei e ainda amo. Não quero, não vou perder o amor-próprio por ti.
Por ti, por nós sofri, chorei, sorri, gargalhei, subi montanhas de prazer, e não é pecado querer repetir novamente esse êxtase. Anda… dá-me a tua mão, porque sabes o que quero agora, construir, no amanhã e no depois um diário de sentimentos partilhados.
Por vezes apetece-me desistir, só queria… Oh como queria que me deixasses uma recordação do nosso mundo! Não aquelas que visualizo cada vez que fecho os olhos, para mais uma vez sentir o abandono que me eleva aos poucos ao paraíso.
Sinto-me estúpida, uma viciada, totalmente dependente de um amor não correspondido, em tempos foi a minha razão de viver, a luz que iluminou o meu mundo, hoje, com extrema ironia admito que só por me conheceres tão bem, por dentro e por fora, é que te permiti por inúmeras vezes entrar na minha vida.
Calei-me, porque pensei, que o que queria agora, seria o que quereria, eventualmente no amanhã.
Desejo dizer um adeus definitivo, mas a porta com acesso ao teu coração, é tão pesada e dura…como uma pedra que sofreu com o peso alheio.
Não é fácil soltarmo-nos do abandono do amor não correspondido, mesmo que nos digam mais que uma vez que amam-nos com todo o seu ser.
És o único, que tem capacidade de me enlouquecer… Se as lágrimas que escorrem pelo meu corpo, gota a gota, contassem a história deste amor…estas teriam a cor do sangue…vermelhas, porque vêm do interior, do íntimo de mim, de um lugar que só a ti te permiti alcançar…
Mesmo que pudéssemos durar para sempre, hoje quem não te quer sou eu! Não posso querer quem não me quer, deseja e ama. Não te desejo mal, porque num tempo houve paz entre nós… até que a febre do inferno te inflamou o espírito. Só quero viver numa paz infinita, que por momentos será invadida por uma paixão entre um corpo…

JS.