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SERPENTES

As serpentes humanas são capazes de voar, além de naturalmente rastejar, para conseguir caçar o que pretendem; muitas serpentes humanas tentam voar bem alto, para observar o lugar que querem ocupar, ou a vítima que querem caçar ou atropelar. Para estes animais não há dificuldades ou obstáculos difíceis, pois os que são difíceis de ultrapassar, são pura e simplesmente eliminados, para terem o caminho livre e, à vontade, se instalarem confortavelmente no lugar imerecido, de consciência tranquila, como se tivessem alcançado, o trofeu da vida, por mérito próprio.

Unhas e dentes desgarrados em carne mole, fazem feridas que doem que saram na carne mas não saram na mente, permanecendo até para além da eternidade, porque estas unhas e dentes são longos e afiados que alcançam o tempo e vivem sempre em transacções vivas  de vidas humanas que passam sempre de geração em geração mas, a força do hábito das unhas e dos dentes malditos cravadas na carne mole, já não fazem sentir dor na carne mas, as suas almas, essas sim, embora conformadas, sentem a dor que ninguém vê mas, no entanto, doem mais do que as da carne e como são invisíveis, as unhas e os dentes assassinos, continuam impunes, a fazer sangrar os mais fracos não na carne mas nas suas almas até que a vida as apague.

Estas unhas e dentes sangrentos um dia também vão sofrer a impiedade dos mais fracos, quando a revolta das suas almas, se unirem à revolta dos relâmpagos que rasgam a noite em épocas de tempestade, mas não exercendo vingança, escrevendo com letras de fogo na mente das unhas e dentes malditos, para que vejam que os mais fracos, também são seres humanos que, têm direito à vida e à sua dignidade mas, não a qualquer vida mas,  a uma vida igual a tantas vidas, com os mesmos direitos e só nessa altura, a revolta dos mais fracos e dos relâmpagos das tempestades, apaziguarão as suas mentes, nunca esquecerão as feridas dos mais fortes e como não são vingativos, apenas irão transmitir e fazer sentir aos outros que virão para a vida, que lutem pelas suas vidas, para que tenham os mesmos direitos e que façam das unhas e dos dentes sangrentos, lindos cordeiros da cor da paz, para que, a sociedade seja mais igual e que os relâmpagos que rasgam a noite, nunca mais se revoltem e a voz dos mais fracos seja ouvida e deixem de ser fracas, não se distinguindo das dos mais fortes, fazendo - se a confusão das mesmas, dentro da mesma sociedade.

Eu sei que falo de utopias e que, estes meus desejos, nunca se concretizarão mas, ao menos posso sonhar, enquanto a vida me permitir, com um mundo melhor que, possivelmente já não será este mas, sim um mundo construído de raiz , porque este onde vivemos já não presta, está impregnado de ódio, de injustiças e de maldade que, não deixam ver as coisas boas que ele ainda tem mas, possivelmente este mundo novo, só acontecerá, quando os dinossauros regressarem outra vez e, se eu nesse tempo ainda tiver alma, pode ser que ainda me veja incarnado em qualquer outro animal mas, de preferência num dinossauro, porque sempre desejei um dia ser grande, não atemorizar os outros mas, para proteger os mais fracos.

A nossa Terra é tão bonita e quão bonita poderia ser a nossa vida, se não fossem as guerras, o poder e o dinheiro a conspurcá – la e matá – la lentamente, num suspiro também lento no tempo mas agonizante, como se fosse uma tortura permanente.

Homens, onde tendes a vossa inteligência? Não parais para pensar nas maldades que fazeis ao nosso querido Planeta? Se tendes inteligência voltai a trás e lutai por ela, com as armas da boa inteligência, dando sinal que ainda a possuis, fazendo a paz e fazer crescer as flores na Primavera para que não atinjamos precocemente o princípio do fim ou o fim do princípio.

Abri os olhos e olhai o nascer e o pôr do Sol que nunca nasce nem se põe, porque a Terra gira à sua volta e todos nós temos que girar com ela, para que o nascer e o pôr do Sol seja uma realidade contínua e que estas imagens entrem nas vossas mentes e recuperem o tempo perdido. Nunca é tarde para acordar, o que é preciso é acordar todos os dias, para ver o anoitecer e o amanhecer e crescer as flores na Primavera, para que os sorrisos voltem aos vossos rostos e a chama da alegria seja igual ao nascer do Sol, para acompanharmos sempre mais um novo dia.

Deixai –vos de guerras, do poder e do dinheiro, como armas para dominar os vossos semelhantes e contentai – vos, com aquilo que obtiverdes lutando honestamente, porque o querer demais também mata e corrompe as mentes.

Pelas atitudes nefastas dos homens que, colocam acima da sua dignidade, a obsessão pelo ódio e a vingança, para alcançarem o impossível, atropelando, se for preciso, até a própria mãe. Por isso, do céu caem lágrimas de tristeza para amolecer os corações dos homens mas, são impenetráveis até aos sinais do tempo que lhes aponta o repensar e dizer que a vida vale muito mais que as suas vontades e que sem ela o nada reinará eternamente mas, o homem não aprende ou não quer aprender que, sem vidas não há Primaveras, nem flores para sentir e cheirar, nem ver o nascer do Sol todas as manhãs.

Mesmo assim, os homens vão em frente com a sua ignorância, ambição desmedida, para continuar com as guerras, o poder e o dinheiro, com o objectivo de dominar o seu próprio mundo que há – de ser a sua sepultura.

Não estou a fazer um quadro negro do mundo humano, no entanto, pelo que vejo e sinto neste viver da vida, este quadro se vai formando mas, ainda há tempo de o transformar e pintá – lo com o nascer do Sol cheio de esperança se o homem quiser; este querer ainda não existe na maioria deles e, portanto, continuamos à espera que eles acordem e o que se passou não passe de sonho negro e perturbador e o mesmo acordar, seja para fazer do mundo um oásis sem miragens mas sim com uma paisagem real que seja a principal janela do mundo onde se veja todos os dias o Sol a nascer igualmente para todos.

Poderão chamar – me um poeta ou lunático por querer ver ainda o mundo de cores alegres, onde impere a cor da paz e da felicidade; até me podem chamar um sonhador que não me importo, só quero é sonhar  e ainda poder ver todas as crianças brincarem livremente no jardim da natureza sem receio dos seus semelhantes, sem se lembrarem de brincar às guerras, ao poder e ao dinheiro, esperando que nunca tenham motivos para imitar maus exemplos que prejudique o seu futuro risonho.

Um dia gostaria de pintar o mundo como ainda o vejo nos meus sonhos e se isto acontecesse, tenho a certeza que seria o quadro mais belo que ele poderia possuir mas, sei que nem todos gostariam de o ver; a minha consciência vai – me ditando o que penso do mundo e o que quereria que ele fosse. Como o pensar, ainda não nos podem negar, nem descobrir os pensamentos, só me resta mesmo pensar e julgar o mundo onde vivo mas, ao mesmo tempo, sinto – me inútil, por não poder fazer nada, a não ser pensar só para mim sobre o mundo onde pertenço.

Não posso, sozinho, pregar para o mundo o que penso, porque ninguém me iria ouvir; seria apenas uma voz a clamar no deserto, cheio de mentes duras e chamar – me – iam  louco e seria marginalizando como tal; todos os dedos me apontariam e diriam: ali vai o doidinho, coitado!

Por isso, apenas me limito a escrever e desabafar para o meu livro que, embora não me compreenda, limitando – se a ser um repositório dos meus pensamentos mas, também não me chama doido ou coitadinho, aceita, contudo, na maior passividade, todos os meus segredos que, não posso ter abertamente com todos os meus semelhantes, com medo que me chamem ou me julguem doido.

Mostrar medo da sociedade, parece – me uma atitude ainda pior, ou acto de cobardia; por analogia, os cães quando têm medo dos outros, metem o rabo entre as patas e fogem, ou então acabam por serem mordidos e escorraçados da matilha; eu não quero ser cobarde nem ser escorraçada desta enorme matilha humana e por isso, tenho de ser forte e determinado e não deixar que esta sociedade me intimide; tenho de a defrontar mesmo que as minhas ideias lhes sejam desfavoráveis e, por isso, não as posso esconder dentro de mim.

Sociedade humana aqui vou eu, ninguém me vai poder calar e podem chamar – me doido varrido, porque essas vozes, entram – me a cem à hora por um ouvido e saem a duzentos pelo outro; a minha consciência, ninguém a pode calar e ela vai entrar em acção e ter voz, mesmo que grite no deserto, nem que seja só para a bicharada ouvir e até pode acontecer que eles me entendam melhor.

Ficar calado é como deixar de lutar e assim, nada podemos ganhar, ao passo que, se lutarmos haverá sempre hipóteses de vencer; eu sei que muitas vezes se ganha mais ficando calado, porque escondemos sempre algum trunfo que os outros desconheçam e, portanto, aqui temos vantagem em relação ao nosso adversário; ao contrário, se falarmos muito, somos apelidados de fala – barato e além disso, damos a conhecer todos os nossos pontos fracos que, perante a nossa sociedade, todo o cuidado é pouco, isto é, temos de ficar sempre de pé atrás , porque não conhecemos as manhas do nosso semelhante, porque o ser humano está cheio de armadilhas para caçar os mais incautos, tal e qual os animais selvagens o fazem, portanto, as semelhanças neste aspecto não diferem muito, apesar de o primeiro usá - las para vingança ou subir às custas de outrem, ao passo que, os outros apenas as usam para sobreviver, o que demonstram serem muito mais honestos.

Às vezes, mesmo aqueles que nos são muito íntimos, guardam reacções dentro de si, muito bem escondidas que, nos podem surpreender  a todo o momento; se conseguíssemos espreitar o que vai na mente dos humanos, nalguns casos, podíamos ficar horrorizados ou perplexos mas, como não temos hipóteses de penetrar no pensamento, temos de nos precaver pelas reacções que conhecemos e aprender muito bem a conhecer os nossos semelhantes mas, podemos ficar descansados que isso nunca acontecerá.

Apesar de tudo, é sempre bom continuar a sonhar e para isto não há idades para acontecer, pois até no ventre da nossa mãe já o fazemos; para que o mundo humano faça do nosso Planeta um paraíso, todos têm de pôr cá fora o bem fazer que trazem dentro de si e eliminar por completo todo o mal que podemos fazer, porque é o melhor e além disso, fazer bem não dói nada, antes pelo contrário, faz bem ao nosso ego e ao ego dos outros.

Se quisermos, ainda podemos recuperar o tempo perdido, em lugar de ficarmos a viver, como se estivéssemos bem instalados numa sala de espera e deixar que tudo aconteça sem fazermos nada pela nossa sociedade que se degrada a passos largos, principalmente no pilar principal, a família.

Não sei se acredite na inteligência dos seres humanos, quando fazem tudo em função do seu egoísmo, sem olhar às consequências das suas atitudes nefastas, tal como fazer guerras, trair o próximo, encher - se de ódio e rancor, pensando que são eternos mas, não passam de uns eternos estúpidos.

A maior honestidade que podemos demonstrar é sermos honestos para connosco, parando para pensar e ver chegar durante muitos anos a Primavera florida e fazer com que ela esteja sempre viva; o homem pode acabar mas, as Primaveras continuarão mesmo que as flores não nasçam, por culpa dos homens, tendo sempre na sua mente, a meta para chegar ao dinheiro, custe o que custar; o homem tem o cérebro cheio de nuvens negras, ameaçando sempre tempestades, em lugar de escolher o céu azul com uma brisa fresca, para fazer balançar as árvores, caírem as folhas que já não prestam para que outras nasçam, bem verdes e viçosas, erguendo - se sempre para o alto e ir ao encontro do Sol e deixar que ele nasça, todas as manhãs acompanhado da esperança, em toda a Terra.

A vida podia ser uma festa constante no coração dos homens, todas as crianças podiam sorrir e brincar, o céu podia ser mais azul e as Primaveras muito mais floridas mas, ele não quer, prefere as guerras, o poder e o dinheiro.

Podem dizer que a minha mente está carregada de utopias e que não passo de um sonhador mas, como o sonho é que comanda a vida, não me importo de continuar a sonhar, com um mundo diferente, sem guerras, sem ódios, sem miséria e onde todos sejam diferentes mas iguais.

 

 

 

 

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quinta-feira, dezembro 11, 2014 - 11:45

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José Custódio Estêvão

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