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SOBREVIVENDO COM O CÂNCER - 1ª PARTE

Meu caro leitor (a)

Primeiramente quero agradecer a sua visita. É uma grande honra poder estabelecer um contato com pessoas como você. Há cinco anos enfrento o Câncer. É uma doença terrível e de difícil convivência, tanto para o paciente quanto para aqueles que convivem com o mesmo. Juntam-se angústias, dores, solidão e medo e a esse conjunto cruel acrescenta-se a desinformação.
É quase que inútil buscar informações com os médicos, pois na maioria dos casos, o próprio linguajar dos mesmos é incompreensível e sempre resta aos pacientes ou familiares a dúvida se o médico (a) não estaria escondendo nada. Também é difícil conversar com aqueles que não sofrem da doença, pois a mesma envolve tantos aspectos (alguns até positivos) que não se pode explicar (ou ser compreendido) com a facilidade desejada.
E foi assim, que decidi escrever a minha história de maneira bem realista, sem falsos pieguismos, mas dando ênfase na esperança (a ponte que nos liga ao futuro) para que todos possam nela comparar as suas dores e aflições e vislumbrarem que há luz no fim desse túnel. E para que aqueles que acompanham o paciente possam entender-lhe com mais compreensão.
Espero que a leitura dessa modesta obra possa ser útil a todos e autorizo a sua reprodução sem qualquer custo. Peço apenas que aqueles que puderem que contribuam com alguma Instituição de combate ao câncer que lhes parecer confiável. Para aqueles que desejarem um exemplar impresso, o mesmo será fornecido gratuitamente exceto as despesas postais (que não tenho condições de arcar) bastando escrever para o meu e-mail que coloco a seguir. Grande abraço a e para todos os que sofrem com o Câncer quero dizer que a Doença por pior que seja, é só uma doença.

E-mail para contatos – fabiorenatovillela@yahoo.com.br

Agradecimentos sinceros a todos que contribuíram para a realização desta obra

Ficha Técnica

Coordenação: Marlene Dal Pietro
Texto: Fábio Renato Villela
Revisão do Texto: Mara Figueiredo
Direção de Arte: Edison A. Garcia
Computação Gráfica e Tratamento de Imagem:
Edison A. Garcia Filho

Serviços Gráficos:
Reflexo Fotolito Ltda.
www.reflexofotolito.com.br
Tel.: 0xx11 - 279 8044
Instituto de Difusão Espírita www.ide.org.br Tel.: 0xx19 - 541 0077  

CAPÍTULO 01

Dois de abril de 1.999. Por volta das 10 horas estava em Campinas a negócios. Tinha, nessa ocasião, um pequeno comércio e revendia a um grupo de clientes, já contumazes, artigos para lojas de bazar. O desencontro com um deles me proporcionou o tempo necessário para fazer uma visita às sobrinhas cuja boutique ficava nas proximidades. Era quase que uma rotina essas visitas, pois fomos criados juntos e as considero como irmãs ou como filhas.
Ao ritual bem humorado de nossos encontros, entretanto, juntou-se a observação de uma delas sobre o inchaço em meu pescoço. De fato há cerca de uns dez dias apresentava-se inchado e avermelhado. Nada, todavia, que pudesse me preocupar, pois certamente seria apenas o reflexo de um gânglio sebáceo que havia irrompido, supurado e provavelmente deixara aquela seqüela. Essas erupções cutâneas me atormentavam desde a pré adolescência e estava acostumado a rotina de inchaços, dores e febres que causavam.
Verdade que essa inflamação ocorreu depois de quase um ano da penúltima e me pegou de surpresa, uma vez que após ter feito um tratamento - que, aliás, elevou minha taxa de colesterol a um índice muito alto, enquanto reduziu meu peso a níveis que chegaram a me preocupar - com uma dermatologista de minha cidade, julguei que estivesse livre do problema. Foi também mais dolorosa que a de costume (talvez pela falta da habitualidade anterior) e chegou a me impedir de trabalhar.
Contudo, não sentindo qualquer outro sintoma, (febre intermitente, fadiga e indisposição), ou melhor, sentindo-os e os debitando erroneamente ao problema anterior da acne não dei tanta importância ao fato. Trabalhei normalmente o restante do dia e ao voltar para casa comentei, de passagem, com minha mulher sobre a visita e o inchaço observado. Também ela estava acostumada a esses inconvenientes e tanto como eu, não notara nada antes. Porém, uma observação mais atenta e, tendo em vista a supuração ter ocorrido há aproximadamente quinze dias ficou estranha à permanência do edema. Mais estranho ainda era um tumor que coroava o inchaço, embora também pudesse ser uma “segunda loja“ que havia remanescido conforme já houvera precedentes. De qualquer forma, aquele inchaço deixou de ser notado naquela noite. Como de hábito, antes do jantar tomei meu uísque rotineiro, comentei com o amigo Orlando que viera nos visitar sobre as dificuldades que o comércio estava enfrentando, curiosidades das minhas viagens diárias em busca de clientes e outros assuntos banais. Tinha coisas mais sérias com que me preocupar. Dinheiro, principalmente. Em julho de 1.997, após estarmos morando há três anos em Araras, e julgando ser o momento adequado pedi demissão de meu emprego e realizei um sonho antigo: montar meu próprio negócio. Iniciei revendendo apenas para lojistas, produtos ou embalagens específicas aos seus comércios. Porém, com a explosão de consumo ocorrida no Plano Real e o sucesso que as lojas de preço único faziam (disso era testemunha, pois eram os meus principais clientes) decidi aproveitar o ponto onde estava estabelecido para também inaugurar a minha.
Abri o varejo em 1.998 e até o final daquele ano o aquecimento econômico garantiu o bom movimento. Todavia, já em janeiro de 1.999, a retração era visível e tanto no varejo quanto no atacado as vendas despencaram. Na mesma proporção, mas em sentido inverso, as dividas acumularam. Em decorrência dessa situação complicada vinha enfrentando sérios problemas no casamento, tanto advindos da crise nas finanças quanto do fato de minha mãe estar morando conosco.
Ela é, de fato, uma pessoa difícil, contudo, não poderia simplesmente abandoná-la e, em face das dificuldades, nem poderia alugar um apartamento para instalá-la. A situação chegou a um ponto tão extremo que no dia primeiro de janeiro daquele ano cheguei a propor à minha mulher a nossa separação. Algo que nunca havia imaginado, aliás, pois sempre nos déramos bem e a eventual separação de meu filho era algo em que não podia nem pensar.
Contudo, esse conjunto de problemas vinha, há alguns meses, roubando meu sono e a insônia multiplicava a angústia. Nunca havia passado por situação como aquela, pois embora desde menino estivesse acostumado à miséria e às dificuldades não tinha outras pessoas com quem me preocupar. Agora não. O fantasma da falência, de imaginar o meu filho passando o que eu passei, a vergonha que sentia de minha mulher por ter lhe ocasionado esses problemas, a vergonha que sentia de minha mãe por não poder lhe dar um teto, o medo que a desarmonia entre ela e minha mulher redundasse em uma deflagração aberta - conforme eu vivera na infância e sabia o que representaria para o meu filho - e a vergonha que sentia de mim mesmo por ter falhado já eram dados suficientes para que eu acrescentasse um novo. Por que então me preocupar com aquele sintoma já tão conhecido?

Ledo engano! Sem saber e ainda desconhecido, entrou em minha vida Mr. Hodgkin.

O ilustre desconhecido foi um cientista que em 1.832 descreveu pela primeira vez um grupo de casos daquela enfermidade a qual em 1.865 foi denominada como a “Doença de Hodgkin” e que, segundo o Aurélio em sua página 605 (segunda edição) significa:

““. . . Doença maligna dos nodos linfáticos e tecido linfático extra nodal, que se manifesta com o aumento indolor e progressivo dos nodos linfáticos, o qual, muitas vezes, se inicia no pescoço e também com o aumento de baço e doutras formações linfóides. Sinônimo de linfogranuloma maligno, linfogranulomatose “.

ERA PORTADOR DE CÂNCER LINFÁTICO !

Dois dias depois, que se passaram sem que eu voltasse a atentar para o edema, levei meu filho à dermatologista para extrair umas pequenas verrugas. Coisa rotineira em crianças de sua idade (10 anos), segundo a própria. Era a mesma médica que anteriormente havia tratado de minhas acnes e desse contacto restou um relacionamento muito amistoso entre nós. Também ela tinha vindo de São Paulo, sentiu as mesmas dificuldades para adaptar-se aos modos peculiares de uma cidade pequena como Araras, etc. Além disso a sua competência nos tornou clientes fiéis e a relação de toda minha família com ela superou em muito o simples contacto médico/paciente.
Provavelmente foi essa a razão para que esquecesse as verrugas do garoto e dirigisse toda atenção ao meu pescoço. A urgência que demonstrou ao encaminhar-me ao otorrinolaringologista, ainda que eu a tivesse avisado da infecção anterior do gânglio sebáceo, acendeu o meu sistema de alerta . Ainda sem imaginar o quanto, pressentia que o problema poderia, sim, ser mais grave. Talvez uma infecção de garganta ? Irritação pelo cigarro ? Há tempos pensava em abandonar o vício e me arrependi de não ter conseguido. Afinal, existia a desculpa da crise que estava atravessando, como antes houvera a justificativa “que, bobagem, o cigarro não faz mal“ e todas as outras que usamos para acobertar a nossa falta de vontade.
Saindo de seu consultório, fomos ao do otorrino. Também ele, um profissional nosso conhecido, tanto por cuidar de meu filho quanto pelo relacionamento profissional com minha mulher que é fonoaudióloga. Esse conhecimento facilitou o encaixe em sua agenda e no final do expediente fui atendido. Antes , porém, tive a precaução de deixar o filho na sala de espera pois temia que um eventual mau prognóstico fosse ouvido também por ele. A eventualidade de ser Câncer perspassava levemente em minha cabeça e provavelmente pelo fato de ter perdido há aproximada-mente cinco meses um primo, portador de um tumor, também no pescoço .
Seguindo a praxe, o médico fez o exame clínico onde constatou o enfartamento dos gânglios e o pedido para o indefectível hemograma e uma ultra-sonografia da região. Ao pedir-lhe um diagnóstico foi vago em sua resposta alegando as necessidades dos exames complementares. No dia seguinte colhi o sangue e no posterior fiz o ultra-som. Em relação ao primeiro exame, desconheço se trouxe alguma anomalia mas quanto ao segundo foi confirmado - pelo médico que o executava - o ingurgitamento. Ante a pergunta de minha mulher sobre as causas também foi inconclusivo. Idem, se eu deveria tomar antibióticos. Pergunta essa , que hoje vejo , era mais um desejo que propriamente uma indagação. Ainda não admitíamos a hipótese de malignidade e, veladamente, torcíamos para que antibióticos fosse o bastante. Porém a dúvida estava instalada.
Retornando ao otorrino com os resultados dos exames fui submetido a uma laringoscopia, que consiste em introduzir um tubo espelhado dentro da garganta e vislumbrar o interior da mesma. A sisudez do médico tanto quanto o meu receio de perguntar, e ouvir o que não queria, inibiu maiores questionamentos. Assim, no dia 08 de abril recebi o diagnóstico de laringite crônica (irritativa) e vibrei com o resultado. Eu sabia! Não era algo tão grave como cheguei a temer. Deixaria de fumar, tomaria a medicação e tudo se resolveria. Imaginar que cheguei a pensar em câncer. Ora essa! Eu que sempre tive um processo super rápido de cicatrização das úlceras cutâneas (tinha lido em algum lugar que isso era um precioso indicativo de minha imunidade à doença). Eu, que no mês anterior tinha feito um Chek - Up (antes que o Convênio Médico tivesse que ser suspenso por falta de recursos para pagá-lo) e tive um resultado excelente nas funções cardíacas e respiratórias. Como pude ter pensado nisso ? . . .
Talvez o estresse que estava vivendo tenha contribuído para esse pessimismo. Durante uma quinzena tomei o antibiótico receitado e como não tinha nada de grave continuei a enfrentar apenas os velhos problemas . Minto, tinha mais um : pagar os antibióticos.
Comecei a sentir ali a impropriedade dos preços daquele produto que ninguém, salvo os hipocondríacos, consome porque quer. Trabalhava normalmente, tentava vender, cobrir os cheques pré-datados, cumprir os compromissos e apaziguar os ânimos em casa. Sempre tendo escapado por muito pouco de protestos, cheques devolvidos e um confronto real em casa. Por natureza, não consigo exteriorizar sentimentos, e me sentia dentro de uma jaula dominando - ou tentando - domar as feras, apenas com a intenção. Com o olhar.
A generalização, todavia, das dificuldades para todos os segmentos da economia enquanto me redimia (afinal, não era só minha culpa) alimentava a minha esperança de que venceria mais essa crise. Aos 43 anos já tinha vivido a crise da hiper inflação, da recessão, da outra inflação e todas as outras que assolam o País. Essa seria apenas mais uma. Mesmo sem ter um centavo investido em bolsas de valores acompanhava todos os telejornais em busca de uma boa notícia que embasasse a minha esperança. Acompanhava os pregões como se deles dependesse a minha ressurreição. E essa boa nova nunca vinha.
Quanto ao inchaço, este permanecia imutável, apesar dos antibióticos de última geração, segundo o otorrino. Havia o inchaço, sim, porém não o sentia. Não doía. Não incomodava. Às perguntas e à preocupação dos amigos, respondia que o tratamento iria resolver. . . . De fato, acreditava nisso. Finda a medicação, voltei ao médico. Ainda evasivamente, característica de sua origem oriental (?), constatando a ineficácia do tratamento fez o meu encaminhamento para uma hematologista de sua confiança. Segundo ele, como especialista na área, poderia dar uma resposta conclusiva sobre o problema. Mais evasiva que sua argumentação, contudo, foi a minha percepção que não atinou de pronto sobre a gravidade que o caso estava tomando.
Antes da hemato voltei à dermatologista para extrair algumas manchas que tinha nas costas - e que temia que se transformassem em câncer em um futuro remoto (santa ingenuidade) conforme tínhamos combinado naquela consulta ao meu filho. Novamente os problemas da pele ficaram em segundo plano e sua atenção restringiu-se à minha cervical. A sua preocupação era evidente. Chegou a questionar o otorrino por não ter feito a punção do gânglio e se dispôs a fazer ela própria o pedido para este procedimento. Tentou me falar algo (possivelmente já tinha o diagnóstico) mas calou. Fez a extirpação das manchas e só mostrou-se mais calma ante a expectativa de minha ida à especialista nos próximos dias. A sua relativa calma, entretanto, anulou a minha. Comecei a admitir que, sim, eu poderia estar com algo mais grave que uma laringite crônica. A confiança que sentira até então se esvaiu como a minha coragem e a fé de que poderia resolver a situação que estávamos vivendo.
Pela primeira vez na vida senti que agora já não dependia só de mim. Eu já não podia. Era um joguete das circunstâncias. Tanto as presentes quanto as que o futuro delineasse. Sabia que o câncer pode ser tratado. Que existem casos de longa sobrevida (tive uma tia que conviveu com a doença por muito tempo) etc. Mas aquela era uma hora muito imprópria para ficar doente (como se existisse um hora apropriada). Justo agora, com tantos problemas, tantas vicissitudes negativas?
Ao contrário da maioria dos pacientes da patologia não me perguntava por que eu ? Mas sim, por que agora? Há dois anos atrás estava empregado, com um salário muito acima da média, patrimônio, liquidez de dinheiro aplicado e tudo o mais que consegui juntar em conjunto com minha mulher. Se fosse possível escolher aquela teria sido a hora certa . Pelo menos eu poderia me preocupar “apenas“ com a doença . E agora? Eu não teria nem o direito de sofrer , em paz , a enfermidade.
Por tudo que havia feito e passado na vida, me revoltei. Não era justo. Não agora.
Dias depois, aproveitei uma viagem até Itupeva e levei minha mãe para passar alguns dias na casa de meu irmão. Já preparava a minha saída de casa. Não apenas pela iminência do divórcio, mas também pelo fato de que se o câncer fosse confirmado eu iria embora de qualquer maneira. Repugnava-me a idéia de expor as deformidades que a moléstia me causaria (tinha visto o estado em que ficou meu primo, a quem visitara pouco antes do último Natal e que havia falecido há aproximadamente 04 meses) e sentia pavor de pensar que essa seria a imagem que meu filho guardaria de mim. Tinha medo das dores e por elas causar incômodos .
Queria ter um canto. Um recanto. Na verdade queria fugir. Da doença. Da situação. Da crise. Daquilo em que eu me transformara. Um amigo muito especial, para quem relatei os problemas que estava vivendo chegou até mesmo a alugar um quarto em uma casa de família, numa cidade vizinha. Novamente teria que recomeçar a vida e como sempre, não do zero. Mas, pior, em débito. Só que, se antes a autoconfiança me impulsionava agora a incerteza me paralisava. Não era como das outras vezes. O tempo que teria seria de que tamanho ? Do que eu viveria? ? Como sustentaria meu filho? Temia muito mais a conjunção desses fatores que a doença em si. O trabalho já não rendia . A ameaça acompanhava cada segundo. A espada sempre suspensa, por um fio, sobre a cabeça. A cada decisão ou planejamento o “SE” tornou-se imperativo. Se não for câncer farei isso . . . Se não for câncer farei aquilo. . . E se for câncer, o que farei? Meu Deus!
Mesmo tentando acreditar nos amigos que insistiam em que não seria nada, dizendo que tudo se ajeitaria e todas as demais frases adequadas à situação , manter o otimismo foi impossível. E, pior, precisava mentir. Para eles e para mim. Achava de “bom tom“. Relutava em perder o que julgava ser boa educação. O câncer ainda não tinha me despido dos formalismos. Em momentos de alta dosagem alcoólica conseguia entorpecer o pessimismo (ou o realismo?) e acreditava que o susto que estava tomando naqueles momentos seria motivo de risadas em um futuro próximo. Mantive, e ainda a mantenho, uma garrafa de vinho do Porto para comemorar o resultado negativo que certamente viria. Agora, talvez, para brindar uma eventual cura.
Mas o fato é que a situação financeira, já em decorrência da ameaça da doença, estava se agravando cada vez mais e por conseqüência, a familiar. A vinda de minha cunhada para uma visita de alguns dias e que antes teria me dado tanto prazer, agora me indicava apenas a iminência da separação e o afastamento do meu filho. Fatos que me passariam despercebidos agora me sensibilizavam. Como o encontro casual que tive com uma prima, na terrinha natal. Era irmã daquele, morto há meses. E quando me perguntou sobre o problema em meu pescoço vi que a notícia já tinha chegado até lá. Aliás, nada mais inapropriado que aquele encontro. Tanto para mim quanto para ela. Se a sua dor estava contida no passado próximo, a minha estava acontecendo agora. Ainda estava para acontecer.
Ou então a justificativa de um cliente ao recusar a comprar novamente de mim, com medo da interrupção do fluxo de mercadorias que fatalmente aconteceria. Ou então ter dado um auxílio a uma moça no portão de casa e ter recebido em troca um folheto com o Salmo de Davi. No verso, constava:
“A associação dos pacientes de Câncer agradece a sua colaboração“.

A sombra do câncer multiplicava a angústia. Foram dias difíceis! Muito difíceis!

Continua . . .

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quinta-feira, julho 9, 2009 - 16:03

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