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Vais começar a voar

Vais começar a voar. Na margem do rio inicias-te o exercício do voar. Voar não é apenas um dom, é uma forma de educação, de conhecimento espiritual. Nós guardamos este conhecimento nos sonhos. Anjos e pássaros voam, além destes as máquinas e o peso não é uma desculpa para não se voar. Nós não voamos porque o peso nos prende á terra, nós criámos raizes , voar é uma capacidade, não é por si uma coisa importante. Sentir os pés no chão, o calor e o frio, ter a sensação da energia a fluir sem ficar preso ou dependente deixa-nos espaço e liberdade para decidir e para transformar. Foste até ao jardim de Gautama , com o matemático aprendeste as formulas matemáticas , com o agricultor as épocas de cultivo e com o teu silencio interior a escutar a chuva e a meditar. Meditar com as folhas de ch á o teu corpo e a tua mente flutuam na á gua, os cheiros dos frutos e das ervas entram em ti enquanto ficas ocupada a espalhar o fumo na sala onde era costume o buda repousar ou simplesmente ficar no estado de não existência. Preparas o chá o vento bebe-o, a terra também absorve gota a gota o fogo e a á gua do ch á
No jardim de Gautama há uma erva, no mercado da aldeia há um homem que vende dessa erva. Antes de fazeres o exercício da arte do voar tu respiras os seus vapores, ficas imóvel e vês o Gautama a caminhar para ti.
Tu não queres fazer a conversa comum mas a conversa comum, o rio que corre, o sol que brilha, a nuvem que passa, a criança que nasce, a vida a morte. Gautama vai sorrir e os olhos abertos dele vão saudar os teus.
- Bom dia
- Está a chover.
A água e a terra são irmãs.
- Venerável gautama pensas que com a água e a terra posso aprender a formula do voar?
- A capacidade de voar est á em ti, es tu. Voar é reter a natureza nos olhos, é ficar com ela é ir alem dela, é ficar sem exigir nada.
- Hoje estive no mercado, andava por lá um comerciante de chás quando era criança gostava de olhar a cor das folhas e a cor amarela da á gua do ch á recordava-me o rio amarelo e as suas histórias e canções. gostava de adormecer com a cabeça deitada nos seixos e de ouvir o meu irmão mais velho a recitar os mantras enquanto chapinhava nas poças. A água a saltar era o sorriso dele a molhar-me os pés.
- Sabes! A á gua cristalina ó sorriso do Buda das cinco ervas.
- E quem é o Buda das cinco ervas?!

- O Buda das cinco ervas é o comerciante que viste no mercado.
- Mas buda não tem o caminho do negócio.
- Os nomes das coisas são só o nome das coisas, buda tem o caminho da abundância , do negócio prospero do coração, não h á o bom e o mau fruto, nem a boa e a m á árvore, h á o fruto que o teu sabor precisa, h á a á rvore que espera o viajante, o peregrino, o pastor, o negociante, o generoso e o avarento.- Vou preparar um chá- Faz um chá de folha de figueira, tritura bem as folhas, estas devem ficar pequenas como as gotas de chuva, depois fazemos a oração do chá e lemos os salmos do Buda das cinco ervas.- Vou ferver a á gua, olhar a nuvem que se desprende do vapor, talvez apareça no ar o génio do chá dos desejos.
Enquanto preparavas o chá Gautama adormeceu, durante a sua viagem ao inconsciente da natureza ele viu o génio do chá dos desejos. O génio do chá dos desejos tinha as duas partes da natureza. Gautama foi recebido por ele. Na gruta onde morava o génio havia uma mesa e sobre ela um bule de chá. O génio ofereceu ao senhor Gautama o chá do enlouquecer. Gautama sentou-se no chão, segurou uma pequena taça dourada e sorveu de um gole todo o chá depois sorriu, estendeu as mãos ao céu, alcançou uma estrela e pô-la na á gua do chá
Ele viu a noite e os planetas, não sentiu medo nem viu monstros ou com o seu olhar transformou essas criaturas em ilusão. O génio olhou Gautama , depois desapareceu, logo apareceu no monte sagrado e venerou toda a linhagem dos budas, das árvores, dos pássaros s dos homens de todas as cores, de todas as sabedorias e ignorâncias.

Quando Gautama regressou da sua viagem, tu penteavas os cabelos e o vento massajava-te o rosto. No ar havia o aroma ainda quente do chá. Gautama serviu-te uma pequena taça e pôs as folhas de chá nos cabelos. O vento tocava no galho das árvores e parece que saia uma musica suave, o aroma do chá misturado no aroma da musica. Enquanto bebiam o chá, sentiam um silêncio puro. Quando estamos com demasiados pensamentos o ar também fica pesado. Gautama levou os seus olhos ao firmamento dos teus, havia um calor e uma cor diferente do calor do fogo. As palavras não aconteceram, não aconteceram os desejos, o amor aconteceu e nada estava preparado pela vontade do corpo e da mente. Como as raízes se entrelaçam na terra vocês se entrelaçaram. Uniu-se o pequeno coração do corpo ao coração da terra ao coração do universo. Os teus lábios e os lábios de Gautama tocaram-se. A noite chegou tranquila e bebeu os restos de chá que sobrou das taças. Tu e Gautama seguravam nas mãos uma luz, tinham um arco irís que passava das mãos aos olhos.
Moonli continua a exercitar-se no oficio do voar. Moonli é o teu nome, na lingua dos antigos habitantes da montanha a palavra do teu nome significa aquela ou aquele que faz o ritual. quando fores capaz de esvaziares os pensamentos, as tuas riquezas e as espalhares pele terra, tu não possuindo nada, tu não estando sujeita a nenhuma condição ou a nenhuma lei a natureza entra em ti e tu voas. Tocas o céu e a terra. Abraças o pássaro, abraças a árvore, dás-me um abraço forte. Quando me abraças é a tua energia que trabalha o meu ser como as sementes que trabalham cada poro de terra, cada poro da pele. Gautama foi o teu amante espiritual, mais tarde encontraste cabelos compridos, cabelos compridos fazia musica, a musica também é um exercicio que prepara os seres para a magia do voar, com o som é possivel voar, com a vibração das pedras, com a vibração da luz. Cabelos compridos passa muito tempo a tocar citara, a musica da citara é doce como cerejas. Quando Moonli preparava o chá a musica entrava no vapor e eles e as crianças sentiam vontade de dançar. Com a dança nos unimos á força do silencio e á força da palavra, a dança harmoniza a luz e a escuridão. Quando escrevias dançavas, quando pintavas executavas o voo das aves, sentias o esvoaçar das flores no ar na água do chá, na linha dos dedos que adivinham o passado e o futuro, o amor e o trabalho. Vais começar a voar, vai ser preciso que a eternidade entre no teu ser, que o teu ser faça voar o teu corpo com o impulso da memoria que é o impulso da criação, o impulso da arte de criar e de viver, a arte do morrer e do renascer. Quando preparas o chá, quando preparas diferentes variedades, quando sentes os teus olhos a terem a cor do chá diluido na atmosfera tu ficas feliz, pareces uma criança, brincas e no teu faz de conta, na tua profunda imaginação esqueces as palavras sérias e as responsabilidades mundanas. Tu precisas da energia flutuante da vida, concentra-te no teu sorriso, no desabrochar da tua flor. Cada ser tem uma flor guia. As petalas das flores são os diferentes caminhos, os diferentes cheiros que tu inalas e que a floresta inala de ti. Tu, cabelos compridos, as crianças, o Buda Gautama, o espirito que corre no vale, que abençoa cada pedra, que é testemunha dessa magia prodigiosa, dessa pulsação da mãe terra que acompanha a respiração dos bichos, dos homens, de todos os seres, esse ser que medita, que ondula como uma folha na água do chá. Foi com a água do vale que preparas-te a prece para o começo do voar. A tua barriga está a crescer, um pequeno ser voa no teu interior, um pequeno ser que vem de uma gota de energia que desce do céu á terra e se envolve com os elementos, elementos que formam um corpo, uma mente. Tudo será conduzido pelo espirito, a grande alma que não tem principio nem fim, que guarda dentro dela mesma a decisão do bem e do mal.- A montanha elevasse acima dos teus olhos cabelos compridos.- Há muitas luas atrás subi aquela montanha, vi homens que procuravam ouro, estavam cansados e isso via-se no rosto deles, um dos homens perguntou-me onde ficava a aldeia mais próxima, tinha por lá um velho familiar que em tempos tinha trabalhado numa loja de chás provenientes do Paquistão. Ele seleccionava as folhas que eram expostas ao luar. A lua minguante dá sabor e é bom para fazer sonhos tranquilos.- Vem deitar-te comigo- Estou cansado, o meu espirito viajou como a lua cheia que segue as nuvens.- Sabes ler as mensagens das nuvens?- É como ler as palavras da água.- Temos de meditar nas lágrimas de Buda, os agricultores algumas luas antes da colheita visualisam as lágrimas do precioso. A terra será fertil e os frutos abundantes.- O fruto de mim, o fruto da terra que há em mim alimentará o amor, o amor do espirito, do corpo que o recebe e do pensamento que realiza o conhecimento. Longo foi o inverno, cabelos compridos partiu em busca de alimento e de agasalho, levou com ele o moinho das orações. Cabelos compridos não se despediu de moonli. Do outro lado da montanha ficava o mar, no porto de shiva grande era a azafama de pescadores descarregando e salgando o peixe. Durante muitas noites e muitos dias cabelos compridos alimentou-se de raizes e frutos silvestres. A terra foi o chão onde dormiu e antes de se deitar praticou a quinta essência do yoga, cem vezes se prostrou visualizando a roda do samsara, o circulo da morte e do renascimento. Ao longe ouviu-se o uivo frio dos lobos, ouviu-se ao longe o andar do rebanho fazendo rolar as pedras, remexendo a terra, as suas sementes, as suas raízes. Os pés descalços do pastor amaciando o solo selvagem. Levi o pastor andava guardando as suas cabras desde os sete anos. Cabelos compridos sentiu a terra mexer, a cor do céu vestiu os seus olhos e o seu corpo. Durante dez dias apenas bebeu água, alimentou-se do frio que descia do desfiladeiro e dos ruidos invisiveis do fogo que se esconde nas pedras, nas nuvens escuras do céu, no carvão que dorme na garganta do vulcão. Levi atravessou o rio com as suas cabras. Naquele lugar havia o veneno das serpentes e o polen das flores de ópio sobre a planta dos pés da Deusa Maya a Deusa da ilusão, a conselheira dos generais, aquela que presta favores ao mundo material. Levi tinha agora 14 anos, conhecia todas as suas anteriores vidas. Levi atravessou o rio com a arte de quem não se move, com a tecnica da morte. Assim iludiu a senhora da ilusão e as serpentes venenosas. Levi cantou os mantras e namorou a senhora ofertando-lhe o cristal das pedras e o brilho das areias aquecidas pelo sol forte. Levi o pequeno pastor projectou diferentes seres com oigem no seu ego e com o esplendor das riquezas temporarias fez a Deusa Maya tropeçar na sua própria ilusão. Levi o pastor tinha a visão apurada da águia, viu cabelos compridos e telepaticamente falou com ele.- Chamo-me Levi.- Chamo-me cabelos compridos.- Não és um peregrino!- Sim, também sou um caminhante.- Que procuras?- Procuro o grande mar.- Tens ainda muito caminho a percorrer, olha, quando chegares á próxima aldeia pergunta pelo velho Gatso o pescador, quando o encontrares diz-lhe que vens da minha parte, pede-lhe que te ensine a arte da pesca, tu lhe ensinarás as posições do yoga e as mil maneiras de preparar o chá, o sagrado chá que aquece o coração do Buda das cinco ervas.- Como sabes que sei a linguagem do yoga e a arte de preparar o chá?- Escuto o vento e tudo o que o vento sussurra as águas guardam e as árvores da floresta quando o vento lhes sopra a brisa do oceano e as histórias de amor, de raiva, de sobrevivência.Quando Gautama regressou da sua viagem, tu penteavas os cabelos e o vento massajava-te o rosto. No ar havia o aroma ainda quente do chá. Gautama serviu-te uma pequena taça e pôs as folhas de chá nos cabelos. O vento tocava no galho das árvores e parece que saia uma musica suave, o aroma do chá misturado no aroma da musica. Enquanto bebiam o chá, sentiam um silêncio puro. Quando estamos com demasiados pensamentos o ar também fica pesado. Gautama levou os seus olhos ao firmamento dos teus, havia um calor e uma cor diferente do calor do fogo. As palavras não aconteceram, não aconteceram os desejos, o amor aconteceu e nada estava preparado pela vontade do corpo e da mente. Como as raízes se entrelaçam na terra vocês se entrelaçaram. Uniu-se o pequeno coração do corpo ao coração da terra ao coração do universo. Os teus lábios e os lábios de Gautama tocaram-se. A noite chegou tranquila e bebeu os restos de chá que sobrou das taças. Tu e Gautama seguravam nas mãos uma luz, tinham um arco irís que passava das mãos aos olhos.
Moonli continua a exercitar-se no oficio do voar. Moonli é o teu nome, na lingua dos antigos habitantes da montanha a palavra do teu nome significa aquela ou aquele que faz o ritual. quando fores capaz de esvaziares os pensamentos, as tuas riquezas e as espalhares pele terra, tu não possuindo nada, tu não estando sujeita a nenhuma condição ou a nenhuma lei a natureza entra em ti e tu voas. Tocas o céu e a terra. Abraças o pássaro, abraças a árvore, dás-me um abraço forte. Quando me abraças é a tua energia que trabalha o meu ser como as sementes que trabalham cada poro de terra, cada poro da pele. Gautama foi o teu amante espiritual, mais tarde encontraste cabelos compridos, cabelos compridos fazia musica, a musica também é um exercicio que prepara os seres para a magia do voar, com o som é possivel voar, com a vibração das pedras, com a vibração da luz. Cabelos compridos passa muito tempo a tocar citara, a musica da citara é doce como cerejas. Quando Moonli preparava o chá a musica entrava no vapor e eles e as crianças sentiam vontade de dançar. Com a dança nos unimos á força do silencio e á força da palavra, a dança harmoniza a luz e a escuridão. Quando escrevias dançavas, quando pintavas executavas o voo das aves, sentias o esvoaçar das flores no ar na água do chá, na linha dos dedos que adivinham o passado e o futuro, o amor e o trabalho. Vais começar a voar, vai ser preciso que a eternidade entre no teu ser, que o teu ser faça voar o teu corpo com o impulso da memoria que é o impulso da criação, o impulso da arte de criar e de viver, a arte do morrer e do renascer. Quando preparas o chá, quando preparas diferentes variedades, quando sentes os teus olhos a terem a cor do chá diluido na atmosfera tu ficas feliz, pareces uma criança, brincas e no teu faz de conta, na tua profunda imaginação esqueces as palavras sérias e as responsabilidades mundanas. Tu precisas da energia flutuante da vida, concentra-te no teu sorriso, no desabrochar da tua flor. Cada ser tem uma flor guia. As petalas das flores são os diferentes caminhos, os diferentes cheiros que tu inalas e que a floresta inala de ti. Tu, cabelos compridos, as crianças, o Buda Gautama, o espirito que corre no vale, que abençoa cada pedra, que é testemunha dessa magia prodigiosa, dessa pulsação da mãe terra que acompanha a respiração dos bichos, dos homens, de todos os seres, esse ser que medita, que ondula como uma folha na água do chá. Foi com a água do vale que preparas-te a prece para o começo do voar. A tua barriga está a crescer, um pequeno ser voa no teu interior, um pequeno ser que vem de uma gota de energia que desce do céu á terra e se envolve com os elementos, elementos que formam um corpo, uma mente. Tudo será conduzido pelo espirito, a grande alma que não tem principio nem fim, que guarda dentro dela mesma a decisão do bem e do mal.- A montanha elevasse acima dos teus olhos cabelos compridos.- Há muitas luas atrás subi aquela montanha, vi homens que procuravam ouro, estavam cansados e isso via-se no rosto deles, um dos homens perguntou-me onde ficava a aldeia mais próxima, tinha por lá um velho familiar que em tempos tinha trabalhado numa loja de chás provenientes do Paquistão. Ele seleccionava as folhas que eram expostas ao luar. A lua minguante dá sabor e é bom para fazer sonhos tranquilos.- Vem deitar-te comigo- Estou cansado, o meu espirito viajou como a lua cheia que segue as nuvens.- Sabes ler as mensagens das nuvens?- É como ler as palavras da água.- Temos de meditar nas lágrimas de Buda, os agricultores algumas luas antes da colheita visualisam as lágrimas do precioso. A terra será fertil e os frutos abundantes.- O fruto de mim, o fruto da terra que há em mim alimentará o amor, o amor do espirito, do corpo que o recebe e do pensamento que realiza o conhecimento. Longo foi o inverno, cabelos compridos partiu em busca de alimento e de agasalho, levou com ele o moinho das orações. Cabelos compridos não se despediu de moonli. Do outro lado da montanha ficava o mar, no porto de shiva grande era a azafama de pescadores descarregando e salgando o peixe. Durante muitas noites e muitos dias cabelos compridos alimentou-se de raizes e frutos silvestres. A terra foi o chão onde dormiu e antes de se deitar praticou a quinta essência do yoga, cem vezes se prostrou visualizando a roda do samsara, o circulo da morte e do renascimento. Ao longe ouviu-se o uivo frio dos lobos, ouviu-se ao longe o andar do rebanho fazendo rolar as pedras, remexendo a terra, as suas sementes, as suas raízes. Os pés descalços do pastor amaciando o solo selvagem. Levi o pastor andava guardando as suas cabras desde os sete anos. Cabelos compridos sentiu a terra mexer, a cor do céu vestiu os seus olhos e o seu corpo. Durante dez dias apenas bebeu água, alimentou-se do frio que descia do desfiladeiro e dos ruidos invisiveis do fogo que se esconde nas pedras, nas nuvens escuras do céu, no carvão que dorme na garganta do vulcão. Levi atravessou o rio com as suas cabras. Naquele lugar havia o veneno das serpentes e o polen das flores de ópio sobre a planta dos pés da Deusa Maya a Deusa da ilusão, a conselheira dos generais, aquela que presta favores ao mundo material. Levi tinha agora 14 anos, conhecia todas as suas anteriores vidas. Levi atravessou o rio com a arte de quem não se move, com a tecnica da morte. Assim iludiu a senhora da ilusão e as serpentes venenosas. Levi cantou os mantras e namorou a senhora ofertando-lhe o cristal das pedras e o brilho das areias aquecidas pelo sol forte. Levi o pequeno pastor projectou diferentes seres com oigem no seu ego e com o esplendor das riquezas temporarias fez a Deusa Maya tropeçar na sua própria ilusão. Levi o pastor tinha a visão apurada da águia, viu cabelos compridos e telepaticamente falou com ele.- Chamo-me Levi.- Chamo-me cabelos compridos.- Não és um peregrino!- Sim, também sou um caminhante.- Que procuras?- Procuro o grande mar.- Tens ainda muito caminho a percorrer, olha, quando chegares á próxima aldeia pergunta pelo velho Gatso o pescador, quando o encontrares diz-lhe que vens da minha parte, pede-lhe que te ensine a arte da pesca, tu lhe ensinarás as posições do yoga e as mil maneiras de preparar o chá, o sagrado chá que aquece o coração do Buda das cinco ervas.- Como sabes que sei a linguagem do yoga e a arte de preparar o chá?- Escuto o vento e tudo o que o vento sussurra as águas guardam e as árvores da floresta quando o vento lhes sopra a brisa do oceano e as histórias de amor, de raiva, de sobrevivência.- Vamonos encontrar?
- Em breve.
cabelos compridos chegou de noite á pequena aldeia de patcha- luna. A casa do velho Gatso era forrada com argila e o telhado coberto de palha. Gatso o pescador estava á porta de casa consertando a sua velha rede de pesca. Cabelos compridos aproximou-se dele
- Venho da parte do jovem Levi.
- Falas-te com ele?
- Falámos telepaticamente.
- Que me queres?!
- Aprender a arte da pesca.
- Tens de treinar a paciencia.
- Podes ensinar-me...
- O próprio mar te vai ensinar, a floresta, a montanha, o dia e a noite tem muito para te ensinar.
- E tu?
- Eu estou velho, a unica mestra que me pode ensinar é a morte.
- Aprendemos todos com ela sobre o renascer.
- Vejo que estás cansado e com fome, em cima da mesa há uma tijela com caldo de peixe.
- Vou comer um pouco e deitar-me.
Cabelos compridos foi acordado pelo ruido do vento. O mar estava eriçado, parece que tinha a furia dos homens em guerra, parecia que tinha dentro dele um coração a bater acelarado. Cabelos compridos passou algum tempo observando o velho Gatso construindo e consertando as redes. A primeira aprendizagem foi o treino dos olhos, os olhos e a mente treinadosno oficio da atenção. Cabelos compridos tinha de conhecer o mar, conhecer-se a ele próprio, o seu conflito interior era sentir-se dividido não obstante ser a parte e ser o todo. Cabelos compridos e o velho Gatso partiram numa manhã que era o dia do aniversário do Buda Shakamuni o senhor das forças. Foram muitos meses de mar, meses de tentar não lembrar aqueles que deixamos em terra. O mar testava os nossos apegos, a nossa resistencia. Em forma de doença a morte se escondeu no corpo de cabelos compridos. Cabelos compridos parecia que tinha mil demónios dentro dele. O velho Gatso entoo o mantra da levitação e com o poder vibratório desse mantra flutuou sobre a espuma e sobre as mãos invisíveis do Sr shakamuni aquele que conhece a profundidade e a escuridão, a luz e a superficie. Durante quarenta dias cabelos compridos ficou cego. A sua cegueira foram os seus desejos os seus pensamentos de luxuria. Esses pensamentos não eram sua essência. Maya a senhora da ilusão era a sua mestra. Na natureza tudo pode ser o nosso mestre. A flor que desabrocha e o raio que fulmina.
O velho Gatso pousou sobre a sombra de cabelos compridos, uma sombra escura, fatalmente escura deu lugar a um foco amplo de luz.
- A febre baixou
- Que me aconteceu?
- Entras-te no reino dos demónios.
- Quem me salvou?
- Ninguém, tu próprio sais-te da escuridão, quanto mais te dividias mais nas trevas penetravas. Quando tomas-te consciencia que a causa da tua ignorância, que a causa do teu medo estava em ti reconciliaste-te com os teus demónios e eles copnverteram-se no Deus supremo que há em ti.
- Mas disses-te que entrei no reino das trevas...
- Os medos que a tua mente guarda são uma porta que recebe todos os lixos, o medo é uma porta que que se fecha, quando abres essa porta esse lixo sai. Através de ti aprendo a arte do yoga.
- Aprendes comigo a arte do yoga?
- É verdade.
- Como pudeste aprender com o meu medo, com a minha insegurança.
- Com a divisão descobresse a unidade, com o medo a ter-se cuidado e com a incerteza a reflexão.
- Mas...
Tu não vences os teus medos se lutas com eles, essa é uma luta inutil. Tu aceitaste-os, tu transcendeste-os.
- Penso que o mar me lê o pensamento, ele sabe que não há tempestade em mim.
- Ele aceita a tua fúria, a tua calma. Tu foste guiado até mim para que eu pudesse partir.
- Aonde vais?
- Vou deixar o meu corpo
- Vais morrer?
- Como as lágrimas saiem dos olhos o espírito sai do corpo.
- E quando é que isso vai acontecer?
- Quando me esqueceres. A morte chega quando nos esquecemos de alguém.
- Não me consigo esquecer de ti.
- O que a tua mernte esquece o teu coração guarda.

Numa noite de profundo silêncio em que ele cabelos compridos estava calado como se não houvesse dentro dele pensamentos e dentro dele fosse uma folha a flutuar e a subir até desaparecer do horizonte, o velho Gatso deixou o corpo. Agora tens de esquecer, qualquer recordação é um iman que puxa as almas ao mundo dos desejos, ao mundo fisico dos apegos e das paixões. Cada ser tem de seguir o seu caminho, fazer a sua vontade. Acende um pau de incensso, depois lança o corpo dele ao mar. lobo

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terça-feira, maio 12, 2009 - 11:56

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