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Evocação
Cai sobre o chão
o vaso de vidro,o estardalhaço
do impacto me causa certo consolo,
é como as rodas quentes dos onibus
quando param no ponto,tem o cheiro perdido da infancia
sem amores ou vícios que se acabara como no sono da noite
que se dissipa com o primeiro raiar de dia.
E retrocedo à decada única da aurora da minha vida
procurando o porque desse fumo estar queimando entre os meus lábios;
que mão tem me servido de rota e mostrado caminhos
aos quais pensei que nunca conheceria,
com que coragem tenho enfrentado a voragem do desconhecido
e me petrifcado como se fosse os saudosos bustos
de guerreiros que morreram pela causa nobre.
Tenho suportado dias como um coxo sem forças,
adentrado em labirintos com o peso de toda uma vida
soerguido sobre as minhas costas,
dói-me mais a vida que as feridas abertas no corpo de Cristo,
abarco mais sentimentos que os casais protegidos
sob a égide da flor nas praças públicas.
E eu sou telúrico como as rosas e delicado como as meninas,
não haja literatura que não me arranque prantos
e emoções sem sentido,
não haja coração que seja mais doce e delicado que o meu,
não haja vida que seja mais desgraçada que a minha.
E as palavras me saem bebadas como que eu as tivesse
prendido num catre,
e as rugas da melancolia tem me excedido tanto a juventude
que nunca fora a minha amiga,
e tenho amado as rosas como se pela última vez
e tenho falado com bichos feito quisesse ser ou não ser entendido.
para que haveria de desejar alguma coisa
se a minha alma é como uma ilha indescoberta por ficar muito distante,
se tenho me dispersado quando me chamam sem que eu me conheça por mim,
se tenho me entediado com o clima frio das tardes que em mim regressam
lugares por onde passei ainda com a venda da inocencia
e das brincadeiras de manja nos olhos?
A vida é assim,como um vapor quebrado no beiral
de um cais na europa,
como vinhas de sangue que escorrem atráves do ritmo
nostálgico da lira cantada à luz do vinho,
como quem anda descalço,a passos pequenos,à solidão
desconhecida que se abriga na alma dos herméticos,
como uma metáfora,amputada de pé e cabeça,
sobre o que é a vida.
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Ministério da Poesia :
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