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O poema subjetivo
A cinza do fóssil se decompondo perante
o acampado,umedecendo a terra com a seiva organica
de antigos órgãos vivos,agora todos mortos.Gemidos
tresloucados dados por um homem com a pele rasgada que,
enquanto berrava ensurdecidamente,cuspia incontáveis
gotículas de sangue que provinham dos repuxos motivados
pela bala de fogo que se instalara por dentro de suas tripas.
As vísceras escorriam-lhe pela barriga,ruborizando,de maneira clara,
o tecido verde do seu manto de batalha que,em atribuição
dos préstimos a que se devia a nação ao homem,fizera-lhe à medida
de modo que o seu perecimento se passasse por glorioso
e o seu corpo estivesse em boa forma.
Quanto sangue escorrendo pelas veias permeáveis da terra,
as moscas e os urubus,todas as espécies,inclusive os falsários
e batedores,vindo buscar o resto de patriotismo que sobrara
nos corpos de tantos homens pútridos e sem alma que,
por tanto matarem para não morrerem,merecem mesmo
dias intranquilos de estadia no inferno.
Os logros e avanços da guerra são os incontáveis
versos de poesia simbólica que acalentam o espírito imundo
da cloaca sem fundo que é a vida.E cada palavra tem de cisar
feito navalha,uma vez que sem brutalidade não há bom verso.
Organizemo-nos dentro de boas famílias devotadas à fé cega
em credos inúteis que,em nome de um Deus que permite
batalhas,estupros,abusos,e toda espécie malcheirosa de delito,
tentam incutir nas cabeças desmioladas do povo
a querelice teológica fundamentada por homens temerosos
ante a certeza fria que é a morte.
Vamos,primatas!Encarai de maneira corajosa a vida.
Expressai a sua fisionomia de mártir e de gente de importancia...
Cala-te,homem!Cala-te e não ousa
querer inventar uma vida que não tenho.
Suportemos esse exilir de não existencia...
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Ministério da Poesia :
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