O meu rio
Deslizas agora fundo, angustiado
entre penhascos de rebordos esbranquiçados
marcas de ausência de chuvas
que te trazem esganado
num Outono que não descola do estio
Anda triste o rio
Já não ouço o teu meigo cantar
que me embala a lembrança
Mesmo à distância
no miradouro da cruz
vejo um abismo de beleza que é nosso
e nos segura em penhascos de esperança
Lágrimas vertidas em limos de tristeza
moem-nos a saudade
de um rio outrora altaneiro e atrevido
que cantava e galgava escarpas
num sábio cantar de amigo
Para onde levaram a tua força e alegria
que em abraços se fazia?
Anda triste o rio
Jamais cavarão o teu chão
porque em Lagoaça e em Miranda
és tu que cavas fundo, amigo
e largo te fazes imponente
Por mais que de tristeza queiras escrever
ainda te sonho valente
Irás ao rigor do Inverno
buscar força e subtileza
e a tua fragância de flor de laranjeira
subirá as arribas
em Lagoaça, meu ventre materno
E os olhos se espraiarão
entre o verde azeitona das oliveiras
e a suavidade luminosa das laranjeiras
Tenho vontade de correr à assomada
quando em maroma te fizeres
Do fundo do teu leito
continuará a romper
a força e a audácia de um rio D´ouro
e, para sempre em ti
luz e seiva de vida irá nasce
Submited by
Ministério da Poesia :
- Login to post comments
- 682 reads
Add comment
other contents of Teresa Almeida
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Fantasy | A luz do teu poema | 14 | 2.197 | 01/01/2015 - 20:56 | Portuguese | |
Fotos/Landscape | há uma mágoa que guardo | 6 | 2.173 | 04/21/2013 - 19:57 | Portuguese | |
Fotos/Personal | ENCONTRO DE NATUREZA | 2 | 2.253 | 08/28/2012 - 19:27 | Portuguese | |
Fotos/Landscape | MOMENTO FUGAZ | 2 | 2.182 | 07/01/2012 - 22:00 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Erotic | SENTIDOS | 8 | 1.838 | 06/30/2012 - 15:37 | Portuguese | |
Pintura/Landscape | PINCELADAS POÉTICAS de Teresa Almeida | 6 | 2.678 | 06/12/2012 - 11:49 | Portuguese | |
Fotos/Landscape | Azul infinito | 2 | 2.136 | 06/02/2012 - 20:58 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Desilusão | 4 | 1.596 | 05/10/2012 - 19:00 | Portuguese | |
Fotos/Cities | A Ponte Nova | 2 | 3.221 | 05/09/2012 - 18:49 | Portuguese | |
Fotos/Nature | PARA SOFIA | 1 | 2.415 | 05/01/2012 - 16:49 | Portuguese | |
Fotos/Personal | OUSADIA | 8 | 2.441 | 04/30/2012 - 15:44 | Portuguese | |
Fotos/Nature | Alvíssaras | 0 | 2.687 | 04/10/2012 - 12:03 | Portuguese | |
Pintura/Landscape | PINCELADAS POÉTICAS de Teresa Almeida | 1 | 2.874 | 04/07/2012 - 22:30 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Poema vadio | 4 | 2.039 | 04/07/2012 - 22:05 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Love | Apanhados | 3 | 2.106 | 04/05/2012 - 22:03 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Meditation | AS PALAVRAS PINTAM-SE NA TELA | 8 | 1.901 | 03/30/2012 - 00:09 | Portuguese | |
Fotos/Nature | PRIMAVERA | 7 | 2.285 | 03/29/2012 - 23:56 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Dedicated | UMA LÁGRIMA NO OLHAR | 12 | 2.128 | 03/23/2012 - 10:15 | Portuguese | |
Fotos/Nature | PEDRA A PEDRA | 8 | 2.341 | 03/23/2012 - 10:09 | Portuguese | |
Fotos/People & Places | A ALGIBEIRA | 6 | 4.405 | 03/21/2012 - 16:09 | Portuguese | |
Fotos/Nudes | MULHER | 6 | 2.289 | 03/11/2012 - 19:41 | Portuguese | |
Fotos/Personal | SOU A PAIXÃO QUE ME VESTE | 20 | 3.374 | 03/08/2012 - 16:56 | Portuguese | |
Fotos/Nature | EMOÇÃO | 4 | 2.608 | 03/07/2012 - 09:25 | Portuguese | |
Fotos/Events | UMA TOCHA ACESA NA NOITE | 8 | 2.877 | 02/22/2012 - 10:37 | Portuguese | |
Fotos/Landscape | ACORDA VERDE A POESIA | 4 | 2.055 | 02/22/2012 - 10:34 | Portuguese |
Comments
As mudanças que se operam
As mudanças que se operam e a inerente nostalgia, aqui, um rio, noutro um monte (...). mas que almas sensíveis cantam em verso...
E que versos: quase um gemido, num abandono, nem sempre propositado; umas vezes a própria natureza, outras a mão do homem.
Poema imagético e personificado, conferindo emotividade.
O teu jeito de escrever, amiga Teresa!
Gostei muito deste ter rio!
Bjos
Pertenço ao Douro minha
Pertenço ao Douro minha querida amiga, cresci por ali. É a paisagem que os meus olhos guardam e se mistura nos meus sentimentos, com se fizesse parte da minha identidade.
Fico contente por ter conseguido, de algum modo, passar esta emoção.
Obrigada Odete.
Bjuzz
Rio de saudade e
Rio de saudade
e lágrimas,
rio felicidade,
de poucas páginas.
Mas que demonstra bem,
nas lembranças escritas,
o amor que a Teresa tem
pelas suas águas benditas.
LINDO
Gosto que leias o meu rio e
Gosto que leias o meu rio e me fales de lágrimas, saudades, felicidade e águas benditas.
Bem hajas amiga Nostalgia.
Beijinhos.
Muito belo..
Muito belo este teu poema ao rio Douro, minha querida Teresa. De longa história se faz o teu rio e o meu rio Tejo,
com esperança nos olhos, de os vermos correndo desde as suas nascentes, nossa alma ao alto o pendão.
Beijinhos
Jorge Humberto
Eu tenho o Douro, tu tens o
Eu tenho o Douro, tu tens o Tejo.
Sentimos que por ali há caudais inesgotáveis de poesia. E nós cantaremos...Beijinhos.
Teresa
Cantar o Douro é sempre um desafio poético, neste caso maravilhosamente ilustrado pelas mãos da poeta/pintora.
Beijinhos
Nanda
Pertenço ao Douro. Este
Pertenço ao Douro. Este desafio é uma paixão que a tua alma de poetisa captou.
Bem hajas querida amiga Nanda.
Beijinhos.