CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
GROTESCO
GROTESCO
por Vitor Pardal Simões
Como explicar uma dor que já nem se sente?
Como explicar esta vontade de arrancar os olhos para estancar o sangue?
Que espécie de corpo é este,
seco,
inútil,
em que o medo cede lugar ao nada
e o nada reclama em tudo uma esperança de morte?
O único bem que encontro no peito é este movimento
de angústia,
os músculos que se contraem
numa tentativa desesperada de soltar a pele e conquistarem a liberdade
de estrangular o coração.
Maldita inteligência que me condena a definhar.
Eu que sou bonito,
eu que sou tranquilo,
eu que me dedico a ensinar o bem aos outros,
nem o sorriso de crianças redondas e anónimas agora suporto.
Eu que sou o amor,
eu que sou o carinho,
eu que me dedico a ti de corpo e alma e vida,
agora que te imagino com ele tenho nojo do meu próprio toque.
Sempre acreditei que um dia ia morrer,
de amor.
Amor é dar
e dar a vida por amor é o acto de entrega mais absoluta
a quem nada mais se pode dar.
Sempre quis morrer,
de e por amor,
novo
e ainda bonito,
mas até nisso me enganei.
Quando souberes que morri
que seja atropelado por um camião,
com reboque.
Para que fique grotesco,
sujo,
feio como ele.
Igual a ele.
Talvez assim voltes a amar-me.
Com amor aos pedaços,
como queres,
em cada pedaço de chão.
FIM
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 282 leituras
Add comment