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GROTESCO

GROTESCO

por Vitor Pardal Simões

 

Como explicar uma dor que já nem se sente?

Como explicar esta vontade de arrancar os olhos para estancar o sangue?

Que espécie de corpo é este,

seco,

inútil,

em que o medo cede lugar ao nada

e o nada reclama em tudo uma esperança de morte?

O único bem que encontro no peito é este movimento

de angústia,

os músculos que se contraem

numa tentativa desesperada de soltar a pele e conquistarem a liberdade

de estrangular o coração.

Maldita inteligência que me condena a definhar.

 

Eu que sou bonito,

eu que sou tranquilo,

eu que me dedico a ensinar o bem aos outros,

nem o sorriso de crianças redondas e anónimas agora suporto.

Eu que sou o amor,

eu que sou o carinho,

eu que me dedico a ti de corpo e alma e vida,

agora que te imagino com ele tenho nojo do meu próprio toque.

 

Sempre acreditei que um dia ia morrer,

de amor.

Amor é dar

e dar a vida por amor é o acto de entrega mais absoluta

a quem nada mais se pode dar.

Sempre quis morrer,

de e por amor,

novo

e ainda bonito,

mas até nisso me enganei.

 

Quando souberes que morri

que seja atropelado por um camião,

com reboque.

Para que fique grotesco,

sujo,

feio como ele.

Igual a ele.

Talvez assim voltes a amar-me.

Com amor aos pedaços,

como queres,

em cada pedaço de chão.

 

FIM

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domingo, fevereiro 6, 2011 - 19:03

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Poesia/Tristeza GROTESCO 0 282 02/06/2011 - 19:03 Português