Patamar Medicinal

Aqui,
No patamar medicinal
Onde a vista cruza as intempéries,
Onde o pular a cerca
É a minha questão
E o teu encolher de ombros,
Onde o abismo está a um passo
E a corda no pescoço,
Vejo-me rijiduro de descanso
Na flacidez do suor
Que corta as asas
Do pensamento.

Aqui,
Onde as chaves não encaixam
E as facas são de aço cru,
Neste invólucro blindado
Onde o ar escapa do peito
E as mãos colam em vão.

Aqui,
Na Pandora onde o meu
Ser ou não ser
É o bocejo de um dragão.

Aqui,
Onde a fé marca o ritmo
E profecia um amanhã
Que eu nego e destruo,
Onde o grito soa a
Badalada repetida,
Onde pessoa entra
Mas não limpa os pés,

Aqui,
Onde o tiro não mata
Mas fere e infecciona,

Aqui,
Onde sou o que sou,
Vou chorando os meus dias.