ORIGENS - Sinopse (próximo trabalho em execução) -pag 3

Patrão Afonso era um homem, de grande porte, farta cabeleira branca e fortes braços. Usava camisas aos quadrados e largos suspensórios a segurarem-lhe as calças e calçava botas cardadas. Era um homem de poucos estudos mas de ideias consistentes, de forte  iniciativa e argúcia nos negócios, espreitando as oportunidades sempre que estas se lhe deparavam.  Bastante respeitado no meio, ele estava sempre atento através do Grémio -  um orgão patronal recentemente criado pelo Estado Novo -  às directrizes do governo de Salazar  -
um programa de incentivos na cultura do trigo, com o objectivo de transformar o Alentejo no celeiro de Portugal. Mussolini em Itália, já estava a lançar essas políticas agrícolas no seu país - ele queria aproveitar  a onda e já começara a investir em maquinaria, aproveitando alguns apoios da banca com o aval do Grémio. Deslocava-se frequentemente, num velho Ford -  ao invés dos seus pares, que utilizavam a tracção animal ou o comboio. Possuia mais duas propriedades - uma em Odemira,– a Herdade dos Coelhos, onde tinha uma exploração na produção de leite, com bastantes cabeças de gado, a outra, no Alvito, com grande àrea de cultivo de trigo. Salazarista, convicto, participava em todas as acções políticas através dos competentes orgãos da região e também do respectivo Grémio da Lavoura sediado em Setúbal.  Tinha um filho  que acabara de se formar em medicina, pela Faculdade de Lisboa. Vivia numa casa  com razoavel conforto, dentro propriedade das Fontaínhas, com  duas empregadas, uma delas muito antiga que funcionava como governanta, desde a morte da mulher.
Nas suas constantes deslocações, gostava de levar João consigo. Ele tratava-o como um filho, desde que o seu  – Ricardo – saíra de casa, para instalar-se numa  outra, adquirida como um investimento, nas avenidas novas, em Lisboa.  Levou consigo uma velha governanta muita antiga que já fazia parte da família e, depois, mais solicitada  desde que, a mãe morrera, dando-lhe o apoio logístico que ele necessitava.
João estava ao par de todos os negócios que o patrão ia fazendo, na compra e venda de terras da região, especialmente na zona de Sines obtendo, quase sempre, margens de lucro muito confortáveis.  Admirava-o, pela argúcia que demonstrava em todos os negócios que se metia, através da experiencia e a credibilidade de um homem de 68 anos, cheio de energia e da prudencia, também, que esses mesmos anos lhe conferiam. Estava a aprender com ele a movimentar-se no mundo dos negócios. Era muito atento e bom observador e, sobretudo, ambicioso - tinha os ingredientes necessários para vencer na vida!
 

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Miércoles, Noviembre 23, 2011 - 21:58

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