Cavalgada de Utopia em Geito de Poesia "A Saga de Milhomens"

…Sempre num regresso a Itaca
Sempre numa partida para Tróia

Caminhava absorto pela vereda vazia,
Trôpego nas pedras descalças
Perdeu o que não soube ganhar
, Na vontade imensa do querer

Lúcido na razão
A esforçar-se para que o afecto definhe

Decididamente só por amor
Por muito amor
Aceitou o destino…

Do outro lado da parede,
Onde as silvas com amoras maduras
Brincam com o musgo,
Existe um mudo de fantasia
De formigas e cigarras…

Porque terá de ser assim?
Porque é assim…!?

Por mais nobre que seja o motivo
será justo abdicar do doce afecto?
Será um acto de cobardia?
Ou apenas uma atitude racional …!

Milhomens é um sonhador,
Um romântico que pega em cada pedaço de vida
E a vai deitando fora
Como se não fora a própria vida.

Lá mais abaixo,
Já muito perto do riacho
Debruou-se sobre a nascente de água cristalina
Que incessantemente
Brota por uma fenda do magma solidificado,
Saciou a sede do corpo,
E descansou naquele banquinho de pedra
Que alguém teria esmeradamente construído
Sabe-se lá, há quantos anos…
Semicerrou os olhos
E deixou-se levar num devaneio fantástico
Por serras e vales
Transportado por uma mística nau
Que cavalgava as ondas de todos os mares

…Sempre num regresso a Itaca
Sempre numa partida para Tróia.

Cada momento era vivido
Como cada momento,
Cada murmúrio como cada murmúrio
Cada beijo como cada beijo,
Cada sorriso como cada sorriso
Na hora de verdade…

…Sempre num regresso a Itaca
Sempre numa partida para Tróia

Como desejava Milhomens
O regresso aos braços quentes
Da sua bela Penélope
Na ilha do segredo
De todos os encantos
Onde os furacões e outras tempestades
São apenas brisas
Comparadas com o furor da entrega dos afectos

Milhomens,
Foste tu que a perdeste,
E se a quiseres não te podes deixar naufragar.
São horas do regresso,
E voltar a olhar para o outro lado
Da parede coberta de musgo
Onde as amoras brincam com as silvas

É preciso percorrer outro caminho
. Ainda que aqui e ali….
Se necessário veja noutros braços
E noutros abraços
O calor e a ternura do colo de Penélope.

Marias do mundo….
Amigas virtuais
Que de uma forma insistente
Pretendem ser reais….

E que queres tu Milhomens?
Em cada uma encontrar um pouco do mistério?
Do cheiro e do gosto
Da ave marinheira ?
Da flor de Lotus ?
Ou numa só transformar e inventar
Cada segredo
Desse Amor maior que o mundo ?
Pegar na Maria miragem
E absorver a ternura do primeiro beijo,
E aquele doce murmúrio,
(Ah..! meu Homem)

Para depois na Maria utopia
Sorver a sofreguidão
E o desatino
Das roupas desalinhadas
Nos corpos semi nus.

E na Maria sonho,
Abraçar o clímax exacto
Numa cavalgada épica
Onde os corpos quentes e húmidos
Se deixam ficarmos entrelaçados
Na viagem de promessa para outras viagens…

Sempre num regresso a Itaca
Sempre numa partida para Tróia

Milhomens, Milhomens..

Porque não acreditas
Que uma só
Possa dar tudo que precisas
E uma só
Nunca será capaz
De receber tudo que tens para dar.

Princesa do entardecer
Rainha dos afectos…

Só ela te compreende
E entende
Em cada som
Em cada gesto
Em cada sorriso
Em cada palavra
Imperceptível na hora de se dar.

Amar-te-ei sempre
Gritou Milhomens
Em cada corpo de outra mulher,
Em todas as Marias deste mundo
E de todos os mundos,
E amar-te-ei
Ainda em cada momento de solidão,
Que será a minha companheira,
E tu serás livre na tua ITACA
Eu viajarei por todos os mares,
E em todos os portos
Procurarei teu sabor,
Teu gosto e teu pecado,
E em cada taça de prazer
Beberei do teu mel.
E serei náufrago
Da minha loucura
No Egeu da tua sedução
A morrer devagar
Na praia dos teus encantos

…Lá longe,
Já muito longe…

Como um eco que se apaga
Ouvirei o canto das Sereias 

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Lunes, Diciembre 5, 2011 - 20:23

Poesia :

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josé maldonado

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