Um poema sem demora

Pouco a pouco enxerto linhas neste esteio,
incerto da solitude que me comanda a mão,
avanço num vagar pausado que não refreio,
e deixo de entender o sentido da razão.

Lentamente junto as rimas deste mote.
Ansiosas, vazam largo um encher d’alma,
sem contar que o tempo me derrote,
ou que o espaço curto perca a calma.

Devagar, a vida vai nascendo em verso,
um a um, alinhados no prumo de uma rima,
faço birra, desespero, mas não disperso,
o sentir que coloco aqui por cima.

Sem pressa vou desfiando este dizer,
que dizem poucos ser o que chamam poesia.
Chamar-lhe-ei tão somente o meu viver,
Pois é tudo o que me ocupa o dia.

Vagaroso, defino assim este pequeno adágio,
pois é forçoso que o expulse de mim,
mais que isso, sinto apenas o presságio,
que explana o sentido do seu fim.

Espaçado entre linhas que conserto,
Pela pausa demorada do pensamento,
lá termino de encher o espaço aberto,
com o que vida me ensinou nesse momento.

 

Casimiro Teixeira

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Viernes, Enero 13, 2012 - 09:56

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