O Discurso do Corvo

Eis-me aqui, ainda integralmente vivo e teu,
voo ao acaso, sem saber por quem voar,
por sobre rostos de carne, palha e infinito.
Trago as mãos feitas num espesso breu,
toldadas pela sede de te possuir e de te dar,
o ténue silêncio, que é tudo aquilo qu'eu permito.

As palavras, quando são poucas, sabem melhor,
dizem tudo melhor, se forem poupadas.
Abre os braços então, e recebe-as em teu seio,
a secura desta terra já consome o sangue do meu terror.
Já falei, e agora vou voar num céu de pequenos nadas,
disperso no bando obscuro, mesmo lá no meio.

De modo que, apesar da lucidez dos meus instantes,
continuo sempre algures, no longo espaço que nos envolve.
Nada temas destas mãos de cinza que já não tem dedos por onde arder,
Eis-me para sempre, nos interstícios perdidos e distantes,
desta paixão que é dada, e que não se devolve,
e que é minha e tua, porque assim tinha de ser!

Casimiro Teixeira

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Jueves, Abril 26, 2012 - 22:58

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