TEMPOS CRUÉIS




TEMPOS CRUÉIS

 

Quando eu era ainda menino,

Um menino mesmo pequenino,

Usava calções abaixo do joelho,

E por isso me chamavam fedelho.

Corria pelas ruas da minha aldeia,

Regressava a casa pelas horas da seia,

Com os calções muito rasgados

E, à seia apenas tinha ralhados.

À noite, cansado das minhas aventuras,

Sonhava com as minhas diabruras,

Acordava de manhã muito cedo,

Das minhas brincadeiras guardava segredo.

Corria com os meus amigos para o mar,

Numa algazarra tremenda de brincar.

Nu, na minha inocência as ondas abraçava

E, corria para a quente areia, onde me embrulhava.

Idade para a escola ainda não tinha,

Só pensava em ter um tostão para uma bolachinha.

Como em casa não tinha com que comer,

Por isso assaltava as figueiras para me satisfazer.

No Inverno no frio e sempre descalço,

Sempre sujeito a ralhos e a algum percalço.

Não gostava do mar no frio do tempo,

Quando estava zangado com muito vento,

Pois o meu pai assim, não se fazia ao mar,

E à noite nada tinha para jantar.

Ralhava com Deus, por não me dar boa vida

E, chorava com fome de barriga encolhida.

O Verão sim, era isso que eu desejava,

Havia tanta fruta para comer que eu roubava.

Vendia as pinhas a outros meninos,

Corria para casa contente como os felinos.

Veio o tempo da escola, ficando sem liberdade,

No entanto, gostava tanto dela, era a minha felicidade.

Como eu adorava as letras e a minha professora

Que, para mim, pelo saber, era uma grande doutora.

A minha professora, era para mim como uma mãe,

Pois ela gostava tanto de mim como ninguém.

A sua casa era o meu palácio lindo,

À vida dela passei a ser bem – vindo.

Vestia – me, calçava – me e dava – me afecto,

Ela queria fazer de mim o seu projecto.

Lançou – me para a vida com o seu bom coração

E, foi – me levando para a frente sob a sua protecção.

Com a sua boa vontade e a minha inteligência,

De menino pobre, passei a ser feliz em permanência.

Hoje, estou muito bem com a minha vida,

E a minha professora jamais será esquecida.

 

2007-Estêvão

Submited by

Viernes, Agosto 31, 2012 - 23:13

Poesia :

Sin votos aún

José Custódio Estêvão

Imagen de José Custódio Estêvão
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 2 años 21 semanas
Integró: 03/14/2012
Posts:
Points: 7749

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of José Custódio Estêvão

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Fantasía DANÇA DOS SONHOS 0 634 12/18/2015 - 09:46 Portuguese
Poesia/Meditación OS PASSOS QUE EU DOU 0 1.066 12/09/2015 - 10:59 Portuguese
Poesia/Meditación QUERO SER EU PRÓPRIO 0 1.044 12/02/2015 - 16:15 Portuguese
Críticas/Varios O MEU EU E O OUTRO 0 7.761 11/25/2015 - 10:38 Portuguese
Poesia/Amor FALTA DE AMOR 0 1.735 11/18/2015 - 11:36 Portuguese
Poesia/Meditación DE PASSO APÓS PASSO 0 829 11/11/2015 - 10:28 Portuguese
Poesia/Amor SENTE-SE E NÃO SE VÊ. 0 1.056 11/09/2015 - 11:17 Portuguese
Poesia/Meditación PRINCÍPIO E FIM 0 1.007 10/22/2015 - 09:17 Portuguese
Poesia/Meditación VIVENDO 0 1.541 10/14/2015 - 09:47 Portuguese
Poesia/Meditación O SEGURO E APRUDÊNCIA 0 2.522 10/07/2015 - 09:59 Portuguese
Poesia/Amor O AMOR É CEGO 0 807 09/30/2015 - 09:04 Portuguese
Poesia/Amor AI O SABONETE 0 1.867 09/24/2015 - 08:50 Portuguese
Poesia/Meditación LÁGRIMAS 0 1.045 09/16/2015 - 16:21 Portuguese
Poesia/Meditación A RODA DO TEMPO 0 1.915 09/09/2015 - 14:59 Portuguese
Poesia/Amor OS TEUS ABRAÇOS 0 1.178 09/02/2015 - 09:46 Portuguese
Poesia/Meditación A REFORMA 0 1.338 08/19/2015 - 08:59 Portuguese
Poesia/Meditación A MINHA CAMA 0 2.725 08/12/2015 - 08:53 Portuguese
Poesia/Intervención SONETO À CRISE 0 810 08/05/2015 - 08:52 Portuguese
Poesia/Meditación SER SONHADOR SEM SER 0 1.504 07/29/2015 - 08:52 Portuguese
Poesia/Meditación A CONSCIÊNCIA 0 2.547 07/22/2015 - 09:28 Portuguese
Poesia/Amor DO LONGE SE FAZ PERTO 0 1.067 07/15/2015 - 08:48 Portuguese
Poesia/Meditación A FELICIDADE TAMBÉM SE MULTIPLICA 0 1.715 07/08/2015 - 08:41 Portuguese
Poesia/Meditación SOU E SEREI 0 2.026 07/01/2015 - 09:28 Portuguese
Poesia/Fantasía ERA UMA VEZ 0 944 06/25/2015 - 08:28 Portuguese
Poesia/Meditación AI SE EU SOUBESSE 0 1.329 06/17/2015 - 10:01 Portuguese