SEGREDOS DO MAR

SEGREDOS DO MAR

Riem os meus olhos para o mar,

Neste meu belo e meigo balouçar,

Cantam as ondas para a minha alma,

E riem para o meu coração,

Como se fosse uma linda canção,

Na mais bela e eterna calma.

Sinto o sonhar da minha mente,

Parecendo navegar eternamente,

Numa grande viagem de solidão,

Neste barco a fingir, à vela,

Como se fosse a viagem mais bela,

Na sua prepotente imensidão.

Não se ouve o piar das gaivotas,

A roubar o peixe das lotas,

Nem se sequer o sulcar das suas águas,

Dum barco que segue o seu destino,

Que muito grande que seja é pequenino,

Na formatura das suas tábuas.

Na escuridão da noite eu grito para o mar,

Cá da terra do meu pequeno solar,

No silêncio absoluto do meu chamamento,

Ele responde com o seu sussurrar constante,

E em segredo diz – me que é mais importante,

Que qualquer importante pensamento.

O mar lá bem no fundo guarda seus segredos,

Uns são misteriosos e outros de grandes medos,

Muito pouca gente sabe o que ele lá tem,

Nas suas marés ele vai e ele sempre volta,

Como se tivesse preso e depois se solta,

No seu constante vai e vem.

No meu sonho já viajei no seu leito profundo,

E vi que ele é um mundo dentro do mundo,

Tens jardins floridos e muitas lágrimas guardadas,

E ninguém sabe a que elas pertencem,

Nem têm idade no tempo em que se vencem,

Ainda choram no seu leito agarradas.

Vi também que têm vidas que morrem por vidas,

Umas vivem e outras são perdidas,

Nele e fora dele tornam a viver e a morrer,

No misterioso ciclo que o tempo faz,

Que nada, nem ninguém é capaz,

De ganhar no conhecimento, o seu saber.

2008-Estêvão