POEMA DA ERMIDA DA ESPERA

Meu efusivo pensamento
de longe tenta captar
os eflúvios da tua fina flor:
ambrosia que outrora saciava-me.

Mas no dial do meu coração - receptor,
até as ondas passadas e perdidas,
parecem perder-se no silêncio
do tempo que teima em passar.

Não há mais sintonia,
não há mais transmissão,
e as ondas que chegam:
anos - luz viajaram.

Pouco a pouco,
chegam -me outras dimensões,
ocupando o lugar vazio
daquelas que eram tuas.

Vejo em partes,
silhuetas na névoa,
formas etéreas
que concretas se tornam
entre clangores imensos,

sem que eu as possa mensurar,
sem que eu as possa definir,
sem que eu as possa precisar
para as poder possuir,

para poder me encontrar,
para poder me definir
e precisar meu ser disperso
por tua ida inesperada!

Na casa da madrugada escura
espera o peregrino da alvorada
o novo dia onde o Rei - sol
promulgará os seu decretos "sem volta"!