As Estações

INVERNO

Cautela, filho, porque
grande é o Mundo
e tantos são
os labirintos de se perder.
Cuidado, mulher,
porque nem sempre
as carrancas do São Francisco
exorcizam os demônios,
nem sempre as brancas rendas
beatificam os dias,
ou as negras bençãos
afastam o infortúnio.
É preciso estar atento,
pois nem sempre
o canto de Iara se evita
e nem sempre a maré
espalha o azul pela vida.
E mais cuidado é preciso
quando o corpo da amada
ao prazer nos convida,
pois eis que nos espreita
a dor da saudade
e a solidão da idade.

OUTONO

Um vento amarelo
despe a árvore envergonhada
(o homem recolhe
as folhas caídas
no chão burocrático.
Quem fará igual
com as nossas almas?)Quem, poeta?
O tempo, Musa de sempre.
Apenas o tempo
haverá de recolher
os nossos sonhos
e, talvez,
compensar as nossas ausências.
Apenas o tempo, Musa de sempre,
haverá de justificar
as novas crenças
e o Arco-Iris
que insiste no horizonte.
Apenas o tempo, Princesa,
trará a outra Primavera.

PRIMAVERA

E o tempo é de esperança.
E o tempo é de renovar a aliança.
Que tenhamos a força da generosidade
e que nunca nos falte a solidariedade.
Que ao amor sejamos convidados
e que por todos os perdões
sejamos perdoados.
Que o corpo experimente o gozo
e a alma, o orgasmo do repouso.
Que saibamos prover,
mas que nos esqueçamos de prever,
pois é no inesperado
que a boa sorte
revela o seu fado.
Que tenhamos,
até,
o gosto da melancolia,
apenas para sentir
o esplendor do novo dia.

VERÃO

Caminhe comigo, mulher.
Andemos por nossos corpos
e exploremos os mútuos prazeres.
O Mundo não teve fim
e a cor se renova
em cada rosa colhida,
em cada lágrima não vertida
e em toda mão estendida.
Bebamos os prazeres do vinho.
Experimentemos os sabores da romã.
E, principalmente,tenhamos a ventura de ver
que são estrelas os teus olhos
e são abrigos os teus braços.
Saibamos que a chuva do fim da tarde
haverá de trazer a fresca brisa
e que o balanço da rede
trará a cadência do amor.
Ande comigo, mulher.
A vida é o caminho.

               Para a Musa de sempre.

Submited by

Domingo, Diciembre 23, 2012 - 14:19

Poesia :

Sin votos aún

fabiovillela

Imagen de fabiovillela
Desconectado
Título: Moderador Poesia
Last seen: Hace 8 años 3 semanas
Integró: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of fabiovillela

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Tristeza A Maria do Crack 0 2.183 07/22/2014 - 15:48 Portuguese
Poesia/Amor Quadrantes 0 1.099 07/21/2014 - 15:15 Portuguese
Poesia/Amor Tudo 0 755 07/20/2014 - 02:11 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte I 0 944 07/19/2014 - 17:10 Portuguese
Prosas/Contos Rubenito Descartes 0 3.116 07/18/2014 - 23:45 Portuguese
Poesia/Amor Aconteceu 0 1.886 07/18/2014 - 17:19 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte XIV - Considerações Finais 0 4.843 07/17/2014 - 16:22 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte XIII - A Sobrevida da Espécie 0 1.937 07/16/2014 - 16:15 Portuguese
Poesia/Tristeza Lamento 0 1.122 07/15/2014 - 15:00 Portuguese
Prosas/Otros Com mais amor. Com mais orgulho. 0 1.824 07/14/2014 - 23:44 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte XII - O Extase Religioso 0 4.520 07/14/2014 - 15:44 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte XI - A Arte 0 1.497 07/11/2014 - 16:15 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte X - O individuo genial. 0 2.545 07/09/2014 - 16:23 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte IX - A Sabedoria da Vida 0 3.069 07/07/2014 - 16:11 Portuguese
Poesia/Dedicada Com muito orgulho e com muito amor 0 776 07/06/2014 - 16:51 Portuguese
Poesia/Amor Prenúncio 0 680 07/04/2014 - 16:16 Portuguese
Poesia/Tristeza Elos 0 1.316 07/01/2014 - 15:42 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - O Suicidio - Parte VIII 0 4.269 06/30/2014 - 21:53 Portuguese
Poesia/Amor Sophie 0 1.091 06/29/2014 - 18:15 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte VII 0 1.508 06/29/2014 - 15:59 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte VI 0 1.791 06/27/2014 - 21:57 Portuguese
Poesia/Amor A canção de Saigon 0 1.690 06/25/2014 - 16:56 Portuguese
Poesia/General Cantares 1 1.330 06/24/2014 - 19:56 Portuguese
Poesia/Amor A Estrela da Noite Fria 0 1.462 06/22/2014 - 16:17 Portuguese
Poesia/Amor A Volta 0 1.118 06/20/2014 - 16:15 Portuguese