Soneto da carne úmida

Penso bemóis e sustenidos
Quando deixo a carne ser mais que um meio.
Teus verdes olhos vestem a cor da libido
Que dispo, displicente, até chegar nos teus seios.

Penso bemóis e sustenidos
No nosso justo pecado enquanto escuto
A suave música dos teus gemidos
Na eternidade imprudente deste minuto.

Tua fronte úmida, quando mordo, fica sentida;
Enquanto assopro e beijo tua rósea pele
Mais bela, mais delicada e mais fina.

E, se choves, alagam-se tuas esquinas
Com as perfumadas gotas que expeles.
Rios de gozo, sopro molhado e gosto de maresia.