RECORDAÇÕES




Recordações

Desta terra que me acolheu eu sinto vaidade,

Nela vou vivendo a minha liberdade,

Não a quero perder mas gosto mais da vida,

Embora sem liberdade também possa ser vivida.

 

Na minha terra onde pobremente nasci,

E agora já velho nela não ando, vivo por aqui,

Nela não vivo há já tanto tempo,

Não sinto saudades, mas dela me lembro.

 

Para esta falta de saudades, há uma razão,

Que guardo na minha mente cheio de consternação,

A de querer comer e a minha mãe nada tinha,

E comigo chorava agarrada à minha mãozinha.

 

Quando passo pelo lugar do meu nascimento,

Olho, sinto o coração apertado e me lamento,

Que ali vivi, açoitado pelas condições de então,

E sinto uma tristeza imensa daquele triste Sertão.

 

Naquele areal imenso entre os pinheiros e o mar,

O meu Sertão que ainda hoje ouço chamar,

Tantas brincadeiras com outros meninos eu fazia,

Quando jogava com uma bola de trapos, tanto eu corria.

 

Com as minhas brincadeiras, não queria saber de mais nada,

Ignorava a barriga, e o tempo assim eu passava,

Apenas brincava, gritava e tanto ria,

Que não me lembrava que a barriga estava vazia.

 

Não tinha que comer, a fome é que me comia,

E com ela eu chorava às vezes também ria,

Mas era um rir triste, com os lábios apenas,

O som não saía ficava preso nas cenas.

 

Quando o Sol se escondia, eram horas de jantar,

Mas eu nada tinha para comer e assim me ia deitar,

Fechava os olhos chorando até ao meu adormecer,

Cansado de ter fome, sem nada ter para comer.

 

De vez em quando acordava e chamava pela minha mãe,

Que há muito tempo Deus já lá a tem,

Mas ela para mim não morreu pois ainda a recordo,

E hoje a sonhar com ela, de vez em quando eu acordo.

 

 

                                   Tavira, 27 de Agosto de 2010 - Estêvão

Submited by

Sábado, Febrero 23, 2013 - 13:11

Poesia :

Sin votos aún

José Custódio Estêvão

Imagen de José Custódio Estêvão
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 3 años 4 días
Integró: 03/14/2012
Posts:
Points: 7749

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of José Custódio Estêvão

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Prosas/Pensamientos MEDIITAÇÃO 1 2.676 04/17/2012 - 01:22 Portuguese
Poesia/Meditación A VIDA 1 2.752 04/17/2012 - 01:21 Portuguese
Poesia/Meditación JULGAR PELA APARÊNCIA 1 3.637 04/17/2012 - 01:19 Portuguese
Poesia/Meditación E TUDO O TEMPO APAGOU 1 1.900 04/17/2012 - 01:16 Portuguese
Poesia/Meditación Humanos somos? 1 1.881 04/17/2012 - 01:15 Portuguese
Poesia/Meditación MEDITAÇÃO 1 4.525 04/17/2012 - 01:13 Portuguese
Prosas/Pensamientos HUMANIDADE 1 2.694 04/17/2012 - 01:11 Portuguese
Poesia/Meditación SORTE 2 3.034 04/17/2012 - 01:10 Portuguese
Poesia/Amistad PAULA 1 3.435 04/17/2012 - 01:08 Portuguese
Poesia/Dedicada COMO O TEMPO PASSA! 1 3.741 04/17/2012 - 01:07 Portuguese
Poesia/Meditación POBRE 1 3.144 04/17/2012 - 01:04 Portuguese
Poesia/Meditación VONTADE 1 1.233 04/17/2012 - 01:02 Portuguese
Poesia/General POMBA PRETA 1 1.923 04/17/2012 - 00:59 Portuguese
Poesia/Desilusión Mentes 1 1.780 04/16/2012 - 22:09 Portuguese
Poesia/Amor SENTIMENTOS 3 2.309 04/16/2012 - 22:08 Portuguese
Poesia/General PIRANHAS 1 2.204 04/16/2012 - 22:07 Portuguese
Prosas/Pensamientos Parar para pensar 3 3.650 04/16/2012 - 22:06 Portuguese
Poesia/Meditación UM OLHAR 1 2.728 04/16/2012 - 22:03 Portuguese
Poesia/Amor EXPERIÊNCIA DE AMOR 1 5.177 04/16/2012 - 22:03 Portuguese
Poesia/Amor AQUELES BEIJOS 1 1.396 04/16/2012 - 22:01 Portuguese
Poesia/Meditación MUSA 1 3.138 04/16/2012 - 22:00 Portuguese
Poesia/Comedia PELAS FREGUESIAS 2 3.055 04/16/2012 - 21:57 Portuguese
Poesia/Meditación DIREITO Á DIFERENÇA 1 3.232 04/16/2012 - 21:56 Portuguese
Poesia/Amor Mãe 1 4.170 04/16/2012 - 21:55 Portuguese
Poesia/Meditación SE EU FOSSE UM PINTOR 1 3.611 04/16/2012 - 21:54 Portuguese