UMA FLOR QUE PODE SER GENTE

Uma flor que pode ser gente

 

 

Uma flor quando murcha, não tem água ou está doente,

A flor não fala, da sua causa só ela sente,

Se for por falta de água, certamente foi esquecida,

Na terra que a viu nascer e agora se encontra perdida,

Era linda, agora está feia e triste, ninguém lhe dá o seu olhar,

Já morreu esta flor que era bela e ninguém a viu chorar.

 

Todos os dias passava gente ninguém olhou para esta flor,

Não morreu por falta de água mas sim por falta de amor,

Que não dói nem custa nada quando se quer oferecer,

Mas ninguém lhe deu nada e assim a deixaram morrer,

Na sua solidão esta flor tristemente ao Sol secou,

Para ela que tinha um mundo seu, agora já acabou.

 

Na terra a flor vai continuar a existir na sua transformação,

No nada que ela foi sem servir de recordação,

E tanta gente para ela olhou quando ela era tão linda,

Extasiada pela sua beleza que parecia infinda

Mas depois que ela murchou, já ninguém reparou nela,

Apenas foi contemplada mas só enquanto foi bela.

 

Quando uma flor nasce começa por ser adorada,

À medida que ela cresce passa a ser cobiçada,

Por muitos olhos que passam e nunca são indiferentes,

Pela beleza de qualquer flor até se tornam reluzentes,

E até pode ser arrancada para a juntarem ao seu peito,

Porque é linda e faz no coração um lindo efeito.

 

Sem pensar na flor mas sim na sua própria beleza,

Arranca – se qualquer flor, deixando triste a Natureza,

Mas quando ela envelhece e murcha pelo tempo,

A flor deixa de ser flor são apenas restos sem valimento,

Que já não prestam e ficam esquecidos sem lugar,

Pois, as flores velhas já ninguém usa, ou quer amar.

 

Qualquer flor quando é nova, não pensa que vai envelhecer,

Apenas pensa que é nova e não pensa que vai morrer,

São defeitos de pensamento e também de educação,

Esquecendo que uma flor velha também tem coração,

Que sem ela as flores novas não pensavam assim,

Pois tudo quanto nasce e cresce terá sempre o seu fim.

 

 

 

Tavira, 28 de Setembro de 2010 - Estêvão

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Martes, Marzo 5, 2013 - 10:12

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José Custódio Estêvão

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