NÃO SEI PORQUE PENSEI

Não sei porque pensei

 

 

Se a eternidade fosse minha mãe eu era filho do tempo,

O tempo seria meu pai eu seria irmão do vento,

Teria como irmãs as imensas estrelas do céu,

Eu ficaria tão confuso que não saberia quem era eu,

O infinito seria toda a minha família e eu estaria sozinho,

Pois eu estou tão longe dela que nem sei o caminho.

 

Vejo brilhar as minhas irmãs nas noites sem luar,

Eu olho para elas cá deste meu longínquo lugar,

Somos uma família tão grande mas não nos conhecemos,

As estrelas não sabem que eu sou, nem o parentesco que temos,

Tenho o mar por companhia e todo o verde do campo,

E no pico das montanhas eu deito-me e me levanto.

 

Todas as manhãs vejo o meu irmão Sol a nascer,

E pouco tempo depois, na tarde velha vai morrer,

Mas todos os dias se ressuscita para me dar a luz que preciso,

E quando as nuvens o tampam eu fico de sobreaviso,

Vem a chuva, estalam os trovões ruidosos,

Fazem-me ter tanto medo que os meus olhos ficam chorosos.

 

A eternidade minha mãe nunca me dá o tempo dela,

Vivo pouco tempo do seu tempo nem dá para ver se é ela,

Tem tantos filhos como eu que nem sei quantos são,

E o tempo que é meu pai passa por mim pelo chão,

E assim me vai envelhecendo mas ele nunca envelhece,

Nem sabe quem eu sou, e, eu sei que ele não me conhece.

 

Somos uma família tão grande mas ninguém se consegue ver,

O meu pai, o tempo grande, vive sem nunca morrer,

E os seus filhos como eu nascem e morrem todos os dias,

E a eternidade e o tempo, meus pais, não têm noites nem dias,

São eternos e deixam os seus filhos para o passado,

Para fazer a história desta família sem legado.

 

Ontem à noite ao deitar, lembrei-me da eternidade e do tempo.

De manhã escrevi este poema de palavras feitas de vento,

Que ficam aqui gravadas nesta minha pequena história,

Deste absurdo pensamento e saído da minha memória,

Para um dia ser recordado da loucura que eu tenho,

Desta minha arte sem arte e deste engenho sem engenho.

 

 

 

Tavira, 12 de Agosto de 2011 - Estêvão

Submited by

Miércoles, Agosto 7, 2013 - 09:32

Poesia :

Sin votos aún

José Custódio Estêvão

Imagen de José Custódio Estêvão
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 2 años 16 semanas
Integró: 03/14/2012
Posts:
Points: 7749

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of José Custódio Estêvão

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Pensamientos TESOURO 0 668 06/05/2012 - 10:26 Portuguese
Poesia/Pensamientos LÓGICA 0 524 06/05/2012 - 10:23 Portuguese
Poesia/Soneto PARTISTE 0 1.309 06/05/2012 - 10:19 Portuguese
Poesia/Amor PRIMEIRO AMOR 0 437 06/04/2012 - 10:27 Portuguese
Poesia/General SER POLÍTICO 0 637 06/04/2012 - 10:25 Portuguese
Poesia/Pensamientos UM LIVRO 0 567 06/04/2012 - 10:15 Portuguese
Poesia/Meditación O MAR 0 461 06/03/2012 - 11:46 Portuguese
Poesia/Meditación DÁ QUE PENSAR 0 661 06/03/2012 - 11:43 Portuguese
Poesia/Comedia MARIA CHEGUEI! 0 1.237 06/03/2012 - 11:37 Portuguese
Poesia/Meditación SE VERDE FOSSEM 2 664 06/03/2012 - 00:05 Portuguese
Poesia/General MENSAGEM 2 660 06/03/2012 - 00:02 Portuguese
Poesia/Meditación CASOS 0 711 06/02/2012 - 10:20 Portuguese
Poesia/Amor SONETO 1 537 06/01/2012 - 21:42 Portuguese
Poesia/Pensamientos GRITOS 0 1.091 06/01/2012 - 09:55 Portuguese
Poesia/General INCÊNDIO 0 792 06/01/2012 - 09:49 Portuguese
Poesia/General ESTRELAS 3 479 05/31/2012 - 20:45 Portuguese
Poesia/Pensamientos DEVAGAR SE CHEGA LONGE 0 701 05/31/2012 - 10:02 Portuguese
Poesia/Tristeza OLHOS TRISTES 0 446 05/31/2012 - 09:58 Portuguese
Poesia/Erótico UTOPIA 2 455 05/30/2012 - 10:15 Portuguese
Prosas/Pensamientos HOMENS 0 1.351 05/30/2012 - 10:11 Portuguese
Prosas/Pensamientos PEDRAS FRIAS 0 1.493 05/30/2012 - 10:09 Portuguese
Prosas/Pensamientos SE 0 1.466 05/30/2012 - 10:07 Portuguese
Poesia/Amor BEIJO DA VIDA 0 467 05/29/2012 - 11:25 Portuguese
Poesia/Amor DANÇA COMIGO 0 422 05/29/2012 - 11:19 Portuguese
Poesia/General HINO À MINHA TERRA 2 951 05/29/2012 - 11:09 Portuguese