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PEDRAS FRIAS
Pedras frias que rolam quando se soltam dos penhascos, que o tempo impiedosamente as separou, donde tiveram agarradas uma eternidade, rolam como as cabeças do poder, quando o perdem mas que viviam agarradas a ele como lapas mas, o tempo tudo separa e tudo une.
Pedras frias que o Sol as aqueceu quando sorriem para ele, imponentes como se fossem donas do calor que não é delas, no entanto, fingem não perceber que a noite as arrefece mas, também elas se julgam donas da noite e sorriem para ela e contemplam as estrelas no alto dos céus, como se fossem donas do universo.
Cabeças duras como as pedras também se partem e se fragilizam, com o poder do tempo que nada lhes resiste, no entanto elas julgam que duram como as pedras duras mas, pensam mal, porque também elas, rolam quando menos se espera, porque o tempo é impiedoso e nunca volta atrás.
As pedras fazem muralhas, castelos, monumentos lindos que, se prolongam no tempo e ali ficam, para serem contempladas mas, o tempo também as envelhece e as condena e nunca ficam para a eternidade belas ou inteiras como quando nasceram.
As pedras só por si não representam nada mesmo que construam os tais monumentos lindos, muralhas, castelos imponentes, se a vida não lhes der alma; apenas representam a história que já foi viva, porque ela só se faz com o passado.
As pedras só por si não têm calor e alma, são como cabeças duras nos penhascos que, se julgam importantes mas, não passam de pedras, como as mais simples pedras duras que se pisam e que o tempo tudo consome.
Para que será que, as cabeças de pedra são tão vaidosas e imponentes, olhando as outras por cima dos ombros, como se fossem donas do tempo mas, coitadas, não são mais do que pedras com cabeça e que rolam como as outras para a terra, perdendo a imponência e o poder e que se pisam, como já pisaram, porque o tempo é impiedoso, nunca perdoa e nada o faz parar no seu caminho, sendo dono do passado e do futuro.
As guerras se fazem pelas cabeças de pedra, que têm olhos mas são cegas de humanidade, são como as simples pedras sem vida amada, porque se amassem a vida, nunca faziam as guerras e por isso, não passam de cabeças de pedra, que um dia também rolarão dos penhascos, como qualquer pedra sem importância.
Há pedras em lugar de cabeças nos corpos humanos que têm almas de pedra que, são frias como as próprias pedras e por isso, de humanos só têm o nome, porque pensam como as pedras que rolam dos penhascos, para fazerem guerras e ódios; são obcecadas pelo poder de pedra mas, que o tempo também as destrói, por mais duras que sejam.
Pedras que partem mas não partem e ficam eternas por serem pedras, mas pedras com alma que partem e não voltam mas, já fizeram mal que chegue, e por isso, nem sequer merecem ser pedras de nada, ou bosta do mais pestilento animal.
Pedras pequenas e grandes, mais duras e menos duras mas, não deixam de ser pedras que, podem ser frias ou quentes, umas têm alma e outras não; com o tempo, as quentes ficaram frias, como as simples pedras, porque deixaram arrefecer a alma e por isso, não passam de simples pedras, com corações e cabeças de pedra que, nada significam mas, julgam que são fortes como as pedras mas, o tempo também as cospe para o mar, quando a terra já não as quiser, pelo mal que já fizeram e ficam no fundo do mar eterno.
As pedras vão ser afastadas por serem insensíveis e, embora com vida, não deixam de ser pedras pensantes que nada dão, ao contrário de outras pedras que, se perpetuarão através de alguém com cabeça que lhes deu vida, para contemplar através dos tempos e que são mais úteis que as cabeças de pedra.
Chegou a boa nova: já não há pedras com cabeça, nem cabeças de pedra, chegou o amor e transformou estas cabeças de pedra, em homens bons e hoje, já temos um mundo novo com amor; os pássaros voltaram a cantar, o Sol já brilha, reflectindo – se nas pedras reais, até parecem estrelas caídas do céu e a alegria regressou a todos os corações.
Que grande sonhadora que me saíste minha consciência, dei – te asas à tua imaginação mas, toma conta, não dramatizes tanto o mundo que te rodeia, apesar de teres razão na tua apreensão e análise que fazes da sociedade humana de que fazes parte.
Estêvão
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