Indi(Gente)!

Indi(Gente)!

As mãos sujas pelo mau trato da vida, vasculha de forma bruta o saco junto ao meio fio, a cada volta da sua mão na aquele paraíso de sobras humanas,  faz escapar o fedor de toda uma sociedade que ignora sua existência.
O rosto baixo com o corpo meio curvado e os olhos tristes, como quem se esconde de outros olhares falsamente piedosos, ouve múrmuros quase imperceptíveis, embora sua cabeça insista em lhe alucinar, que seja sobre sua humilhação. 
Sem saber que horas são, sem se importar que seja dia, noite, ou madrugada a fora, sem obrigações legais, sem obrigações sociais, sem falsas ideologias ou filosofias baratas. Apenas com a esperança de encontrar uma sobra que possa comer, ou vender para conseguir poucos centavos.
Mesmo que seu sofrer lhe de motivos para sorrir, dificilmente saberia que se trata de felicidade, pois a pele queimada do sol e marcada pelo descaso, já não tem a sensibilidade necessária para sentir algo além da dor. Acostumou-se a dar passos vazios, há ser invisível, há ignorar seus sonhos e desejos, não poderia ser nada além de alguma coisa qualquer, quase que um objeto decorativo, essencial em qualquer sociedade trincada e obsoleta.
Percebe que não é bem vindo, percebe que não sabe para onde está indo, e que de alguma forma é motivo de risos, indelicados e indecisos. Que com suas marcas estampadas, seres ligados no automático esquecem-se de vestir-se de humanidade. Seu olhar corre pelas calçadas mal cuidadas, pelos muros pichados, uma cidade morta, cinza e explorada pela incessante busca de poder aquisitivo, que não se lembra mais qual é seu verdadeiro objetivo.
Pensa com sigo mesmo, como mudar, como sobreviver a esses tempos tão incertos, não poderia ser ele o único invisível em um lugar que parece ser bom apenas para sobreviver. Aos poucos se levanta, exalando o cheiro de seu viver pelos poros entupidos de verdades nunca ditas, abandona o saco, já sem nada para lhe oferecer, da alguns poucos passos com seus pés calejados, prostrando em frente aquilo que pode ser mais uma refeição, cai uma lagrima lhe dando esperança de que ainda não foi totalmente destruído e que lhe resta uma gota de humanidade e assim segue sua sina, imposta por outras línguas que não conseguem identificar o sentido da vida.

Submited by

Martes, Agosto 13, 2013 - 18:05

Críticas :

Sin votos aún

Pablo Gabriel

Imagen de Pablo Gabriel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 3 años 16 semanas
Integró: 05/02/2011
Posts:
Points: 2944

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Pablo Gabriel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Fotos/Otros Vã democracia 0 2.968 05/24/2016 - 20:02 Portuguese
Poesia/Meditación Porta 0 1.077 04/18/2016 - 19:13 Portuguese
Críticas/Varios A tempestade 0 6.695 03/31/2016 - 23:26 Portuguese
Poesia/Meditación Poemas Noturnos 0 3.677 10/13/2015 - 18:42 Portuguese
Poesia/Meditación 22. 0 1.789 10/13/2015 - 14:20 Portuguese
Poesia/Meditación 9. 0 1.568 10/10/2015 - 14:07 Portuguese
Poesia/Meditación 1. 0 1.829 10/09/2015 - 14:05 Portuguese
Poesia/Meditación Sina 0 1.793 10/05/2015 - 14:22 Portuguese
Fotos/Otros Palestra SESC 0 3.143 09/30/2015 - 14:04 Portuguese
Críticas/Varios O direito de errar 0 2.578 09/16/2015 - 18:34 Portuguese
Fotos/Otros Semana Literária SESC 0 2.182 09/04/2015 - 19:47 Portuguese
Fotos/Otros Dança 0 2.983 09/03/2015 - 18:06 Portuguese
Poesia/Meditación O Poço 0 1.535 08/24/2015 - 14:44 Portuguese
Poesia/Meditación Ilusão 0 1.434 08/19/2015 - 18:42 Portuguese
Poesia/Meditación No meio da vida 0 1.717 08/19/2015 - 18:39 Portuguese
Poesia/Meditación Silêncio 0 1.103 08/14/2015 - 14:32 Portuguese
Fotos/Otros Vive 0 3.139 08/14/2015 - 13:48 Portuguese
Críticas/Varios A certeza do errado 0 1.926 07/23/2015 - 20:37 Portuguese
Poesia/Meditación Soldadinho de chumbo 0 1.065 07/22/2015 - 15:20 Portuguese
Fotos/Otros Plantar 0 1.513 07/07/2015 - 20:55 Portuguese
Poesia/Meditación Mentes estranhas 0 1.024 07/04/2015 - 14:52 Portuguese
Fotos/Otros Sonhos possíveis 0 2.095 06/25/2015 - 20:08 Portuguese
Fotos/Arte ar e poesia 0 1.721 06/11/2015 - 21:55 Portuguese
Fotos/Arte Eu, Poesia! 0 2.123 06/11/2015 - 13:34 Portuguese
Poesia/Alegria ar e poesias 0 1.406 06/09/2015 - 19:10 Portuguese