EU SOU A MINHA SOMBRA

Eu sou a minha sombra

Vou dando a volta ao Sol sem sentir,

E a minha sombra vem sempre a seguir,

Umas vezes parece que vai fugindo de mim,

E outras vezes parece que me segue sem fim,

Eu acompanho-a para onde ela vai,

E quando a noite escura chega ela se esvai.

A minha sombra é-me fiel, nunca me deixa,

Seja para onde eu for e nunca de mim se queixa,

Ela vai e vem sempre com os meus passos,

Sejam eles inteiros ou aos pedaços,

Umas vezes é mais comprida do que eu,

E outras vezes fica tão pequena parece que se perdeu.

A minha sombra ninguém ma pode matar,

Para que ela desapareça basta a luz me faltar,

Mas num amanhã seguinte  ela está de volta,

Gosta de mim, anda ao Sol e nunca se solta,

Parece um animal de estimação,

Que eu amo e está dentro do meu coração.

Ainda mal começa o dia e eu ponho os pés na rua,

Ela logo aparece mas não se veste está nua,

A minha sombra é escura, ela tem sempre a mesma cor,

Anda sempre comigo como se fosse o meu amor,

Até quando a noite aparece com um belo luar,

Ela está sempre comigo, nunca sai do meu lugar.

Quando a noite chega sem lua, eu tenho saudades dela,

Vou dormir mas sonho sempre com ela,

Pois ela é minha, nunca me deixa enquanto eu viver,

Ela tem andado sempre comigo, desde o meu nascer,

De mim, enquanto eu aqui estou ela não se vai despedir,

Pois ela tem o meu corpo, de mim nunca vai fugir.

Um dia qualquer, a minha sombra vai desaparecer,

Esse dia vai existir mas não tenho pressa de o conhecer,

Vou caminhando a seu lado às ordens do eterno tempo,

Entretanto, eu vou sentindo o calor a chuva e o vento,

Sem pensar no que está certo e não me posso escapar,

Mas até lá, eu quero ir vivendo o que o tempo me deixar.

Tavira, 7 de Dezembro de 2011-Estêvão