UM GRANDE AMOR

UM GRANDE AMOR

Editado por Maria Letra, em "The World Art Friends", em 04/03/2014 – 16:25

Quando tinha 13 anos, apaixonei-me, seriamente, por um amiguinho. Quando meu Pai descobriu, caíu "o Carmo e a Trindade" lá em casa. Passei a sofrer todo o tipo de medidas de precaução para que essa paixão não viesse a tornar-se uma forte razão para uma boa sova. Pudera! Uma pirralha de 13 anos, enamorada de um jovem de 11!!! Mas era tão lindo... Era o meu Gary Cooper da época...

Eu fazia, em tempo de aulas, um trajecto de uns bons 5kms a pé, com uma fiel amiguinha, só para trocar com o referido jovem um ou dois bilhetinhos de amor, os quais trocávamos quando eu chegava à Praça do Marquês, no Porto, onde ele estaria à minha espera. Que inocentes... Acreditem! Éramos mesmo inocentes...

Foi também nessa idade que começou o meu amor pela poesia. Nessa altura, sabia já, de cor, alguns cantos dos Lusíadas, tal era a minha paixão. E escrevia... escrevia... quantas vezes até de madrugada. Que loucura! E foi numa dessas noites, entre os 13 e os 15 anos, que escrevi um soneto dedicado ao nosso grande amor, o qual foi publicado no jornal "O Primeiro de Janeiro". Meu Pai, que andava de olhos bem abertos, em cima de nós, nunca comentou o teor do poema. Hoje indago-me... porquê?! Claro está que eu não revelava o segredo do nosso amor um pelo outro e a traição de ter sido descoberta, "apaixonada"... Mas meu Pai venceu. Anos mais tarde o pai dele mandou o jovem estudar para a Alemanha e o meu autorizou que eu fosse estudar para Londres. Isso determinou o final duma esperança, mas não do Amor que nos unia.

MISTÉRIO

Grande é o mistério que envolve o meu segredo
pois, mesmo eu, já não sei se o compreendo.
Minha vida, transformada num degredo,
é enorme confusão que não entendo.

Da minha dor culparei somente a vida,
pois cobrindo-a com o véu da ilusão,
escondi-me atrás de si, na falsa lida
em que andava, disfarçada, sem perdão...

E, ao cair esse véu que faz sofrer
todo aquele que confiar em seu poder,
fazendo dele um jardim para sonhar ...

acabei por destruir minha ventura,
não vendo mais o valor, nem a ternura,
que possui um coração que quer amar!

Um dia, esse tal jovem insistiu comigo que o amor dele era maior do que o meu. Escrevi, então, esta quadra, num dos célebres bilhetinhos que trocávamos ainda, quadra essa que, mais tarde, se negou devolver-me:

Se tu te servires duma balança,
pra com cuidado pesares nossa paixão,
verás tombar com grande diferença,
o prato que contém meu coração!

Ah pois é!!! Dizia eu...

Maria Letr@
2014-04-07

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Jueves, Abril 3, 2014 - 17:25

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Um grande amor

Olá Ana Martins!
Por favor considera o comentário feito a seguir.

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Um grande Amor

Obrigada, Ana Martins.
Mas foi mesmo assim. Esse meu entusiasmo deve-se ao facto da minha professora de Português, que era poeta, ter-me sempre dado muita atenção por saber que eu amava fazer poesia. Todas as minhas composições eram em forma de poesia. Depois, tive uma professora de Física Josefina Valverde, irmã de Jaime Valverde, ligado ao teatro), que nos dava aulas de teatro todas as semanas, se tivessemos bom aproveitamento. Daí eu saber, ainda hoje muitos poemas de cor, pois escolhia muitos autores poetas para recitarmos a sua poesia e não só. Frei Luís de Sousa foi um dos livros, onde representei o papel da Maria. O final ainda hoje sei dizer também de cor. Acho que isso é muitíssimo importante para a criança que já revela amor à arte de escrever ou mesmo de representar.
Está explicada, Ana Martins, a razão pela qual, eu própria, habituei os meus filhos e outros jovens, quando eles eram pequenos, a representar, sempre que ia de férias para a nossa casa em Paço de Sousa.
Um grande abraço, amiga.

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UM GRANDE AMOR

E já nessa altura, tão menina ainda, a minha amiga escrevia tão bem, eu nunca diria que este soneto tinha sido escrito por alguém de 13 anos.
Maravilhoso, adorei!

Beijinho amigo.

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