Yumi do bordel

O vagão semi vazio,
leva apenas duas lágrimas
e os olhos de onde escorreram
e a alma de onde nasceram.
No espaço pouco do corpo frágil,
a dor balança como se açoitada fosse
e Yumi ignora se ainda vive.

As janelas embaçadas não podem esconder
as luzes vermelhas do bordel cambaleante.
Dentro, jovens putas sorriem para homens velhos
e não sonham, pois a Pedra de Brisa
é sonho negado.

Yumi, a das lágrimas e a das coxas abertas
e a do vagão semi vazio
e a da vida no bordel
entre os homens vermelhos de velhas luzes,
cambaleia por longas corredeiras e íngremes ladeiras
à frente do berro de cadela, de vaca amarela,
de lanterna chinesa banguela
de abat-jour de meia tigela
e de japa piranha rameira
sem eira, nem beira.

E no alto, um Pastor vocifera contra o mundo
e anuncia o fim de Satã,
o deus vivo dos homens ruins.
E ao Deus morto, dos homens bons
pede a desistência doutro Gênese,
pois faltarão gregos para tantas tragédias
e para secar as lágrimas de Yumi,
sentada no vagão semi vazio,
com as coxas abertas,
à espera dos velhos vermelhos
que chegam cambaleantes
do bordel em que nasceu o Pastor.

O mundo não é o tanto que se alardeia.
É só um quarto de parede e meia.

Produção e divulgação de Pat Tavares, lettré, l´art et la culture, assessora de Imprensa e de Comunicação Social. Rio de Janeiro, Primavera de 2014.

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Jueves, Septiembre 25, 2014 - 14:17

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