Rousseau e o Romantismo - Parte XVII - A transição para a Liberdade Civil
E não estaremos errados em afirmar que ainda hoje, em pleno século XXI, o mesmo acontece, mudando apenas o tipo de força que se utiliza, haja vista que a força física foi substituída pelo poder econômico e secundariamente pelo poder político.
Com efeito, quanto mais abastado for o sujeito, mais liberdade ele desfruta, vez que o dinheiro lhe proporciona meios de locomoção e de hospedagem, a desobrigação de permanecer em empregos fixos, a oportunidade de se afastar das pessoas e situações que não lhe agradem etc.
E, além dessas satisfações físicas, a fortuna lhe dá meios para ampliar seus horizontes culturais, intelectuais e emocionais, permitindo-lhe voos mais livres pelos domínios da mente.
Em ambos os casos, o seu leque de opções é diretamente proporcional ao poderio que possui.
É claro que a riqueza não significa automaticamente mais liberdade; tampouco a pobreza, menos poder de optar, mas estou certo que o amável leitor (a) não discorda das facilidades acima colocadas.
Contudo, apesar da evidência desses fatos, deve-se reconhecer que a antiga “Lei Natural” já não é tão plena quanto foi na antiguidade; pois, ainda que precário, o funcionamento das Instituições, das Leis, das Normas etc. a condicionam a respeitar alguns limites.
E justamente aqui, nesse “Efeito”, encontramos a “Causa” de a transição ter acontecido.
***
Se, como argumentava Rousseau, o homem era feliz no “Estado de Natureza” por que o abandonou?
Para o filósofo e para outros estudiosos, o principal motivo foi o aumento nos cataclismos e a proliferação familiar que o levaram a conviver com os seus semelhantes, já que o incremento de desastres naturais e o aumento em sua descendência teriam reduzido o seu espaço de caça, as suas fontes de água e os seus outros recursos naturais.
Outros Pensadores acreditam que o início do processo de socialização aconteceu em decorrência da natural evolução mental do homem que, a partir de certo momento, ampliou a sua capacidade imaginativa e com isso a sua gama de desejos, bem como a sua necessidade de interação.
Para um terceiro grupo de eruditos, o motivo real foi a soma dos dois anteriores, considerando-se que o agravamentos das dificuldades ecológicas tenha forçado a evolução da mente humana, originando o refinamento da inteligência do homem que, então, passou a ter desejos – “necessidades” – que antes desconhecia.
Um trio de possibilidades plausíveis, certamente; porém, não há um consenso sobre o principal motivo da evolução.
Resta-nos, pois, basearmo-nos nas mesmas para avançarmos no estudo dos estágios evolutivos seguintes, especialmente no quesito da “Liberdade Civil” que passou a vigorar a partir do ajuntamento.
A “Liberdade Civil” é filha direta do pacto que os homens fizeram para conviverem, mas para que esse acordo fosse efetivado houve, necessariamente, um desejo de todos – uma Vontade Geral – para que acontecesse.
Assim, dado o seu caráter de motor essencial, antes da “nova liberdade”, falaremos no próximo capítulo sobre a mesma.
Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, Primavera de 2014.
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 4620 reads
other contents of fabiovillela
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Amor | A Amada | 0 | 2.360 | 02/19/2012 - 10:54 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Filosofia Moderna e Contemporânea - Bérgson e o Elã Vital | 0 | 2.411 | 02/17/2012 - 10:10 | Portuguese | |
Poesia/General | A 2ª Dose | 1 | 4.853 | 02/15/2012 - 11:23 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Olhos de Mar | 1 | 1.955 | 02/13/2012 - 16:51 | Portuguese | |
Poesia/General | Branco | 1 | 1.628 | 02/13/2012 - 16:14 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Filosofia Contemporânea - Círculo de Viena | 0 | 2.640 | 02/10/2012 - 20:58 | Portuguese | |
Poesia/Amor | A Ponte | 0 | 1.402 | 02/08/2012 - 20:42 | Portuguese | |
Poesia/General | Ainda Não | 0 | 2.077 | 02/07/2012 - 19:15 | Portuguese | |
Poesia/General | Febre | 0 | 1.895 | 02/06/2012 - 09:21 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | A Quimioterapia (Republicado) | 0 | 4.734 | 02/01/2012 - 10:02 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Ensaio sobre as razões de Estados e a 2ª Guerra Mundial - Japão X Estados Unidos | 0 | 3.225 | 01/31/2012 - 20:31 | Portuguese | |
Poesia/General | Tânatos | 1 | 633 | 01/30/2012 - 00:48 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Linfa | 0 | 1.229 | 01/28/2012 - 11:33 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Temores | 0 | 948 | 01/27/2012 - 10:16 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Vozes do Fim | 0 | 2.272 | 01/26/2012 - 11:03 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Marquesa | 0 | 1.844 | 01/25/2012 - 09:14 | Portuguese | |
Poesia/General | Conjunções | 1 | 1.476 | 01/24/2012 - 21:43 | Portuguese | |
Poesia/General | Rigor | 0 | 2.388 | 01/24/2012 - 11:30 | Portuguese | |
Poesia/General | Manchetes | 0 | 1.660 | 01/22/2012 - 10:48 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Nobres | 0 | 1.749 | 01/19/2012 - 23:00 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Tema | 0 | 1.901 | 01/17/2012 - 12:04 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Finais | 0 | 683 | 01/16/2012 - 12:18 | Portuguese | |
Poesia/General | Serena | 0 | 1.484 | 01/14/2012 - 11:57 | Portuguese | |
Poesia/Pasión | Matina | 0 | 1.643 | 01/13/2012 - 14:00 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Aquarela | 0 | 2.063 | 01/11/2012 - 12:21 | Portuguese |
Add comment