(Ouçam-me, pra que eu possa…)

Ouçam-me só, para que eu possa…

O que escuto possuí um nó oblíquo como o destino,
Tem vazios e interstícios complexos, ausências,
Prevalece o que puder eu fundear entre as marés,
Amor, saudade ou o que a serenidade existencial

Conseguir não explicar e o que eu escuso,
Apesar de ser segredo, debato-a comigo,
É uma Pérgula d’esguelha com roseiras,
Nem-abertas nem-fechadas, invisível

Da entrada. O que me dói tanto é oblíquo,
Quanto a esfera armilar, do lado onde tudo pende,
É abismo fundo em mar noz, donde parece,
Ninguém vem e onde nem no chão cresce avenca,

Que erre eu o rumo tanto se me dá e ainda assim
Entendo mas não estou errado quando escuto
O preciso momento em que absoluto iniquo
Do meu pensar toca o imo do que sinto,

Se calhar atento, eu escuto a analogia dos erros
Repetidos noutra e noutras dimensões, ironia
Do órgão nativo e sem tempo que dói sem doer,
Mas seduz-me o espreitar pelas frinchas do mundo,

E o enrolar das ondas vela-me aquando a bonança,
Reina e o temporal amaina e me amansa, nasço
Ao destino com alfaias em forma de sinetas
De mil por mil alternáveis movimentos de ir e de vir,

A minha vida cresceu enviusada e em nó,
Ouçam-me só pra que eu possa ouvir
Quem cala e passa, que me diga onde pára
Meu destino, longe amonte e me foge ocioso,

Sem amarra nem mar pra parar,
Onde há-de ele me ir sonhar,
Onde há-de ele me vir sonhar,
(Ouçam-me só, pra que eu possa…)

Jorge Santos (12/2014)

Submited by

Viernes, Febrero 23, 2018 - 17:31

Ministério da Poesia :

Su voto: Nada Promedio: 5 (1 vote)

Joel

Imagen de Joel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 1 semana 1 día
Integró: 12/20/2009
Posts:
Points: 42103

Comentarios

Imagen de Joel

.

.

Imagen de Joel

Se calhar atento, eu escuto a analogia dos erros

Se calhar atento, eu escuto a analogia dos erros

Imagen de Joel

(Ouçam-me, pra que eu possa…)

(Ouçam-me, pra que eu possa…)

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Joel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/General Sombras no nevoeiro 0 3.625 02/16/2013 - 21:59 Portuguese
Poesia/General o dia em que o eu me largou 2 1.584 12/30/2011 - 12:24 Portuguese
Poesia/General ciclo encerrado 0 3.156 03/11/2011 - 22:29 Portuguese
Ministério da Poesia/General gosto 0 4.192 03/02/2011 - 15:29 Portuguese
Poesia/General A raiz do nada 0 2.484 02/03/2011 - 20:23 Portuguese
Poesia/General Tão íntimo como beber 1 1.122 02/01/2011 - 22:07 Portuguese
Poesia/General Gosto de coisas, poucas 0 2.373 01/28/2011 - 17:02 Portuguese
Poesia/General Luto 1 3.854 01/15/2011 - 20:33 Portuguese
Poesia/General Não mudo 0 1.755 01/13/2011 - 12:53 Portuguese
Prosas/Lembranças Cruz D'espinhos 0 8.320 01/13/2011 - 11:02 Portuguese
Prosas/Contos Núri'as Ring 0 4.533 01/13/2011 - 11:01 Portuguese
Poesia/Fantasía Roxxanne 0 3.967 01/13/2011 - 11:00 Portuguese
Poesia/General Oração a um Deus Anão 0 5.737 01/13/2011 - 10:58 Portuguese
Prosas/Saudade O-Homem-que-desenhava-sombrinhas-nas-estrelas 0 4.070 01/13/2011 - 10:57 Portuguese
Poesia/General O fim dos tempos 0 4.781 01/13/2011 - 10:52 Portuguese
Poesia/General Terra á vista 1 2.319 01/13/2011 - 01:13 Portuguese
Prosas/Lembranças sete dias de bicicleta pelo caminho de Santiago francês 0 8.851 01/12/2011 - 23:58 Portuguese
Poesia/General Não sei que vida a minha 1 1.644 01/12/2011 - 21:04 Portuguese
Poesia/General o céu da boca 0 3.883 01/12/2011 - 15:50 Portuguese
Poesia/General Dispenso-a 0 2.291 01/12/2011 - 15:38 Portuguese
Poesia/General estranho 0 4.383 01/12/2011 - 15:36 Portuguese
Poesia/General comun 0 3.552 01/12/2011 - 15:34 Portuguese
Poesia/General desencantos 0 1.873 01/12/2011 - 15:30 Portuguese
Poesia/General Solidão não se bebe 1 3.170 01/12/2011 - 02:11 Portuguese
Poesia/General Nem que 3 2.663 01/11/2011 - 10:39 Portuguese