Palácio

Palácio, quatro janelas e parede
Saquear passos mais, roubá-los escritos
Sujos deste soalho, dito
Nutrido, de
De escamas largadas em sede, de lábios escondidos secos
E deste respirar…
Sim, arfado espectro entre recantos do convés da púrpura

Empurro?
Precisas mesmo?

O biombo de sombras alarga-se pelo odor estafado
Memória coroada de enxofre, cospe-nos mel tártaro
Jogam as silhuetas, rindo a cada carta virada

Quererei ver?
Espada ou Ouro?
Bailam, elas
As velas
No ventre da candeia amniótica e não sei
Pau ou Copa?

Quereremos ver?

Diz tu…

Entre estas tiras de negro rasgado, que são muralha tão cuidada
Cada pedra perfeita lascada
Correr?
Correr no estúpido lamentar do fogo nado?
Crescer final ao monte e tocar?

Baralham-nos
Por ventura, confuso segredado
Nos socalcos, num talvez
Nesses socalcos da lenha defunta, que finge e respira
Cerimónia e tumor, um ar que é
E eis o circo das pequenas células trocadas entre arlequins sorridentes
Figurinhas narradas em sonhos maus e dum porém sorriso fingido

Não queres vir?
Não vamos?

Provar a língua, sim…

Ceder num temor a óbito, num frio corpo solidário

Um ser tudo

Atravessado alpendre, pareço ouvir alguém
Mas…

Limpa bem os pés, sim…
Pedem-nos como aplicados, talvez até de fato engomado
Para erigir um espelho
Que será o e de escorrer, aquele
Palato que teus delitos entre portas, moradia dum firme reflexo voltear

Exara todos, bramido arrepender soletrado como tabuada
Multiplica-te pecado, guarda na manga os dias bonzinhos
Pensa que foste assim e esquece-os
Recorda num depois, um qualquer não interessa

Mas, olha…

Olha bem
Para ti
Para o que se despede
Com saudade, alguma espero…

É a última maçaneta e nada resta, brilha limpa ao fundo
Nada, que não partir a chave no medo

Vamos…

Pintar um chão de noite e sofrer nunca
Nesta ânsia de não saber a palavra, de não ter uma cor para dizer
Palácio és, de negro ela
De trevas, encantas o tapete e confundes o corredor
Por onde vagueia, zéfiro dos jardins que perdeste
A tal que perece em nós, caminhando certos dela nossa
Recebe-te, que a ti já não tornas
Casas o perfeito, de noiva tempo
Sente, o véu como morde
Num beijo arcano
De olhos
Num cúmplice por encontrar

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Lunes, Agosto 31, 2009 - 03:06

Poesia :

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brunofilipe

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Re: Palácio

Num beijo arcano
De olhos
Num cúmplice por encontrar

Do inicio ao fim um riquíssimo vocabulário, um poema estonteante
Belíssimo... Parabéns :pint:

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Re: Palácio

Bruno... Parabéns... ficou magnifico...

gostei muito

bjs na alma...

:-)

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