Divagação de um poeta na noite de sua vida

Nesta solidão que me cerca
Eu contemplo o seu olhar a me conduzir
Ao infinito do meu pensamento
Que procura nas lembranças de tempos remotos
A alegria do seu sorriso nas manhãs de primavera.
O tempo passa lentamente nos olhos cansados
E a brisa da tarde chega suave espantando o calor
De um sol amarelo que procura se esconder
No horizonte distante
Atrás das árvores refletidas nas águas a serpentear
As colunas de areia.

Tento esquecer o seu sorriso que tanto me acalentava
Seus olhos a me dizer o que havia no seu coração
Sua forma esbelta de olhar para as nuvens
E deixar os pensamentos
Escorrerem pela sua boca pequena.
Há uma profunda dor que incomoda lentamente
E aumenta conforme as horas vão passando.
É como se as areias da ampulheta quisesse dizer
Que o tempo não volta mais.

Na verdade eu já sei de tudo isso
Mas parece que as respostas para as minhas perguntas
Já não são capazes de convencer-me de que a realidade
É esta mesma que está diante de mim.

Observo o beija-flor que bate suas asas incansavelmente
E paira no ar como se me olhasse
E eu quero ser livre como ele.
Então deixo escorrer de meus olhos aquela lágrima teimosa
Que procura fugir do silêncio que me cerca.
Percorro as campinas verdejantes a minha frente
Mas nem sei se são verdes as folhas que contemplo.
Meus olhos confundem-me a todo instante
E o que sinto nem sempre é o que estou sentindo
Pois meus sentimentos são como as miragens do deserto.

Você é como essa estrela que estou olhando
Que vejo brilhar e ofuscar a minha visão
Então levanto as minhas mãos e você se afasta
E quanto mais corro em direção a ela
Mais longe ela fica de mim.
Não sei porque foi preciso caminhar nesta estrada
Que só me prende as lembranças
De um tempo que não volta mais.

Meus dedos estão encurvados
Eles nãos querem mais escrever sobre isso
Querem um descanso para seus ossos e músculos
Mas o pensamento divaga
Eles precisam ser pontuados e eternizados neste papel.
Não adianta pensar tudo isso e não falar
Onde mais encontraria respostas para estas perguntas?
Não são as respostas que movem o mundo
Mas o que seria do mundo se não houvesse as perguntas?

Agora meus passos são lentos
Não tenho pressa mais de chegar a qualquer lugar
Quero olhar tudo a minha volta
Sentir o perfume das flores e ouvir o canto dos pássaros.
Não me importa a distância
Nem o medo pode me afastar de buscar essa esperança
Esse olhar que se destaca na multidão.

Na minha mente há uma enorme confusão
Perguntas sem respostas me torturam
Pois preciso saber quem é você
E como surgiu assim na minha vida.
Não pode simplesmente aparecer do nada e mudar tudo assim
Sem uma explicação plausível.
Agora eu preciso ir
Para o meu caminho
E preciso esquecer tudo isso
Que permeia os meus sentimentos.
Só quero sentir suas mãos suaves a acariciar meus cabelos
E sua voz me dizendo para acreditar nos seus olhos.

Eu apenas quero deixar o vento levar meus pensamentos
E meus dedos registrar
O que sinto no meu coração
Nesta noite de nostalgia
Quando penso no seu olhar tão lindo.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

Submited by

Viernes, Noviembre 27, 2020 - 02:04

Poesia :

Sin votos aún

Odairjsilva

Imagen de Odairjsilva
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 12 horas 22 mins
Integró: 04/07/2009
Posts:
Points: 19191

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Odairjsilva

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Alegria Abraço o vento que me guia 7 2.197 01/05/2025 - 14:34 Portuguese
Poesia/Pensamientos O grito secreto dos deuses 7 2.229 01/04/2025 - 14:35 Portuguese
Poesia/Tristeza Exílio 7 1.798 01/03/2025 - 19:04 Portuguese
Poesia/Meditación Nada é tão estranho 7 1.490 01/03/2025 - 19:04 Portuguese
Poesia/Amor Na penumbra do silêncio 7 2.642 01/03/2025 - 19:02 Portuguese
Poesia/Alegria Mais um ano se encerra 6 1.566 12/31/2024 - 13:43 Portuguese
Poesia/Amor A chave do coração 6 1.418 12/29/2024 - 14:33 Portuguese
Poesia/Pensamientos Nas salas de justiça 6 1.945 12/28/2024 - 14:02 Portuguese
Poesia/Amor Você mudou o meu viver 6 1.601 12/26/2024 - 14:12 Portuguese
Poesia/Intervención Bastilha e utopia 6 870 12/25/2024 - 14:13 Portuguese
Poesia/Desilusión Amar escondido 6 1.159 12/23/2024 - 15:31 Portuguese
Poesia/Pasión Em seu olhar 6 1.389 12/22/2024 - 14:36 Portuguese
Poesia/Desilusión Sua imagem gravada em meu coração 6 1.384 12/21/2024 - 13:12 Portuguese
Poesia/Amor Que faria eu? 6 2.970 12/19/2024 - 13:07 Portuguese
Poesia/Pensamientos As estruturas do mundo 6 1.922 12/18/2024 - 22:34 Portuguese
Poesia/Tristeza Saudade! Quem sente? 6 1.297 12/17/2024 - 13:23 Portuguese
Poesia/Amor Ainda meus olhos te procuram 6 2.877 12/16/2024 - 15:10 Portuguese
Poesia/Amor Flecha de amor ardente 6 1.476 12/15/2024 - 14:05 Portuguese
Poesia/Meditación Vida 6 2.373 12/14/2024 - 13:49 Portuguese
Poesia/Amor Me veste de amor 6 1.444 12/13/2024 - 13:16 Portuguese
Poesia/Intervención Discurso ao penhasco 6 2.013 12/12/2024 - 12:30 Portuguese
Poesia/Pensamientos Um breve hiato 6 2.103 12/11/2024 - 22:26 Portuguese
Poesia/Meditación Tudo é tão estranho 6 1.185 12/09/2024 - 16:25 Portuguese
Poesia/Intervención Alienados no teatro digital 6 2.281 12/08/2024 - 19:22 Portuguese
Poesia/Desilusión A sabedoria da ilusão 6 1.658 12/07/2024 - 13:04 Portuguese