Nos porões

Quem sabe um dia a história falará por mim
Dir-se-á o quanto sofri
Que nem sei explicar como não morri
Nos frios porões destes navios
Que transportaram-me para longe de minha terra
E tiraram a minha liberdade.

Vendido como escravo
Para trabalhar a terra estranha
Nos canaviais,
Nas lavouras de algodão,
Nas minas de ouro
O meu couro é surrado
E sou maltratado o tempo todo.

O chicote nunca teve descanso
Enquanto minhas costas estavam em pedaços
Os gritos nunca foram ouvidos
Nem os gemidos atendidos
E não se sabe como sobrevivi nos porões
Mas, antes não tivesse visto as florestas
Nem pisado meus pés nas areias da praia.

Nunca pararam para pensar que sou humano
Que sinto dor
Que tenho uma alma e que penso
Nunca deixaram-me ser livre
Para cultuar os meus deuses
Mas me impuseram os seus que pregavam a misericórdia
Quando o chicote era erguido até os céus
Antes de descer fortemente em minhas costas.

A dor é maior ainda
Ao ouvir que não precisa reparação
O olhar preconceituoso sobre os meus descendentes
A exclusão social
Que empurra o negro para longe
Porque a sua pele é diferente
Dessa gente
Que só pensa em si mesma.

Nos porões eu sofri a violência física
Nas ruas meus irmãos sofre
Violência psicológica
Violência física
Violência discriminatória
Violência de todas as formas
Como se ainda estivéssemos dentro dos porões!

Basta de racismo!
Chega de discriminação!
Basta de intolerância!
Deixem-nos sairmos dos porões da escravidão!

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

Submited by

Martes, Julio 12, 2022 - 14:45

Poesia :

Sin votos aún

Odairjsilva

Imagen de Odairjsilva
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 19 horas 32 mins
Integró: 04/07/2009
Posts:
Points: 18578

Comentarios

Imagen de Odairjsilva

Visitem os

Imagen de Odairjsilva

Visitem os

Imagen de Odairjsilva

Visitem os

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Odairjsilva

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Tristeza Tarde silenciosa 7 232 04/15/2025 - 21:08 Portuguese
Poesia/Desilusión A lembrança dela 7 162 04/14/2025 - 23:19 Portuguese
Poesia/Alegria Nas ruas de terra batida 7 272 04/13/2025 - 18:48 Portuguese
Poesia/Pasión Desejo no olhar 7 319 04/13/2025 - 13:37 Portuguese
Poesia/Amor Deixar de te amar? 7 323 04/13/2025 - 03:07 Portuguese
Poesia/Amor Janelas do ser 7 297 04/12/2025 - 02:22 Portuguese
Poesia/Pensamientos O vento pode ser ameaçador 7 244 04/09/2025 - 01:14 Portuguese
Poesia/Desilusión Podia ser uma canção de amor 7 563 04/08/2025 - 20:43 Portuguese
Poesia/Pasión Admiração 7 213 04/07/2025 - 21:38 Portuguese
Poesia/Pensamientos O homem feito em palavras 7 581 04/06/2025 - 15:49 Portuguese
Poesia/Meditación Natureza morta em luz de neon 7 537 04/05/2025 - 20:17 Portuguese
Poesia/Intervención Entre concretos e sonhos 7 479 04/05/2025 - 01:13 Portuguese
Poesia/Meditación A pedra de Sísifo 7 218 04/03/2025 - 22:57 Portuguese
Poesia/Intervención Vou insistir 7 521 04/03/2025 - 20:29 Portuguese
Poesia/Pasión Ela é 7 294 04/02/2025 - 20:03 Portuguese
Poesia/Desilusión Sem sentido 7 436 04/01/2025 - 23:58 Portuguese
Poesia/Pasión Quando me olhas 7 405 03/31/2025 - 20:38 Portuguese
Poesia/Meditación O homem eterno 7 508 03/30/2025 - 12:43 Portuguese
Poesia/Pensamientos O rei amaldiçoado e o homem só 7 534 03/30/2025 - 01:34 Portuguese
Poesia/Amor A chegada 7 609 03/29/2025 - 00:05 Portuguese
Poesia/Intervención O paradoxo da urgência 7 300 03/28/2025 - 21:24 Portuguese
Poesia/Intervención Entre os cacos 7 1.075 03/26/2025 - 20:58 Portuguese
Poesia/Meditación Justiça 7 234 03/25/2025 - 22:58 Portuguese
Poesia/Meditación Simplicidade 7 380 03/24/2025 - 23:35 Portuguese
Poesia/Pensamientos O paradoxo da existência 7 510 03/23/2025 - 18:08 Portuguese