O macaco de pedra

Tão estranho como o silêncio constrangedor
Que afoga as mágoas de solitários
Presos em suas próprias armadilhas
Era a imagem da solidão agora transformada em estátua
Depois de conduzir os peregrinos
Na direção contrária do sol.

Eu me calei diante da situação irreal
Porque não sabia exatamente o que fazer
O macaco de pedra poderia exaltar-se
E arrancar o coração dos desafortunados
Como se fossem alimentos para saciar a fome
Dos que vivem jogados pelas ruas desertas.

De nada adiantava os gritos na madrugada
Ninguém se importa com a dor do outro
Cada um segue o seu caminho em silêncio
Que é para não incomodar os que cochilam
Nem mesmo perturbar os que estão vidrados na tela
Como se o mundo não importasse mais.

Olha só o que pode acontecer caso não ouça
Uma mistura de cogumelos alucinógenos
É bem capaz de revelar segredos ocultos
E desmascarar os falsos profetas que estão por ai
Até mesmo os videntes com suas borras de café
Terão um dia de desespero para amenizar.

Abra os olhos e contemple a estátua no saguão
Quem pode negar que seja do macaco de pedra
O mesmo que desejava ter uma visibilidade exagerada
Que afirmou ser o enviado dos deuses
Para resolver os sérios problemas da humanidade
E não fez nada além de enriquecer-se a custa dos outros.

Eu não vou falar mais nada
Estou cansado de expor a verdade que ninguém dá ouvidos
Melhor seria que me escondesse nas montanhas
Que fosse lançar iscas para os peixes no rio
Tudo agora é mais confuso do que foi outrora
Então é melhor deixar que aconteça o que tem que acontecer.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

Siga-nos @poetacacerense

Submited by

Lunes, Abril 24, 2023 - 12:00

Poesia :

Sin votos aún

Odairjsilva

Imagen de Odairjsilva
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 23 horas 55 mins
Integró: 04/07/2009
Posts:
Points: 18614

Comentarios

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Odairjsilva

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Meditación Entre circuitos e silêncios 7 180 04/18/2025 - 13:36 Portuguese
Poesia/Meditación Vestígios em ruínas 7 177 04/17/2025 - 14:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos Escultor de silêncios 7 198 04/16/2025 - 22:20 Portuguese
Poesia/Tristeza Tarde silenciosa 7 285 04/15/2025 - 21:08 Portuguese
Poesia/Desilusión A lembrança dela 7 177 04/14/2025 - 23:19 Portuguese
Poesia/Alegria Nas ruas de terra batida 7 338 04/13/2025 - 18:48 Portuguese
Poesia/Pasión Desejo no olhar 7 388 04/13/2025 - 13:37 Portuguese
Poesia/Amor Deixar de te amar? 7 360 04/13/2025 - 03:07 Portuguese
Poesia/Amor Janelas do ser 7 326 04/12/2025 - 02:22 Portuguese
Poesia/Pensamientos O vento pode ser ameaçador 7 271 04/09/2025 - 01:14 Portuguese
Poesia/Desilusión Podia ser uma canção de amor 7 719 04/08/2025 - 20:43 Portuguese
Poesia/Pasión Admiração 7 230 04/07/2025 - 21:38 Portuguese
Poesia/Pensamientos O homem feito em palavras 7 626 04/06/2025 - 15:49 Portuguese
Poesia/Meditación Natureza morta em luz de neon 7 571 04/05/2025 - 20:17 Portuguese
Poesia/Intervención Entre concretos e sonhos 7 515 04/05/2025 - 01:13 Portuguese
Poesia/Meditación A pedra de Sísifo 7 219 04/03/2025 - 22:57 Portuguese
Poesia/Intervención Vou insistir 7 532 04/03/2025 - 20:29 Portuguese
Poesia/Pasión Ela é 7 322 04/02/2025 - 20:03 Portuguese
Poesia/Desilusión Sem sentido 7 440 04/01/2025 - 23:58 Portuguese
Poesia/Pasión Quando me olhas 7 414 03/31/2025 - 20:38 Portuguese
Poesia/Meditación O homem eterno 7 541 03/30/2025 - 12:43 Portuguese
Poesia/Pensamientos O rei amaldiçoado e o homem só 7 584 03/30/2025 - 01:34 Portuguese
Poesia/Amor A chegada 7 619 03/29/2025 - 00:05 Portuguese
Poesia/Intervención O paradoxo da urgência 7 320 03/28/2025 - 21:24 Portuguese
Poesia/Intervención Entre os cacos 7 1.107 03/26/2025 - 20:58 Portuguese