Notre Dame

Santa inteligência tacanha
que quanto mais apanha,
mais se mostra bisonha
nessa cara risonha.

Nascido burro,
feito a tapa e a murro,
sigo a minha sina
de ser o bobo da esquina.

O corcunda que ama Esmeralda
e que a incontinência obriga à fralda.
O sineiro da Catedral.
A face do Mal
etecétera e tal.

E, no entanto, avisto Acácias.
Sorrio, quando tu passas
e me comporto dentro do esperado:
sou o bonzinho retardado.

Alguns me chamam de Milagre;
outros, de filho do Padre.
Nada que me desagrade,
pois no fim, chamam-me de Compadre.

E assim vou indo.
Corcunda retardo
e leso do pensamento tardo.
E metido a poeta
como se a palavra
se desse a qualquer um ...

Não que Ela se me oferte.
Eu a roubo no dicionário
e construo certo hinário
que transporta o que não veem,
mas que sei que aqui tem.

O lápis me nivela,
algum som me revela
e tomara que a flor amarela
mostre-lhe que a fealdade
é de toda a Cidade.

Construimos muro e avenida,
mas matamos a vida.
Galopamos à toda brida,
mas é inútil toda investida.
Breve, estaremos de partida.
Algum deus anseia por nossa saída.

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Martes, Septiembre 15, 2009 - 21:16

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fabiovillela

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Comentarios

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Re: Notre Dame

Fábio,

"O lápis me nivela,
algum som me revela
e tomara que a flor amarela
mostre-lhe que a fealdade
é de toda a Cidade."

Tomara que o lápis, o som, a flor enfim continuem nivelando sua inspiração!

Gostei muito!
;-)

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Re: Notre Dame

fabiovillela!

Notre Dame
Construimos muro e avenida,
mas matamos a vida.
Galopamos à toda brida,
mas é inútil toda investida.
Breve, estaremos de partida.
Algum deus anseia por nossa saída.
Gostei, lindo!
MarneDulinski

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