frascos de sementeiras em morgue universal

cadáveres que inchavam a terra
putrefacta de leitos montanhosos
no cume do zumbido sôfrego
enfermeiras falecidas lavavam moscardos de rapina
eram escorridas sanguíneas mandíbulas

bisturis fendiam-se às linfas
a cirurgia era bicada emplumada
no palato se degolavam as línguas
as cicatrizes apalpavam os ossos
rasgados costurados à agulha
indolor saciedade da consistência
das aparas do ontem
o plasma fecundava o cultivável

semeados olhos germinados à órbita
cérebro torácico com urtigas
testiculares brotados em ramalhetes
frondosa planície epidermal
clitóricos preenchidos de suco
relva penugem com genital orvalho
línguas ramificadas de ciprestes
instigado insaciado adubo
e
os esvoaçados deglutiam as iguarias

frascos de sementeiras
jazidos aconchegados nos ninhos
futurologia germinativa à gula
e
os cadavéricos esventrados de sementes
eram morgue universal

© Bruno Miguel Resende

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Martes, Septiembre 29, 2009 - 06:02

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