Mormaço

O mormaço abraça
essa espera.
O homem, no balcão,
grita nomes,
mas se vê que anseia por silêncio.
Que todas as doenças tivessem fim.
Que todos os doentes tivessem fim.

Crédulas mulheres,
de cabelos não cortados
e de resignações espessas,
citam a Quem veneram.
Tornam-no responsável
pelas suas últimas esperanças.

Alguém quer ser íntimo
da recepcionista mal humorada.
Alguém quer passar à frente,
mas a recepcionista o ignora
e, no íntimo, sente-se vingada
de suas frustrações cotidianas.

Alguém, no andar de baixo,
geme um grito alto.
Verbaliza a angústia comum.

Um homem exibe suas roupas novas
(por que as exibe?).
Tantos olhares para tão poucos vazios.

Tudo foi tomado pelo fastio.
Insistem vidas em estilhaços.
Excede-se o cansaço.

Submited by

Martes, Febrero 9, 2010 - 21:01

Poesia :

Sin votos aún

fabiovillela

Imagen de fabiovillela
Desconectado
Título: Moderador Poesia
Last seen: Hace 8 años 38 semanas
Integró: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Comentarios

Imagen de robsondesouza

Re: Mormaço

Escreves muito bem, Fàbio!

"Alguém quer ser íntimo
da recepcionista mal humorada.
Alguém quer passar à frente,
mas a recepcionista o ignora
e, no íntimo, sente-se vingada
de suas frustrações cotidianas.

Alguém, no andar de baixo,
geme um grito alto.
Verbaliza a angústia comum."

A recepcionista precisa de alguém que a alerte para seu desgaste, sugerindo um emprego que reponha seus gastos (não necessaria/ financeiros).

Abraços, Robson!

Imagen de MarneDulinski

Re: Mormaço

LINDO POEMA, GOSTEI!

Meus parabéns,
Marne

Imagen de RobertoEstevesdaFonseca

Re: Mormaço

Gostei imensamente deste poema.

Grande abraço,
Roberto

Imagen de apsferreira

Re: Mormaço

O mormaço acalenda
o tédio, que mói...
:-)

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of fabiovillela

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Amor Ausentes 0 3.127 01/05/2015 - 01:04 Portuguese
Poesia/Amor O Gim e o Adeus (2015) 0 3.830 12/31/2014 - 15:02 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - Parte XII - A Metafísica 0 7.362 12/29/2014 - 20:06 Portuguese
Poesia/General Gauche 0 3.235 12/26/2014 - 19:50 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - Parte XI - O Método 0 6.580 12/24/2014 - 21:01 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - Parte X - A Geometria Analitica 0 7.760 12/24/2014 - 20:57 Portuguese
Poesia/Amor Quietude 0 2.279 12/21/2014 - 22:03 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - Parte IX - O primeiro filósofo moderno - Cogito Ergo Sun 0 5.875 12/20/2014 - 21:29 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - Parte VIII - A época e o ideário básico 0 6.716 12/20/2014 - 21:25 Portuguese
Prosas/Contos Farol de Xenon 0 5.205 12/20/2014 - 01:40 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - Parte VII - Notas Biográficas 0 9.455 12/19/2014 - 13:56 Portuguese
Poesia/Meditación Sombras 0 4.107 12/18/2014 - 00:21 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - Parte VI - Preâmbulo e índice de obras 0 4.924 12/17/2014 - 14:07 Portuguese
Prosas/Drama Nini e a Valsa 0 6.119 12/17/2014 - 01:56 Portuguese
Poesia/Amor As brisas e as rendas 0 3.299 12/15/2014 - 22:08 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - os Tipos de Razão Filosófica 0 6.838 12/13/2014 - 19:53 Portuguese
Poesia/Amor Desencontros 0 3.429 12/10/2014 - 20:41 Portuguese
Poesia/Amor Navegante 0 3.674 12/05/2014 - 01:21 Portuguese
Poesia/Amor Evoé 0 3.879 12/03/2014 - 01:17 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - Parte IV - o Racionalismo 0 9.167 12/01/2014 - 15:21 Portuguese
Poesia/Amor A Face 0 3.277 11/30/2014 - 00:20 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - Parte III - o Racionalismo - continuação 0 12.393 11/27/2014 - 15:33 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - Parte II - o Racionalismo 0 4.985 11/26/2014 - 15:03 Portuguese
Poesia/Amor A Dança 0 2.217 11/23/2014 - 19:28 Portuguese
Prosas/Otros Descartes e o Racionalismo - Preâmbulo (Apêndice: a Razão) 0 6.869 11/22/2014 - 21:56 Portuguese