Amor & Guerra

A minha vida pertence-me

Não sou um número,
Sou um homem livre

O meu nome é Homem

Não deixarei que me utilizem
me assimilem,
me criem um ficheiro,
classifiquem ou desclassifiquem
Numa base de dados

Não deixarei rastros digitais

Tenho mais de 10 000 anos
tenho orelhas, olhos e boca
Tenho impulsos, vontade própria
Tenho identidade, consciência individual
(a consciência colectiva é uma utopia falaciosa)

Não sou uma máquina, um número,
Um dígito
Não sou uma peça de engrenagem
de uma nova Metropolis

Não sou uma fotocópia
Sou original com vida própria

Não quero seguir
reproduzir
Modelos impostos

Sou discípulo de Kafka
Avesso a burocracias
(No jobs for the boys)
Fã do superhomem de Nietzche
Estoico mais do que epicurista
Seguidor de Baco
Eros ou Narciso
Mais helénico do que latino
Cidadão livre
Da Respública
Democrático platónico

Na Aldeia Global
(Alphaville de Godard)
Sob escuta
Sob vigia
Todos vivem como avatares
Com números ao lugar de nomes
Paranóia colectiva
Farenheit 451
Revendico a minha identidade
A minha vida é um livro em aberto
que salvo na minha memória interna
Mesmo que seja tratado de geek
Faço reboot (reset)
Crio a minha própria realidade

Evado-me
Easy Rider
De livre vontade
da base de dados
da Sociedade de Controle
da Sociedade de Consumo alienada
Na qual (quais) não me confino

Demissiono das minhas funções

Prisoneiro n.º 6

Não sou um número
Sou um homem livre

A minha vida pertence-me

O meu nome é Homem