Querendo...
Querendo a aguarela respirar-me na tempestade celeste
saciavam-se as pétalas de fogo e areia fina em chuvisco,
e vertendo insalubres e penetrantes rasgos de memória
aqueles olhos onde a raiva esculpia sombras de madeira
jamais planeadas na rota mais fria do meu rosto,
foram-se compondo como uma pauta de música.
.
O gesto oco da voz que incidia na omoplata florida
submergia num sorriso irónico que o vento teimava em sacudir...
perante o som de pregos de aço martelados entre os dedos,
como se eu esperasse a redenção das folhas onde escrevi
palavras que nunca lembro nos momentos em que te sonho.
.
Sei de cor que foram muitas as vezes que me deixaste amargurado
com as sílabas que foste proferindo em dias de intempéries
ou mesmo quando o sol escarlate tombava sem receio sobre o mar.
Eu sentia o chamamento da fina película de óleo nas ondas
que me incendiava os poros na esperança que surgisses na tela.
.
Não se ouvia mais nada para lá das muralhas em ruínas tristes
onde silenciosamente teimavam em pousar as gaivotas viajantes.
Fui-me perdendo nas horas onde o quartzo nunca foi sugerido
para manter um rigor de horas minutos e segundos elegantes.
Mesmo querendo emoldurar a saudade
nunca soube pintá-la com a sua verdadeira dimensão
para saberes que a dor que me atormenta é como régua sem medida.
rainbowsky
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 997 reads
Add comment
other contents of rainbowsky
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Ministério da Poesia/Fantasía | Diálogo transparente | 0 | 1.118 | 11/19/2010 - 18:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Meditación | Escreves ou não? | 0 | 2.273 | 11/19/2010 - 18:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Intervención | Esperanças | 0 | 1.478 | 11/19/2010 - 18:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Amor | Estrela | 0 | 2.745 | 11/19/2010 - 18:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Meditación | Farol identidade | 0 | 2.062 | 11/19/2010 - 18:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Desilusión | Feitiço | 0 | 1.705 | 11/19/2010 - 18:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Pasión | Gelo violeta | 0 | 1.703 | 11/19/2010 - 18:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/Amor | Há tanta luz | 0 | 1.911 | 11/19/2010 - 18:27 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Medo | 3 | 900 | 09/21/2010 - 05:54 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Desassossego | 3 | 2.005 | 09/16/2010 - 21:06 | Portuguese | |
Poesia/General | Expresso descafeinado | 2 | 1.542 | 09/16/2010 - 20:38 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Não pedi à caneta | 4 | 1.087 | 09/11/2010 - 00:33 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | A estrada íngreme | 1 | 1.240 | 09/01/2010 - 00:43 | Portuguese | |
Poesia/Amor | TU FAZES-ME DELIRAR... | 4 | 1.465 | 08/29/2010 - 20:11 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Ponto de luz | 2 | 666 | 08/23/2010 - 16:05 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Guerra e uma pequena flor | 1 | 1.143 | 08/15/2010 - 23:32 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Guerra e uma pequena esperança | 1 | 853 | 08/15/2010 - 20:06 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Homem de negro em arame branco | 3 | 831 | 08/14/2010 - 17:58 | Portuguese | |
Poesia/General | Caixa de correio | 5 | 1.011 | 08/14/2010 - 13:17 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Mata-me o gelo no teu copo | 1 | 798 | 08/10/2010 - 16:35 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Silencio-me nas tuas mãos... | 3 | 721 | 08/10/2010 - 00:01 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Neste planeta... | 2 | 914 | 08/05/2010 - 00:17 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Viver às escuras | 3 | 761 | 08/04/2010 - 01:17 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | A visita do carteiro | 3 | 1.285 | 08/03/2010 - 22:57 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Languescente terminação | 2 | 1.398 | 08/03/2010 - 17:53 | Portuguese |
Comentarios
Re: Querendo...
Querendo pintar, esculpir, ou mesmo construir em mais variada forma estrutural do sentimento, nada poderia correr tão bem como na poesia!
Em que:
"Sei de cor que foram muitas as vezes que me deixaste amargurado
com as sílabas que foste proferindo em dias de intempéries
ou mesmo quando o sol escarlate tombava sem receio sobre o mar.
Eu sentia o chamamento da fina película de óleo nas ondas
que me incendiava os poros na esperança que surgisses na tela."
E o poeta sabe de cor como colorir um poema!
Beijo
Carla
Re: Querendo...
Olá caro amigo poeta
Deslumbrante este teu poema
Falar, medir pintar, pincelar
até o infinito tem vezes em que
de verdade a saudade é tanta que
as vezes temos a impressão que
não cabe dentro de nós....
Parabéns por tão linda inspiração
você é sensível e escreve na medida
Beijinhos no coração
Re: Querendo...
Parabéns meu caro amigo gostei deste poema.
Fui-me perdendo nas horas onde o quartzo nunca foi sugerido
para manter um rigor de horas minutos e segundos elegantes.
Mesmo querendo emoldurar a saudade
nunca soube pintá-la com a sua verdadeira dimensão
para saberes que a dor que me atormenta é como régua sem medida.
Um abraço melo
Re: Querendo...
rainbowsky!
MEUS PARABÉNS, PELO LINDO POEMA, GOSTEI MITO!
Mesmo querendo emoldurar a saudade
nunca soube pintá-la com a sua verdadeira dimensão
para saberes que a dor que me atormenta é como régua sem medida.
Um abraço,
Marne