Se eu me chamasse Serena...

Se eu me chamasse Serena...

Se eu me chamasse Serena, abriria a noite calma e clara em todas as janelas do meu coração para ver o olhar das estrelas sorrindo para os teus olhos. E se os céus se vestissem de cinzento. ainda assim poderia ver a poeira dourada dos astros, envolvendo num sopro de essência fragante, o teu corpo, além do tempo onde os relógios nunca marcam a hora certa...

Se eu me chamasse Serena, partiria deste cais e voaria até ao mar dos teus sonhos, respiraria a suave brisa que deixas nos meus sentidos; e num espaço perpétuo escreveria com plumas, um poema sem nome, com as essências aromáticas de todos os incensos...

Mas aprendi que não me chamo Serena e não sei onde mora a esperança, nem os sonhos de ninguém, quando sulco as ruas solitárias e vazias de todos os sonhos adiados..

Sei que não me chamo Serena quando vozes acesas rasgam o infinito e perturbam esta minha vontade de evasão, os movimentos onde o espírito se quer liberto, e a saudade tem a côr do desejo e a forma íntima do ego...

Tudo se transforma e transfigura porque o meu nome não é Serena...

Neste pequeno espaço, olho as minhas mãos inquietas numa cumplicidade que se quer sublime. Reflexos de um sol escondido tocam um retrato a preto e branco...
Um retrato do tempo que não tem o nome de Serena...