Os degraus da noite...

Toscos e húmidos, machucam meus passos,
Cinzentos e sombrios, de medo dormentes:
Rasgo o papel dos versos esquecidos...
Num silêncio sem sono e sem luz de luar,
Imagem finita de mim...

Assim caminho na noite vazia
Habito-me em ti e na mente da vida;
Decido amar-te em doces palavras
Nos limites do eu, ao rumo do dia.

Nos degraus da noite, espinhos pisei
Usei toda a força num mundo deserto,
Enganos, desafectos e pontes vazias,
Lágrimas caídas nas duras calçadas.

O vento chora gritante e há chuva lá fora,
Vem...abre a porta da noite que o dia fechou;
Derrama cascatas nas parcas esperanças,
Escassas de nós, na noite sombria...

Falta-me o tempo sem hora marcada,
Pêndulo suspenso nas águas da noite...
Vem...Pousa em mim um pássaro de seda
Plumas de brisa e de asas azuis...
Acolhe-me no lado esquerdo do peito,
Afasta a distância na orla rasgada
Apaga as trevas dos degraus da noite...

Em "Salpicos de mar e fogo"