Maria da Manta
Vidas vividas na velha aldeia
Um pouco dela feia,
Despida por dentro. E no entanto,
Tantos contos a espreitar às janelas
Viradas para as ruas quase desertas
Em que quase ninguém passa.
Todos se lembram dela!
As crianças todas o souberam ser
De ternas infâncias.
Livres passarinhos!
Em brincadeiras velozes,
Até anoitecer… devagarinho.
As fontes acolhiam os rostos
Cansados, dos novos e velhos… alguns estoirados!
De tanto trabalho sacrificado
Desde a manhã em escassas águas
Que nos lavavam
De Verão em frescas nascentes.
Agora tudo é diferente!
Já não há crianças a brincar
Junto às antigas fontes. E os avós
Não precisam assustar
Os mais pequenos ficando sós,
Com o conto da “Maria da Manta”.
Personificação de gente,
De algo que vivia dentro das profundas águas
Levando ao fundo, as crianças mais curiosas
Em seu manto envolvente.
Incutida a ideia mantinha a distância
Evitando a queda e o afogamento.
Agora, já ninguém lá cai.
Agora já ninguém vai beber a água da fonte,
Nem esperar que nasça limpa e fresca…
E escorra de mansinho para a ribeira
Onde as mães lavavam os cueiros
E as roupas apenas em dias soalheiros.
Carla Bordalo
[i][size=xx-small]
"Maria da Manta", personificação de algo que vivia dentro das águas profundas levando as crianças curiosas. A ideia era incutida para que a criança não se aproximasse sozinha dos poços ou fontes evitando a queda e a morte por afogamento.[/size][/i]
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2016 reads
Add comment
other contents of mariacarla
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Soneto | Amarga Desfolhagem | 1 | 3.249 | 06/28/2014 - 21:08 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | O Teu Sorriso | 0 | 2.760 | 08/03/2013 - 10:03 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Se o Sol não nascer, será sempre noite | 0 | 2.234 | 08/03/2013 - 10:01 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Nunca Mais! | 0 | 3.343 | 11/11/2011 - 20:10 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Lembranças... pensamientos | 0 | 3.333 | 10/21/2011 - 20:51 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Desprovidos de capela | 1 | 3.099 | 06/10/2011 - 15:47 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Saudade | 1 | 2.582 | 03/15/2011 - 20:20 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Poema | 0 | 3.045 | 03/15/2011 - 17:46 | Portuguese | |
Fotos/Perfil | 2862 | 0 | 4.290 | 11/23/2010 - 23:52 | Portuguese | |
Fotos/Perfil | 2863 | 0 | 3.616 | 11/23/2010 - 23:52 | Portuguese | |
Fotos/Perfil | 2752 | 0 | 4.429 | 11/23/2010 - 23:51 | Portuguese | |
Fotos/Perfil | 3019 | 0 | 4.181 | 11/23/2010 - 23:38 | Portuguese | |
Fotos/Naturaleza | Rio Côa | 0 | 3.762 | 11/20/2010 - 05:16 | Portuguese | |
Fotos/Naturaleza | Rosa Vermelha | 0 | 3.970 | 11/20/2010 - 05:16 | Portuguese | |
Fotos/Naturaleza | Jasmim | 0 | 3.465 | 11/20/2010 - 05:16 | Portuguese | |
Fotos/Naturaleza | Flores Brancas | 0 | 3.609 | 11/20/2010 - 05:16 | Portuguese | |
Fotos/Otros | O meu cão | 0 | 4.294 | 11/20/2010 - 05:16 | Portuguese | |
Fotos/Naturaleza | Flor de Laranjeira | 0 | 3.559 | 11/20/2010 - 05:16 | Portuguese | |
Fotos/Naturaleza | Tulipas | 0 | 4.555 | 11/20/2010 - 05:16 | Portuguese | |
Culinária/Sopas | Creme com todos | 0 | 2.563 | 11/19/2010 - 11:56 | Portuguese | |
Culinária/Ensaladas | Salada Rápida | 0 | 2.925 | 11/19/2010 - 11:56 | Portuguese | |
Culinária/Postres | Tarte de Natas | 0 | 3.130 | 11/19/2010 - 11:56 | Portuguese | |
Críticas/Varios | Restaurante Taberna | 0 | 3.466 | 11/19/2010 - 01:48 | Portuguese | |
Críticas/Varios | Restaurante Tio Mateus | 0 | 3.725 | 11/19/2010 - 01:48 | Portuguese | |
Críticas/Varios | Dia 3 | 0 | 3.376 | 11/19/2010 - 01:47 | Portuguese |
Comentarios
Re: Maria da Manta
Adorei conhecer este mito das aldeias de teu pais, foi uma forma magnifica de contar nos dias de hoje uma lenda.
Re: Maria da Manta
Os mitos e os ritos na sociedade já perdidos.
Um excerto de cultura popular, um medo genuino que o tempo demoveu.
È o progresso, a evolução dizem eles....
È o Deserto e a despovoação, ddigo eu
Re: Maria da Manta
Este seu poema trouxe-me imensas lembranças da minha aldeia e de quando em criança, nadava no rio e nos ribeiros. Aprendi a nadar muito cedo.
Mas que era perigoso, isso era
A água da fonte da minha aldeia. vem de uma nascente da serra, é muito saborosa e está sempre á mesma temperatura, de verão e de inverno. Fresca o quanto baste.
.
Gostei do poema
beijo
Matilde D'Ônix
Re: Maria da Manta
Uma fonte de medo!!!
:-)
Re: Maria da Manta
Que maravilha de poema, infelizmente apesar da "Maria da Manta" ainda viver em algumas fontes de muitas aldeias, cada vez há menos crianças nessas aldeias.
Gostei muito
Abraço
Nuno
Re: Maria da Manta
Lembro-me de ser criança e beber água da fonte, e até de uma cisterna que fica no alto de uma serra onde ainda hoje existe um moinho de vento funcional. Lá dentro tinha peixes minúsculos e uma transparência incrível. Era fresca para o corpo e para a alma.
E eu sinto-me como criança pequena afogada num desses poços ou fontes.
Tristeza sim, profunda. Mas pelo menos posso ler-te.
Beijinhos com carinho.
rainbowsky