72 Horas
Sinto a ressaca do amor excessivo
e do exagero de estar vivo
nesse tempo de gesto passivo
e falar inexpressivo.
Preço de viver assim:
o estranho lucro
de burro xucro,
de doido maluco
que sonha o harém sem eunuco.
Da sacada assisto
o Homem restrito
que efeitiçado pelo rito,
ou por K. e pelo grito,
chora e berra aflito
e se queda contrito.
Qual será sua mandinga?
Tão moço ainda ...
Logo tomarei a Morfina sagrada
e a ausência indesejada,
por obra da bela amada
que mistura sopro e dentada.
Por onde A. andará?
Em qual tempo me esperará?
A chuva da madrugada
lavou a alma e o Nada,
nessa incerteza de calçada.
Anoitece a solidão que me traga
e essa angústia que nada afaga
ajeita-se na cama e cobra sua paga.
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Sábado, Abril 17, 2010 - 23:40
Poesia :
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