Só tu sabes!
Só tu sabes o que vem contigo quando sais pela porta de casa,
Quais as lembranças, as cicatrizes que carregas com o jornal de
Todos os dias debaixo do braço e com que tentas enganar o tempo.
E ninguém mais sabe porque demoras tanto a sair do primeiro degrau,
O que tens de deixar para trás para poder andar junto a todos os rostos
Que morrem baixinho nas ruas e dos quais esperas apenas um sorriso.
Talvez sempre tenhas pensado que eram as nuvens que seguravam o céu,
Que impediam que ele caísse sobre os pássaros que procuram o calor
Da infância acima dos telhados e das sombras de todas as coisas.
E talvez nunca tivesses visto que os candeeiros só se apagam por não ser noite,
Que as flores só saem do inverno na primavera, e que os automóveis só param
No vermelho dos semáforos ou nas passadeiras aonde ainda passa alguma gente.
Mas só tu sabes! Só tu sabes!
Tanto nos podias contar, tanto que nem haveriam palavras que chegassem
Para poderes dizer quem foste, e o que fazias parado a olhar para a manhã
Que ia passando para lá daquilo que sempre soubeste não ser de mais ninguém.
E tanto nos podias mostrar que haveria sempre alguém que te esperaria sentado
No silêncio para te dar a mão logo quando saísses do último sonho, alguém
Que enrolaria os braços sobre ti e colaria os lábios a todo o teu sofrimento.
Mas mais ninguém sabe o vem contigo quando sais pela porta de casa,
Porque demoras tanto a sair do primeiro degrau que dá para as ruas onde
Compras o jornal que te engana e sorris de olhos tristes a quem morre baixinho.
Porque isso só tu sabes! Isso só tu sabes! Só tu sabes! Só tu! Só! Sabes?
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2018 reads
Add comment
other contents of jopeman
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Pasión | O amor cisma no rosto que amanhã ainda esqueço | 13 | 659 | 12/22/2009 - 03:06 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | A Cabala de um Sonho | 12 | 1.005 | 12/22/2009 - 02:59 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Diário de um Eunuco | 13 | 747 | 12/22/2009 - 02:46 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Filhos de Deus | 6 | 451 | 12/20/2009 - 12:38 | Portuguese | |
Poesia/General | Porque bafejar no vidro espelha a Alma? | 10 | 685 | 12/08/2009 - 00:34 | Portuguese | |
Poesia/Pasión | A dor lida à Alma não esquece | 11 | 1.498 | 12/02/2009 - 13:36 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Bem-vinda seja, ó dor! | 16 | 663 | 12/01/2009 - 16:13 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Olhar da Alma - Ego | 9 | 391 | 12/01/2009 - 14:07 | Portuguese | |
Poesia/General | O pecado de Deus | 10 | 795 | 12/01/2009 - 14:05 | Portuguese | |
Poesia/Comedia | Por quem me tomas ó Deus? | 6 | 530 | 12/01/2009 - 14:00 | Portuguese | |
Poesia/General | Pião | 14 | 591 | 11/30/2009 - 21:43 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Marioneta | 10 | 805 | 11/30/2009 - 21:40 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | A Lua vive alta | 15 | 532 | 11/27/2009 - 22:14 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | A dor que me espia | 13 | 892 | 11/09/2009 - 22:53 | Portuguese | |
Poesia/Amistad | Não o deixo apagar | 9 | 527 | 11/04/2009 - 15:26 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | As Fraldas de um Anjo | 9 | 624 | 10/30/2009 - 12:54 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | A Distância da Infinidade | 8 | 699 | 10/30/2009 - 01:02 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Sudorese Poética (Duo com Analyra) | 13 | 771 | 10/30/2009 - 00:40 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | O Pianista | 13 | 619 | 10/30/2009 - 00:33 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Apupos | 11 | 1.421 | 10/30/2009 - 00:26 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Fui poeta | 6 | 690 | 10/19/2009 - 11:44 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Conhece-te | 4 | 764 | 10/13/2009 - 05:24 | Portuguese | |
Poesia/General | Galheta de Oiro | 5 | 591 | 10/09/2009 - 19:03 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Se me ouso poeta | 7 | 790 | 10/09/2009 - 18:21 | Portuguese | |
Poesia/Pasión | O caríssimo quer abeirar-se? | 6 | 336 | 09/24/2009 - 18:42 | Portuguese |
Comentarios
Re: Só tu sabes!
"Talvez sempre tenhas pensado que eram as nuvens que seguravam o céu"
Lindissima iagem João, podia mesmo ser, não era?
Ler-te é sempre um prazer!
Beijinho grande em ti!
Inês
Re: Só tu sabes!
Meu querido João,
Desta vez, me fizeste chorar!
Estou vertendo lágrimas a pensar e sentir a dor de sorrir triste a quem vai morrendo baixinho...
João, tu és um grande poeta!
Um beijo em ti.
Re: Só tu sabes!
João,
Cada pessoa é um mundo impenetrável.
Belíssimo como sempre.
Beijo
Nanda
Re: Só tu sabes!
Jopermam, tu pões uma intensidade nos teus poemas que bate no peito. A última estrofe se embebe em um desespero certeiro, o desespero da certeza do que se vê!
Pois sinto esta intensidade, a verdade do saber, a dúvida sobre ela. Mas no fundo quando afirmam-mos que só o outro sabe, pelo memos temos a certeza de sabermos disso.
Adorei ler-te, como sempre, impecável.
Grande abraço.
Re: Só tu sabes!
Sim só nós sabemos os porquês de tanto sofrimento, os dilemas que nos acompanham a alma, só nós sabemos e por vezes nem compreendemos porque nos custa tanto sair do primeiro degrau talvez por ser demasiado confortável a permanencia, talvez porque pensamos que é o último mas, nunca se sabe poderá ser sempre o primeiro!
Muito bom poema João:)
Bjs
I
Re: Só tu sabes!
São tantos os rostos que se cruzam nas avenidas da vida, mas o intímo sentir...só tu sabes!
Uma boa reflexão
Beijinhos