O Cair do Tempo

No degredo do tempo,
Por baixo do teu olhar, portada de ti,
Exímio entalho, exílio do tempo,
Onde…
(...tuas rugas...)
O meu ver atento debruço para ti.

Aragem que passa, bafagem corroída,
Brisa na asa, no encalço e decorrida.
(...teu viver, aos poucos o teu morrer)

Em gotículas... diluídos olhares,
Por tempo gasto, vasto, ventos e pesares,
(...tua espera, queima e consome...)
Esparsos ao vento,
Lançados em vão,
Ao olhar atento,
Do vento do tempo.

Apanhados na mão,
Teus beijos sonhados,
Imaginados, enviados,
Arrancados,
Falados,
No grito da pena... chorados!

(...desenhados ao ar...)
Na ponta dos dedos,
Gemidos na mão,
No pulso gritados,
Abandonados em vão,
(...os ais do teu saber...)
Ensejos caídos e... afogados!

Na portada do tempo,
Onde ficas e debruças,
(...onde tu olhas o tempo passar...)
O cair do teu querer,
E ris... de ti por não saber.

Pedro Martins