O Bugre Cacerense
Dentro da sociedade cacerense existem infinidades de temas que podem e devem ser problematizados em tempos oportunos como os que vivemos. Por se tratar de uma região de vasta fronteira com outro país existe a questão das drogas. A prostituição é outro tema que suscita uma análise profunda assim como a exploração do trabalho nessa cidade. Mas um dos temas que merece bastante atenção sobre a sociedade cacerense é a questão do bugre. E é sobre o bugre que quero tecer alguns comentários neste espaço.
O "Bugre" é uma presença marcante na cidade e até mesmo fora dela. Pena que seja usado, na grande maioria das vezes, pejorativamente. O termo refere-se aos descendentes dos povos que habitavam a região. O bugre é um tipo único que vive na região da grande Cáceres.
Com as migrações dos anos 40 aos 60, as pessoas que vieram do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e outros estados brasileiros adotaram uma postura de superioridade com relação aos bugres, isto é, aos habitantes dessa região. O bugre passou a ser ainda mais desvalorizado e exposto ao preconceito e racismo.
Mas quem é o bugre?
Várias são as definições que se dão ao bugre. Em um texto muito bem problematizado, Luis Augusto de Mola Guisard faz um estudo comparado e nos apresenta algumas respostas para essa pergunta. Segundo o autor "a sociedade cacerense relaciona o termo em uso corrente com a idéia de infidelidade social, identificando o bugre com aquele que é da fronteira, que possui características indígenas, vagabundos, enfim, aquele que não se coaduma com o ideário produtivista, que vem substituir a visão estritamente religiosa da Idade Média, preservando, porém, sua função moral de justificar a exclusão social do bugre".
Se indagarmos aos habitantes da cidade e aos que aqui vieram morar, possivelmente notaremos uma diferença no conceito do que é o bugre em cada um deles.
Sempre tive minha atenção atenta a esse fato. Nasci embaixo de uns pés de manga na rua dos coqueiros, próximo ao estádio Geraldão (ao lado para ser mais exato) e fui amamentado por uma senhora (mãe de leite) genuinamente cacerense. Meus pais são mineiros e, então, surge a pergunta: sou um bugre? Já fui chamado assim e não tenho nada contra. Creio ser uma coisa legal ter uma origem.
O que precisamos é valorizar a nossa origem. O que as pessoas taxam de forma depreciativa podemos erguer a cabeça e mostrar que, independentemente de onde você nasce, é você quem constrói o seu futuro. Tenho orgulho em ser cacerense e amo essa terra de coração. Se pudesse escolher onde nascer, com certeza diria a Deus, embaixo do pé de manga da rua dos coqueiros em Cáceres.
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2838 reads
Add comment
other contents of Odairjsilva
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Amor | Cada verso é uma gota de suor | 0 | 1.162 | 05/29/2014 - 20:23 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Colapso | 2 | 905 | 05/29/2014 - 20:12 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Por sua causa tenho lindos sonhos de amor | 0 | 1.792 | 12/12/2011 - 14:20 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | O Homem é um animal | 0 | 2.283 | 08/23/2011 - 21:25 | Portuguese | |
Poesia/Amor | O que posso fazer se amo você? | 0 | 1.208 | 07/26/2011 - 14:13 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Nada se compara a você | 0 | 999 | 06/29/2011 - 21:16 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Nada se compara a você | 0 | 1.656 | 06/29/2011 - 21:12 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Chegada e partida | 0 | 1.257 | 06/18/2011 - 01:32 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Eu e você | 0 | 1.230 | 06/13/2011 - 18:48 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Imaginação | 2 | 1.147 | 06/09/2011 - 18:20 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Quero pegar em suas mãos | 0 | 1.566 | 06/09/2011 - 18:04 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Ao meu amor | 0 | 2.034 | 06/04/2011 - 01:51 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Saudades | 1 | 1.118 | 05/11/2011 - 22:53 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Fim | 1 | 1.777 | 05/06/2011 - 01:54 | Portuguese | |
Poesia/Pasión | Uma paixão pior do que mil mortes | 1 | 1.611 | 05/04/2011 - 19:30 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Não Fale de Amor | 1 | 1.353 | 03/29/2011 - 19:11 | Portuguese | |
Prosas/Contos | Algemas | 0 | 2.259 | 03/23/2011 - 21:12 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Amor, meu grande amor | 0 | 1.404 | 03/11/2011 - 23:12 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Vida social | 0 | 2.530 | 02/09/2011 - 13:37 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Dimensão do amor | 0 | 1.524 | 02/03/2011 - 13:58 | Portuguese | |
Poesia/Amor | As três faces do amor | 0 | 1.268 | 02/01/2011 - 17:55 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Se ainda existe amor | 0 | 1.639 | 02/01/2011 - 17:42 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Meu Coração | 1 | 1.139 | 01/31/2011 - 01:08 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Insensato Coração | 0 | 1.042 | 01/27/2011 - 15:55 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Nas asas do vento | 0 | 1.418 | 01/27/2011 - 15:50 | Portuguese |
Comentarios
Re: O Bugre Cacerense
Origens devem ser respeitadas e não agir com preconceito, bugre ou não, negro ou branco, viva as diferenças! Não sei o que vc é, mas nem me importa, sei apenas que escreve muito bem! Abraços