CONDESSA ELIONOR PARTE II - O DIÁRIO

LEGADO DE SANGUE

AS TRÊS CONDESSAS

PARTE II

CONDESSA ELIONOR - O DIÁRIO

Por Felix Ribas

Oh! Meu diário pobrinho e carmesim que tanto apreço venho eu a ter, se faz tu hoje a mim, meu único companheiro de devaneios e aventuranças neste negrume de lúgubre andejo que me tomou-me a lucidez de minhas horas e de meus dias que se fez fardo muito doido a minh’alma à carregar se contrapondo sim em minh’vida a tudo que sou , a tudo que fui ou virei algum dia q’sá a ser.
Mas meu diário, meu companheiro em ti me vou a declarar a toda gente que venha ou possa interessar a triste sina desse senhora de tanta dor e de pesar que foi do mundo apenas serva a mercê de toda sorte, que foice rica e miserável, foice bonita e hoje velha mas já me pondo a declarar-me toda minha vida nesta hora aqui me vou manuscrever para que posa q’sá a alguma alma tecer destino melhor que o meu.
Eu, como começar bem quando pequena, formosa sinhá assim me chamavam todos aqueles que balbuciam a serdes cativos ao Conde meu nobre pai. Desaventurança se pairava minh’vida de pobrinha, pois eu esta sim não sou mais que nada, mais um manto roto das minhas dores inconsolada ao subterfúgio do desdém de toda gente do lugar, pois desde muito cedo fui a sinhá apenas isto a filha do Conde Hass e assim mesmo que me julgam, um adorno, um enfeite a alumiar aos salões com alegria e desenvoltura a serdes bela e educada como uma dama a serviço de meu pai, como sem alma eu fora a época sempre cabisbaixa a não retrucar aos mandos e desmandos de toda a gente.
A bico de pena neste meu choro que se faz pranto manuscrevo aqui minh’alma, a minha vida e meus amores, como regalo aquém possa de mim a ter algum interesse após mi’morte a conhecer-me.
A começar na verdade eu não sou de origem nobre, pasmem ou não sou eu sim adotada, eu pobre oriental abençoada a toda sorte pelo amor e compaixão de meu senhor o Conde Hass e por isto eternamente serei eu grata, conto agora como que tudo se aconteceu a modo de minh’alma esta livre do grilhão e do peso de minhas culpas poder deixar.
Era eu moça bem pequena ainda creio que devias a ter por volta de quatro anos, quando a desgraça a mim pairou meus pais de sangue estes pobres infelizes foram os dois exterminados mortos pois sim, pelo regime durante a guerra, meu pai serviu ao nosso exercito com bravura e fidalguia a alevantar aos mastros de independência a nossa terra tão oprimida mas certo dia já muito longe de nossos campos e nosso mar em emboscada de outro fronte foi ele morto sem piedade a tornar-se mártir de nossa gente e manchar com seu sangue solo inimigo mas que adiantou seu nobre ato a mim e mãe só uma medalha vieram a dar nem o seu corpo pudemos ver e nem ao menos um funeral digno o ofertar, era pequena mas me marcou aquela cena de minha mãe quando a porta o oficial deu-lhe a medalha e lhe contou tudo que avia se sucedido com seu marido o meu pai, ela cairá aos prantos de joelhos a blasfemar a toda gente ao governo, ao exercito a Deus e ate ao cão. Pode se imaginar a dor que aquele moça ainda tão jovem e cheia de vida veio a ter na ocasião só bem mais tarde pude entender aquele dia o ocorrido e porque desde ali minha mãezinha tão pobrezinha só definhou, em pouco tempo foice a morte sem relutar pois desta vida não mais queria tanto sofrer e insalutar. Lembro-me bem do dia que ela morreu enfadonha noite de ira e cólera que já se faz longe ao meu viver, de tudo chorei sobre seu corpo por algum tempo sem ao menos alguém a me amparar, pela manhã vaguei sozinha disto me lembro com fome e frio, entregue a minha própria sorte que se via se fazia ser bem pouca sei lá eu por quanto tempo pela província vaguei sendo eu e minha dor que por tão nova não era tanta a comer do lixo e da bondade de toda a gente que pela menina triste e ranheta quando ao passar tinha pena, carinho ou pesar.
Ate que um dia santo e bendito veio a mim meu salvador, certa manhã perto de mim chegou-me o Conde a me olhar, envergonhada fiquei eu lá empedernida frente a ele, era ele ainda um rapagão forte, austero e corpulento com vestimentas sempre de muita classe e ostentoso luxo, este senhor tão imponente compadeceu-se ao verme ali jogada a sorte e ao desdém de toda plebe do lugar, acarinhou-me deu-me comida e com carinho que poucos crêem que dele se possa a ser proferido levou-me eu a consigo ao palacete donde ele se fazia ser o senhor, sua senhora comigo também foi deveras demasiadamente boa, tratou-me dama, como se nobre eu vira a ser, me acolheu como sua filha, deu-me modos e tornou-me sinhá, criaram-me como se fora deles eu gerada isto sim posso a dizer mesmo contraponto de toda a gente do lugar, estes meus pais de criação e fato posso dizer e não de sangue, nunca a sorte de ter um filho seus de fato puderam a ter, dor esta certa via estampada ao rosto de minha mãe por toda a vida, como ao do Conde por não ter filho homem a levar adiante ao seu legado, conforme se passaram aos anos poucos criados e quase nenhum nobre sabiam de minha origem de não ser nobre, tornei-me sim a filha querida e amada de meus pais e sua jóia como eles sempre me faziam a mim questão de lembrar.
Quando cresci um pouco mais infelizmente como a todos já se fazia não ser mas tempo a brincadeiras, tornava-me moça e esplendorosa, hora esta meu pai achou de bem de me mandar a estudar na capital, a contraponto minha mãe que a tão chegada que era a mim, sempre com mimos a me cativar não concordou de ver eu longe e com o conde veio a ponderar, após árdua peleja em prosa então a seu marido o Conde veio a convencer a sim eu estuda-se a tornar-me dama de fato como de costume era aos nobres do lugar, mas não tão longe, não à Capital mas sim q’perto na Academia da Província, que se fazia a época ser de muito boa reputação, e donde que em toda estação podia eu vir a revelos e alumia-los com minha presença, carinho e meu amor. Meu pai o Conde pensou um tanto mas concordou ele também queria-me perto pois me amava como ninguém, pois assim se deu o ocorrido arrumei minhas malas e lá me fui no primeiro vapor a província na Academia à estudar, tempos difíceis se foram aqueles nunca do lar desde adotada eu tinha saído a qualquer coisa a fazer sem a tutela de minha mãe ou do Conde meu protetor, era eu tímida devera muito, poucas amigas eu tive lá, estudei eu muito tornei-me dama eu sei eu sim, com toda a pompa e circunstância que se possa a esperar gostava muito da etiqueta e das aulas de canto e de bordado moça prendada de tudo faz a acalentar ao seu nobre lar, depois de um tempo acostumei-me com muito custo me inturmei confesso ser bom ter mais meninas a conversar, láno palacete embora demasiadas festas quase em todos se faziam velhos e sisudos ali eu era mais liberta creio que seja o termo certo a poder usar. Bem certo dia primaveril ao começar de um novo ano na Academia estava eu a admirar as açucenas na ala leste sentada ao muro de trás da fonte quando a mim surpresa certo rapaz ainda moço perto de mim veio a se assentar, puxou conversa envergonhei-me, era bonito alto e muito galante, embora eu tímida não minto a vós que reparei.
Falava muito este rapaz que a mim se foi tão elegante, após os dias que se correram via-o seguido quase que a todo instante ou pelos vastos jardins da Academia ou em meus sonhos, por muitos meses trocamos olhares namoro por lá confesso era deveras muito difícil de se a ter, escola rígida de cunho católico sobre isto era intransmutável a Academia muito posso a garantir, mas certo dia depois da missa este moço a mim veio a chamar-me as escondidas detrais da igrejinha donde estávamos, este moço que cativou-me me proferiu vários versos a declarar por mim ao seu amor, envergonhada mas muito feliz dei-lhe um beijo e me fugi rumo ao aposento donde parava na Academia aquele ano, senti-me boba e desavergonhada que de mim ele devia a ter pensado, dar-lhe um beijo logo de cara, que moça eu devia ser, uma desavergonhada ou libertina senti-me mal a aquele impulso de dar-lhe o beijo que eu tivera.
Mas ele sim demais gostou, de mim cativo ele se tornou, sempre dava um jeito de vir a mim me ver mesmo com o tutor em nosso encalço de certo modo muito nós namoramos naquele ano se for se contar as circunstâncias e limitações que nosso tempo e escola a nós veio a proferir, lembro-me bem de nossa formatura belo e lúgubre dia se fez aquele, após um piquenique que ele me armara a cascata de Aeon na véspera, que belo dia este sim o foi fiquei eu triste ate posso confessar-lhe a dizer por este moço ser tão galante e respeitoso naquela hora, lhe daria mais liberdade se ele ousasse um pouco mais.
Mas foi tão bom e magistral nunca na vida vou me esquecer nós dois juntinhos perto do lago sentindo a brisa e enamorados em companhia apenas do doce cântico dos passarinhos, e da beleza do lugar.
O inevitável se veio depois na formatura depois da festa apenas um beijo e a nós se fez a separação, dizia-me ele que veria a me buscar logo, logo que de suas obrigações as terras de seu pai pude-se a se desvencilhar.
Voltei eu ao palacete de minha infância tantas lembranças e saudades sentia aquela hora de meus pais, logo ao chegar na estação os dois vieram de carruagem a me esperar com largo sorriso estampado em seus rostos os avistei, e logo a aproximar-me com grande abraço vieram a acalentar-me sentia sim que eu estava novamente em meu lar.
Passou ao natal e ao ano novo, muitas festanças no palacete vieram a se assuceder meu pai ostentoso sempre festeiro lá recebia a muita gente, todos babavam e o bajulavam em consequência a mim também, do rapaz sempre lembrava impaciente já me encontrei, mas esperançosa que aquele moço que prometera o seu amor a tanto a mim, viria e honraria sua palavra não sendo apenas mais um aproveitador de donzelas como minha dama de companhia insistia de dizer ele ser.
Certa manhã já se fazia verão em minha província logo ao despertar orvalhado do sol fui-me partir eu a cidade de charrete a encomendar certo vestido que eu não tinha a poder ir ao aniversário de um dos amigos de velha data de meu pai, voltei por volta do meio-dia que surpresa tivera eu ao chegar e abrir a porta de minha casa, logo que adentrei a residência me veio minha dama em polvorosas a cochichar-me que certo moço veio ao logo cedo ao palacete a ver meu pai, e que este moço a minha mão a pretender veio a pedir ao senhor Conde, e seu pai senhor Conde de lá o enxotou de forma plebe sem o pobre nem a poder pestanejar. Indaguei-lhe quem era o moço e ao descrever-me tão garboso e fidalgo tive a certeza de ser ao meu amor que meu pai devera tinha tripudiado. Que dor a minha lembro sentir naquele instante, foi como se a angustia de minh’alma apoderar-se e ao meu pai me dirigi sem pensar na hora em minha insignificância, diante ao Conde eu poderei, primeira vez o enfrentei, disse-me eu apaixonada pelo rapaz, meu pai a principio riu as gargalhadas, após me ver eu seria deu-me um sermão que filha sua com esta laia não casa não, vá ao seu quarto e tranque-se lá ate eu chama-la foi só que disse meu velho pai. Chorei eu muito desconsolada, desamparada e moribunda o que fazer podia eu contra a vontade de meu nobre pai.
Dois dias depois me veio Elo uma criada que se fazia a servir em nossa cozinha trazer-me carta de meu amor, palpitante de alegria mas temerosa despistei a toda a gente parti eu a encontra-lo furtivamente mesmo ainda sendo dia, que despautério q’sá o que ocorreria se nos pegassem naquela hora decerto o Conde nos mataria. Me fui ao bosque perto minh’casa, lugar que a carta vinha a marcar chegando lá que alegria tive de vê-lo lembro-me bem, mas eu sabia que nosso amor naquele dia q’sá pra sempre não podia a ser, ele implorou-me que com ele fugi-se de tudo aquilo e nova vida pudéssemos ter, um recomeço era a mim tentador de forma demasiada ainda mais por tanto ama-lo e como o amava, tanto a quere-lo eu lá estava mas eu sabia meu nobre pai nos caçaria ate o inferno na mesma hora inventei a ele um noivo arranjado por meu pai, besta história a convence-lo, mas ele cego de amor por mim acreditou-me sei lá eu feliz ou triste naquela história, me lembro bem sua face se fez triste o que a mim partiu o coração se foi ele ao longe enegrecido achando que era de mim traição.
Doeu-me tanto deixa-lo ali mas a mim pensei ser o melhor, minha família nunca iria a aceita-lo nos caçaria e creio que por desgosto meu pai podia ate mata-lo sim, além do que devo-lhes muito aos que a mim deram amparo, sou de meu pai única alegria a sua velhice, senti eu naquela hora que não podia o abandonar.
Triste sina se fez a minha pouco depois minha profecia se fez a concretizar meu nobre pai conjurou meu dote dando minha mão a despojo do filho fidalgo do Comendador seu amigo de longa data, era ele bom rapaz não vou negar creio que de mim nada o pobre vinha a sentir como eu dele posso afirmar, nosso noivado se fez longo pois eram tempos difíceis de muita guerra lá na província, estranhamente este meu noivo como por mágica enriquecera durante o pouco que durara aquela guerra, assim logo que se deu a paz nossos pais o casamento vieram a marcar, senti-me triste mas consolada era o destino que a mim foi dado neste momento, se meu amor viesse galgando algum alazão e oferta-se a mim mesma proposta de fugir ao norte e recomeçar. Aceitaria sem pestanejar de muito bom grado posso afirmar.
Mas não fora isto que viera a se assuceder, veio o dia do casamento eu aprumada desde a véspera, pairava bonita e virtuosa toda adornada a cetim e pedraria a ofuscar todas que pairavam a cintilar no empírico lugar.
Já conformada a situação estava eu naquela hora, como eu nunca jamais tivera nesta vida a ajeitar-me fui-me eu a arrumar-me a ser despojado pelo Holandês, pensei comigo sei não o amo mas devera sei ser bom partido, já que a vida privar-me de tudo ao amor quem sabe ter certa alegria podia eu e a mesma alegria dar a minha família com o casório e q’sá a muitos netos ao meu nobre pai. Tentei eu a convencer-me que a tomada decisão por mim era acertada, mesmo tomada de louco amor e delirante a meu fidalgo nobre rapaz que tanto amo, que fazer eu pobrezinha já esta hora não sei que mais, me resolvi não blasfemar de meu pai sua palavra e nem a mim dês conjurar a anedota de tola gente que lá já esperava ao casamento. Já se fazia a plebe e burguesia em frente a casa a empanturrar-se pois nossa festa já se fazia desde a véspera, agora é tarde demasiado pensei comigo para voltar atrás.
Chegou o dia tão esperado que se fez esplendoroso e primaveril, enfim se faz próxima a hora de nossa aguardada união, cercada eu de nobres damas fui ardonada a fino trato, vestido branco de calda longa enfeitado todo d’oiro e pedraria cousa mas linda que eu já vira, digo sim emocionei-me desde que o vi, se sabe casar é sonho de moça desde tenra idade ainda mais com fidalgo e com um vestido daquele porte, de todo as amas me aplumaram desde os cabelos ate os pés que linda festa se fez lá fora ouvia a algazarra e também aos fogos, meu pai pois sim não se a teve a nesta festa poupar vintém posso a garantir. Já à tardinha chegara à hora tão esperada do casamento, levada fui ate ao altar por meu paizinho lá na Igreja esta tão linda toda em flor cheia as pampas de toda gente nobre ou plebéia do lugar, entrei eu nervosa mas orgulhosa pois só se casa uma unica vez na igreja ao menos isto é verdade, cheguei ao altar e vi meu noivo todo garboso a me esperar, neste momento eu fui feliz, de tudo ali podia a morrer que já seria realizada, foi curta a cerimônia se contrapondo a festança que a sucedeu que se fez longa com belo baile no palacete de meu nobre pai, como de muitos já não o via creio que desde meus quinze anos, já a madrugada se fez ser cedo um tanto tontos pela bebida e já cansados eu e meu noivo fomos a recolher-mos pois já de tudo todos os fidalgos e nobres já a aviam a retirar-se ficando apenas poucos bicões quase de todo só bebarrachos.
Enfim nós dois frente a frente, envergonhados a desvelada pureza que ainda castos nós mantínhamos, ele me foi muito gentil, me aconchegou com toda a calma acariciou a meus cabelos, me fez sentir dele à protegida e acalentada em seu braços me fiz mulher, noite esta obviamente inesquecível que se foi longe a descobrirmo-nos em prazer, de certa forma apaixonei-me pelos carinhos do holandês, mas esta noite creio que foi o fim de toda a alegria que por via na vida eu tivera.
A parti daí só denegriu meu casamento e minha posição junto a meu pai, o holandês e meu paizinho não se entendiam de forma alguma e eu desgraçada sem ter o que fazer não apoiava nem um nem outro sendo eu sim martirizada.
Pouco depois que alegria vi-me eu a engravidar, me pus eu prenha de rapariga, o que a meu marido e a meu pai não agradou, mas por este período sim se ouve paz a esperar o tal herdeiro que por desprezo se fez ser menina e não homem como queriam, no meio tempo da gravidez tragédia maior se fez a nossa família se adonar, a tal riqueza de meu marido foi oriunda de roubo da Corte Holandesa por parte dele e da sua família durante a guerra lá na Europa, que triste sina se fez a minha, o meu marido com o seu pai Comendador foram julgados e condenados a morte pela forca, no mesmo tempo meu pai se foi assassinado por um escravo que tomado de ira por sua filha ter sido por meu pai deflorada sem nenhum pudor cortou-lhe a garganta com certeiro golpe de adaga, mesmo depois de ter isto feito não contente este escravo ateou fogo ao palacete donde morávamos, negrume dantesco este que se fez a minha vida pairar neste momento pois de tudo o mal ainda as dividas e a doença de minha mãe, minha mãe o pobrezinha se definhou com a tristeza e o pesar da vergonha que sentira por ser traída por meu pai, por nosso nome a ser jogado na sarjeta e por de nobre se tornar menos que burguesa.
Eu coitada nada sabia de negócios a tratar, fui lesada e explorada por velhacos e saqueadores, encontrava-me eu perdida sem mais rumo saber a qual tomar só minha filha nesta época enfadonha dava-me forças a neste mundo ainda a perdurar, naquela época mulher não tinha voz a negociar, fiquei eu pobre e nem comida tinha dinheiro eu mais a poder ter, desesperada quase a sarjeta, vivendo dos restos e da bondade de algumas amigas que ainda cultivava.
Mas certo dia neste tempo veio-me a sorte, de tanto pobre que eu me encontrara como serviçal fui a trabalhar em um estabelecimento de certa amiga que me amparou e a minha pequena, nesta manhã com meu antigo tutor da Academia vim a cruzar melhor dizendo o recebi, o atendi e o servi no estabelecimento que eu estava a trabalhar.
Surpreso ao me encontrar por lá, como não poderia deixar de ser, perguntou-me do que avia a acontecido a formosura desta menina.
Contei-lhe tudo a soluçar, que nada tinha mais no mundo sequer moral a lá ficar depois dos trambiques e balbucias de meu marido e de meu velho e falecido pai.
O nobre tutor compadeceu-se de minh’alma e de meu pesar, veio a mim a oferecer pouso e morada se trabalha-se como tutora de etiqueta na Academia lá da Província, fiquei deveras muito contente mesmo porque eu não mais podia a nesta cidade continuar, era eu palhaça e anedota a toda a gente do lugar, pois sim novos ares poderiam me fazer bem, quem sabe lá donde tantas boas lembranças ainda as tinha eu poderia recomeçar. Mas na Academia não se aceitava paragem a serviçal com criança e desta forma se lá eu fosse a trabalhar não poderia levar a minha pequena junto comigo. A pobrezinha doce e inocente não tinha culpa de tudo aquilo que eu e ela estávamos a passar, com muito pesar a dei a Condessa D’Eu Vars, doce senhora que a muito era de minha família amiga, esta sozinha com muitas posses de bom grado a aceitou, sei que me doeria por toda a vida deixa-la ali, pobrezinha de minha pequena mas não podia mais a sustentar e tão pouca poderia a dar-te dignidade a crescer em sociedade não ali naquele lugar sempre seria uma Hass Van Drumenn a ser anedota do lugar e a pagar pelos enfadonhos erros de seus ancestrais, parti eu então rumo a Academia de meu tutor ao primeiro vapor chorando baixo sem olhar pra trás.
Chegando lá fui trabalhar, a minha vida recomecei, de tudo foi bom o que me ocorrera neste lugar, fui respeitada novamente como se fora gente depois de tanto tempo que já nem lembrava-me mais, tornei-me dama e senhoria, boa professora todos me vinham a considerar, era feliz aquele tempo embora a pobreza que eu vivia, naquele tempo morava lá mesmo em um quartinho perto ao refeitório da Academia, ganhava bem pouco tanto que mal dava a meu sustento, mas me foi bom reclamo eu não, fora uma benção este trabalho a dar-me alento e novos ares.
Mas certo dia ao meio-dia veio-me a surpresa a devaneio meu velho amor me apareceu, meu coração cavalgou em meu peito de forma a eu quase a desfalecer a mesma hora, empedernida frente ao mesmo não sei explicar que eu senti naquela hora, mas tomei-me de coragem e de forma contente lhe fui falar, foi curta a tarde se foi a noite em longa prosa entre nós dois, ele avia a de muito mudado pude notar não era mais o bom menino que conhecera antigamente neste mesmo lugar, já bem maduro e mais seguro se fez um homem encantador, estava bonito e bem mais forte ele era deveras um rapagão, cobriu-me de elogios como a anos de homem algum eu recebera se declarou enamorado a minha pessoa que nunca a mim avia a esquecido envaideci-me posso a confessar, a ele dei certa liberdade a perguntar-me e indagar-me de minha vida este curioso que se fazia naquela hora, disse-lhe tudo de minha vida desde nosso ultimo e fatídico encontro que estava a me encontrar viúva, sem família e muito menos bens cousa que ele menosprezou, sorrindo disse que me amava de qualquer forma ou circunstância, mas de tudo algo o escondi de minha filha nunca o falei.
Estava eu carente sei-o bem, a tanto tempo sem ter ninguém mas sempre o amei e desejei, disto nunca ninguém a de suspeitar, não foi golpe ou dote que dele novamente me aproximou posso afirmar, nesta hora de minha vida nada mais impedia nossa união, ele um Sir senhor de terras nobre da corte e grande fidalgo eu uma rales professora a de favor a viver em uma decadente Academia do interior.
Dei-me a ele sem mais a nem pestanejar, muito feliz posso os dizer por deste homem que outrora tivera por meu pai enxotado por ser ele pobre hoje acolher-me mesmo viúva como esposa, este meu homem foi-me o melhor, deu-me a mim o céu e a terra, de oiro e jóias veio a cobrir-me, fez tudo que pode a me fazer feliz.
Mas o tempo se faz ser açoite e tormentoso para com os que amam, e por vezes se faz ele a ser cruel a toda gente. O meu amor que fora tanto por este homem com o tempo esmoreceu, lhe tinha carinho e muito respeito mas amor a muito já não o mais por meu marido eu cultivava infelizmente venho a dizer.
Certo dia eu me encontrava só o que cada vez se fazia a ser mais normal, pois meu esposo tornava-se cada dia mais rico e mais indispensável aos grandes bailes e eventos sociais e políticos da região, deixando-me cada vez mais em segundo ou terceiro plano.
Sei-o bem que este desinteresse que meu marido jazia em seu âmago por minha pessoa, era quase de todo de minha culpa por a ele transparecer que já não mais já não mais o amava, o queria ou o desejava nem como companheiro muito menos como amante.
Mas como digo nesta malfadada tarde vim a conhecer certo rapaz que servia a meu marido no escritório, era bem moço um rapagão lembrava muito meu velho pai, mais magro sim mas com o mesmo semblante e ar dominador que enfeitiçava-me a cada instante, a esperar ao meu cônjuge este rapaz a mim fez companhia.
Porque pensei eu não o pus pra fora de minha casa ao eives de acolhê-lo como se era de uma dama a se esperar, depois de certo tempo sem mais a conversar se fazia morta nossa conversa, pois já a muito estávamos a esperar ao Conde meu marido, então este teve a ousadia de a mim vir a cortejar, embora enraivecida a petulância do rapaz, confesso eu que envaideci-me, depois de tanto tempo e eu já velha ainda a um jovem interessar, senti-me horrível a fretar com ele que eu me tornara depois de velha uma meretriz ou vagaba, que eu pensara de fazer nesta hora, estava eu louca devera estar sim.
Por muitos dias me condenei, mas o interesse ao rapaz a cada dia cresceu mais, o via sempre melhor dizendo, ele me via. Pois sempre desculpa achava a visitar-me com o pretexto de ver ao meu marido, depois de um tempo não mais resistir aos encantos daquele jovem tornei-o sim o meu amante, perdi com o tempo toda a vergonha, toda a culpa e sisudez, a deixar a toda gente transparecer o que se fazia ao ocorrer naquela casa.
Sabia eu a minha vergonha que meu esposo embora distante cada dia mais de minha pessoa, que este nunca tivera por um instante deixado de me amar, que este sempre tivera feito o que julgou ser o melhor para nós dois, e que por mais desgastado que nosso relacionamento por minh’culpa sei-o bem estive-se este nunca iria de forma alguma a me desamparar.
Mas por mais culpa que eu tive-se ao ocorrido sem Pedro já não mais podia a viver, pois este já não se fazia ser a razão de minha vida mas a todo o meu viver.
Estou eu cá a pensar de alguma forma, algum meio a desvencilhar-me deste enleio que eu me pus por minha lascívia despudorada a esta idade, como posso eu a contar tudo ao Conde, como eu posso a minha vida dar um recomeço sem magoar ao homem que a mim se fez escravo, que sua vida a minha dedicou.
Não imaginas a dor que devera sinto a situação, de um lado o homem do qual eu amo e de outro o homem que devo eu tudo.
Q’sá ele o Conde se compadece de mim e situação e deixa-me ir, nosso casório já se faz morto a muito tempo eu sei-o bem e ele também.
Quando coragem eu deste tomar oh! Meu diário, meu companheiro venho eu sim lhe confessar com alegria ou pesar o que ocorrera.

A Condessa desta sorte não gozou a ter, pois seu marido o Conde na conseguinte tarde que este manuscrito diário fora escrito, chegou ele sim mais cedo de seu trabalho e deparou-se com a Condessa a acariciar-se com seu amante a mais pesar em seu próprio leito e da Condessa, sem mais ter pena tomado a vergonha e cólera da ocasião logo a noite a Condessa ele assassinou desferindo a ela cinco certeiros golpes de faca os quais estraçalharam-no ao peito. Tomado pela culpa de ter assassinado a própria esposa a que a todos diziam ele ter devoção quase inumana, sobre o corpo permaneceu empedernido ate que a policia veio a levá-lo ao cárcere e posteriormente ao julgamento, ninguém nunca mais ouviu falar do tal amante da Condessa que como por mágica desaparecera.
Dois dias após seu julgamento o Conde enforcou-se em sua cela deixando apenas uma carta destinada a sua enteada que este descobrira ter apenas quando já se fazia a estar aprisionado, assim como ao seu testamento passando todos seus bens a mesma moça e este diário de sua esposa que acima puderes a ler.

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Miércoles, Abril 14, 2010 - 10:13

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Re: CONDESSA ELIONOR PARTE II - O DIÁRIO

ESTE É O 2º CONTO DE MEU LIVRO LEGADO DE SANGUE AS TRÊS CONDESSAS, COMO SE PODE VER MUITO MAIS ADORNADO A FINA ESCRITA QUE O 1º POIS ESTE FOI ESCRITO COMO SE POR DAMA DE FINO TRATO TIVE-SE SIDO O FEITO, ESPERO QUE APRECIEM A MINHA ESCRITA DO SEC XVIII, LOGO POSTAREI AO 3º CONTO DA SERIO O QUE LHES DARÁ MELHOR IDÉIA SOBRE O LIVRO

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