Cancioneiro - Ela canta, pobre ceifeira

Ela canta, pobre ceifeira

Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,

Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.

Ah, canta, canta sem razão!
O que em mim sente ‘stá pensando.
Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando!

Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência

Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!

Fonte: http:// www.ciberfil.hpg.ig.com.br
58

Submited by

Miércoles, Septiembre 30, 2009 - 16:31

Poesia Consagrada :

Sin votos aún

FernandoPessoa

Imagen de FernandoPessoa
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 14 años 23 semanas
Integró: 12/29/2008
Posts:
Points: 745

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of FernandoPessoa

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Enfia a agulha 0 1.409 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Entre o luar e o arvoredo 0 1.163 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Entre o sossego e o arvoredo 0 1.235 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Epitáfio Desconhecido 0 958 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Era isso mesmo 0 1.057 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Eram Varões Todos 0 1.148 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - É um campo verde e vasto 0 1.306 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Eu 0 848 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Eu amo tudo o que foi 0 1.022 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Eu me resigno. Há no alto da montanha 0 1.206 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Eu tenho idéias e razões 0 1.532 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Exígua lâmpada tranqüila 0 836 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Falhei. Os astros seguem seu caminho 0 913 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Doze signos do céu o Sol percorre 0 1.805 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Durmo, cheio de nada, e amanhã 0 853 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Durmo. Regresso ou espero? 0 1.188 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - E a extensa e vária natureza é triste 0 933 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - É boa ! Se fossem malmequeres ! 0 1.200 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - O Louco 0 1.034 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Eh, como outrora era outra a que eu não tinha ! 0 803 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - É Inda Quente 0 928 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - E ou jazigo haja 0 904 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - É uma brisa leve 0 1.034 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - E, ó vento vago 0 651 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Em outro mundo, onde a vontade é lei 0 1.145 11/19/2010 - 16:55 Portuguese