O operário e a bailarina

Ele ergue em torno de si
Uma sólida fábrica
de armações de aço
ferros e maquinarias
Enquanto isso
Ela flutua no espaço
e move com seus passos
o tempo derretido

Ele sobe em alturas
Que parecem incríveis
E cerca-se de arames
Sempre tão farpados
E enquanto isso
Ela dança vestígios
E sobe em telhados
Pra viver de estrelas

Ele veste capas de armaduras
Ouve sinos, canta ordens
Sai às tantas sempre em ponto
Ele é o operário
A vida é certeza
Ela escreve versos
Inventa cantigas
Dizem que é louca
Sua crença e sina
Ela é a bailarina

Mas, quando estão juntos:
Ela rega plantas
Ele veste rios
Ela faz café
Ele conta histórias
Ele repousa em seu ventre,
Ela costura bainhas
Ele cose o amanhã
Ela desenferruja as trancas
Ele ordenha o futuro
Ela adormece
Ele adormece
Não há nada que os separe

Ele é todo corpo
Ela é o esquadro

Eles se encontram,
se perdem inexatos
Libertam seus fardos
Fazem-se os sentidos
Ela é a operária
Ele o bailarino

E tudo, tudo que era sólido
se desmancha no ar
...

Patrícia Porto

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Lunes, Enero 18, 2010 - 16:38

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