O único brinquedo

O ÚNICO BRINQUEDO

Numa noite fria de inverno
Mês de Dezembro, ruas em solidão
Eis que numa farmácia com ar terno
Entrou um menino loiro com um brinquedo na mão
Dirigindo-se ao farmacêutico devagar…
Nos seus azuis olhos, um tímido olhar
Pôs-se nas pontas dos pés ao balcão

-Mas o que queres, o que espreitas?
-Questionou o farmacêutico carrancudo
O menino estendeu-lhe uma receita
Sem falar, parecendo mudo
O homem leu a receita por momentos!...
-Para que raio queres tu estes medicamentos?
“Perguntou com maus modos ao miúdo.”

A pobre criancinha
Respondeu baixinho e a tremer
-Senhor, são para a minha mãezinha
-Pois sem estes remédios vai morrer
O farmacêutico sem hesitar, -trazes dinheiro para pagar?
Porque se não tens será melhor não tentar
Pois sem dinheiro não tos vou vender

A criança respondeu com humildade
-Senhor, o que tenho está na minha mão
Apelo á sua sensibilidade e generosidade
É o meu único brinquedo, tenha compaixão
Mais nada lhe posso dar para pagar
É a única forma da minha mãe se salvar
Apelo por favor ao seu bom coração

Porém o farmacêutico que era avaro
Olhando para o menino que tremia de medo
Respondeu-lhe – tais medicamentos são caros
E para que raio quero eu o teu brinquedo?
E o seu coração cruel e avarento
Nem sequer se compadeceu no momento
Em que a criancinha ajoelhou unindo mãos e dedos

Respondeu severamente vai-te embora
Francamente, não adianta chorar
Até porque já está na hora
Da farmácia por hoje fechar
Já chega de prantos e sai
Pega no teu brinquedo e vai
Sem dinheiro, não tornes a voltar

A pobre criancinha a chorar
Perante tal atitude vil e fria
Saiu da farmácia a soluçar
Nessa noite de Dezembro, para a rua sombria
Eis que nesse instante algo aconteceu
Surgiu uma luz brilhante no céu
Que iluminou a rua escura como sendo dia…

O menino viu então uma estrela
Parecendo deslizar no céu lentamente
Era linda e era tão bela!
Algo inexplicável simplesmente
Ficou parado a admirar o seu brilho!
Sem saber se haveria de seguir o seu trilho
Mas a luz da estrela era tão envolvente

A criança seguiu a estrela
Que mais parecia um diamante
Ou quiçá uma airosa pérola
Ou ainda uma jóia fascinante
Após minutos a seguir a estrela
Simplesmente de súbito ela
Parou no céu parecendo ainda mais brilhante

Na direcção ao menino a estrela veio
A piscar, pairando com leveza
Do céu assim ela desceu
Vindo pousar perante o olhar de incerteza
Do admirado e fascinado petiz
Que seguia a estrelinha com um ar feliz
Esquecendo por momentos a sua tristeza

Nessa noite de Dezembro muito fria
Sombria e devoluta afinal
A estrelinha que a criancinha seguia
Parou numa gruta, junto a um curral
E a estrela ainda mais brilhou
E uma luz intensa o curral iluminou
A criança encantada, viu algo especial

Um bebé chorava deitado numa manjedoura
Nessa noite gelada sem nada para o tapar
Junto á criança estava uma lindíssima senhora
Ajoelhada tentando o bebé embalar
Junto dela estava um senhor também
E menino percebeu ser o pai da criança a chorar
E a senhora seria certamente a sua mãe

Também estava um burrinho cinzento
No curral iluminado pela estrelinha
Ao lado do fiel jumento
Viu uma vaca a estupefacta criancinha
E nessa noite gelada daquele mês
O menino viu chegarem três Reis
E cada um embrulho nas suas mãos tinha

Dirigiram-se os Reis á estupefacta criancinha
Dizendo assim com voz suave ao petiz:
-Toma, são medicamentos para a tua mãezinha
-O teu desgosto terminou, que sejas feliz
-Vai para tua casa correr
-Descansa que a tua mãe não vai morrer
-Pois Deus assim o quis.

-Mas...-balbuciou o menino entrelaçando os seus dedos
-Senhores, eu não tenho dinheiro para vos pagar
-Queiram aceitar por favor este meu único brinquedo
-É a única coisa que vos poderei dar
-Agradeço-vos de alma coração os medicamentos
-Mas sem querer ofender vossos sentimentos
-Vejam aquele bebé não têm nada para se tapar

-Então já que vós sois Mui generosos e nobres
-Tenho mais um favor a vos pedir
-Eu sou muitíssimo pobre
-Mas peço-vos uma manta para o bebé se cobrir
-Vejam, chora porque têm frio e esta a tremer
-Coitadinho, até corta o coração só de ver
-Dava o meu único brinquedo, só para o ver a sorrir

Então uma voz falou á criancinha baixinho
Sem ele saber donde vinha tal voz afinal
Lhe disse -tu és um bom rapazinho
E a estrela que seguiste nesta noite especial
Sou eu …Um anjo enviado por Deus
Que até ti desceu anunciando que Jesus nasceu
Hoje vinte e quatro de Dezembro, noite de natal.

E nesse instante, algo aconteceu...
O bebé de repente parou de chorar e sorriu
A estrelinha subiu ao céu
A linda senhora acenou e do menino se despediu
Á volta do menino tudo se desvaneceu
Um a um cada rei desapareceu
A criança fechou os olhos, estava na cama quando os abriu

Mas o que acontecera? Teria sonhado afinal?
Então viu a seu lado os medicamentos da sua mãe.
E uma mesa com um jantar muito especial
E ainda roupas novas e brinquedos também
Quanto ao farmacêutico semítico avarento
Que negou á criança o medicamento
Ardeu-lhe a farmácia e ficou sem um vintém.

Alex Sullivan

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Miércoles, Abril 7, 2010 - 16:07

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