Strange X - O robô que existia em ti

 

Abriste esse coração esponjoso e avermelhado.
junto do meu peito selvagem supersónico,
a tua mente artificial que não compreendia os sentimentos
abraçou-me. O vidro embaciado do ovo em que nasceste
estilhaçou-se nas águas do lago vertical,
que caíram do céu como chuva para os teus olhos,
afogando as lágrimas monótonas.
 

O destino escrevia em muralhas, quase ruínas,
os nossos nomes queimados com ferro em brasa
fazendo-me lembrar o leite-creme delicioso
com que nos deliciámos naquela naquela casa junto ao mar;
a casa marcada pelos picapaus deprimidos
ansioso por afastar da sombra das asas
o rasto das térmitas devoradoras das suas almas.
 

Ríamos em gargalhadas acolhedoras e vibrávamos
com o crepitar da lenha com que alimentávamos o corpo.
Já não se via vestígio; a luz dos teus olhos
espandia-se no tecto da sala aveludada;
Quando regressávamos às ruas quase desertas
as bicicletas dos transeuntes ziguezagueavam,
recordando-me as espirais onde um dia adormeceras.
 

Tornámo-nos fugitivos dos loucos cientistas
possuídos pela ignorância de não saberem quem és.
 

Aqui nos encontramos agora neste mundo distante,
Neste paraíso que se tornou mais horrendo,
pelas razões que nos trouxeram aqui.
 

Mas sei que lá longe onde não estou contigo
os ponteiros do relógio continuam a avançar
e a catedral onde te vi pela primeira vez
reza no círculo das tuas mãos delicadas
o perdão àqueles que vivem com a obsessão:

              de destruir o robô que existia em ti,
               e que agora não é detectável
               por seres tão humana quanto eu.

 

rainbowsky

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Sábado, Enero 8, 2011 - 13:20

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